O futuro “feiródromo” de Campanhã vai localizar-se perto da estação de Metro de Nasoni, inserida na linha que liga a Senhora da Hora (Matosinhos) a Fânzeres (Gondomar). O pré-projeto foi revelado durante uma reunião de câmara privada, que decorreu esta segunda-feira (27). Segundo declarações prestadas pelo vereador Ricardo Valente, o espaço, que pretende “albergar a feira da Vandoma”, deve estar pronto em abril de 2024.

Para a elaboração do novo “equipamento municipal”, como refere o vereador, houve um aumento no investimento – inicialmente previsto para cerca de 300 mil euros. Devido à “evolução do conceito” a autarquia vai, agora, destinar 551 mil euros “à grande feira da cidade”.

Trata-se, portanto, de uma estrutura polivalente com capacidade para 152 feirantes. Ricardo Valente adianta que se espera que o “feiródromo” possa ser utlizado pela cidade “todos os dias do ano”, e não apenas aos fins de semana.

No espaço, serão disponibilizados lugares para as vendas com três por dois metros, com coberturas ligeiras. Além disso, está planeada a existência de um café  – que, de acordo com o site municipal, terá cobertura para a chuva e pontos de energia elétrica -, e casas de banho, respondendo a um problema levantado pelos consumidores dos mercados. Está prevista, ainda, a criação de um espaço de “tratamento de resíduos contíguo à feira”, avança o vereador. 

Espera-se que as obras, com duração prevista de 4 meses, arranquem no fim do ano. Sobre a localização, a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, destacou, aos jornalistas, a proximidade do metro, sendo que o equipamento também servirá para ajudar a “revitalizar” a zona. Na mesma linha, Ricardo Valente reitera que a cidade merece “um espaço como este”, em declarações reproduzidas pelo site de noticias da autarquia.

Em conversa com o JPN, Artur Andrade, presidente da Associação de Feirantes do Porto, Douro e Minho, vê esta mudança como benéfica – tanto para os vendedores como para os consumidores. Como consequência da feira ser feita, atualmente, numa rua encerrada (Avenida 25 de Abril), “o espaço não tem as devidas infraestruturas que a atividade merece“.

Aponta, ainda, que a Câmara do Porto tem “um longo trabalho pela frente” em relação à recolha de depoimentos dos feirantes e de entidades representativas do setor. “Penso que é a vontade que o Município deve ter”, opina o dirigente da associação. Sublinha, no entanto, que se trata apenas de um projeto e, até à execução, muito pode mudar.

Uma feira com história

Criada nos anos 1970 por jovens estudantes, que vendiam livros e roupas usadas, a feira de Vandoma costumava acontecer nas Fontainhas. No entanto, no início de 2016, mudou-se para a Avenida 25 de abril. Na altura, os comerciantes opuseram-se à mudança. A autarquia manteve, contudo, a decisão.

Ricardo Valente afirma que, hoje em dia, a Vandoma tem “muito mais gente” e uma “dinâmica enorme”. Mais ainda, graças às alterações, tem menos vertentes negativas – isto é, não incomoda os residentes da zona, que antes sofriam com barulho da montagem desde as quatro da manhã. 

Com mais uma mudança, o objetivo é “qualificar” a feira sem a “desvirtuar”, assegura o representante. O novo espaço pode inclusive vir a ser gerido pela própria Junta de Freguesia

Aos jornalistas, Sérgio Aires, do Bloco de Esquerda, expressa que “a solução encontrada poderá vir a ser positiva”. Contudo, o partido mostra reservas quanto à implementação do regulamento, destacando “o grau de informalidade” que caracteriza a Vandoma.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira