Este domingo (26), um barco de migrantes naufragou na costa da Calábria, no sul de Itália. Perante o acidente, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou à criação de “rotas seguras e legais” para migrantes e refugiados. Através de uma publicação no Twitter, reitera que “todos aqueles que procuram uma vida melhor merecem segurança e dignidade“.
Já foram confirmadas 63 mortes, avança a Reuters. Relatos de equipas de resgate indicam ainda que, entre os corpos, foram encontradas pelo menos 14 crianças. Contudo, divulga o “Observador”, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que cerca de uma centena de pessoas tenham perdido a vida. O porta-voz italiano da organização, Flavio di Giacomo, salienta que é difícil calcular o número exato.
Alguns dos sobreviventes foram hospitalizados – e, segundo os seus depoimentos, cerca de 170 pessoas navegavam em direção à Europa. A Organização das Nações Unidas (ONU) adianta que a embarcação, proveniente da Turquia, transportava refugiados do Paquistão e Afeganistão.
Poucos dias antes do naufrágio, o parlamento italiano aprovou uma lei sobre os resgates, formuladas pelo Governo de Giorgia Meloni. As novas regras ditam a obrigatoriedade de designar um porto de desembarque, depois do primeiro salvamento de um grupo de migrantes, e ir para o local – sem desvios para procurar outras embarcações em perigo.
O decreto inclui sanções para organizações humanitárias que não cumpram os parâmetros estabelecidos, sendo também alvo de críticas por aumentar o risco de morte numa rota historicamente perigosa para a passagem dos migrantes.
Dados partilhados pelo Departamento da Segurança Pública Italiana, revelam que, desde o início do ano, 13067 migrantes chegaram de barco à Itália – contra 5273, no período correspondente de 2022. Na mesma linha, o Projeto de Migrantes Desaparecidos da OIM avança que, só em 2023, já desapareceram 284 pessoas ao longo da Rota do Mediterrâneo Central.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a OIM, citados no “Diário de Notícias”, dizem que os países devem “aumentar os recursos e as capacidades para cumprirem eficazmente as suas responsabilidades”. Chiara Cardoletti, representante na Itália da ACNUR, declara ser necessário fortalecer a capacidade de resgate e o apoio humanitário para fazer face às tragédias.
Rotas migratórias irregulares causam 50 mil mortes em 8 anos
A Organização Internacional para Migrações registou, segundo dados divulgados pela ONU, que, em 8 anos (2014-2022), morreram 50 mil pessoas em viagens migratórias irregulares, por todo o mundo.
Na base do processo de deslocação de civis para outro país estão diversos fatores. De acordo com o site do Parlamento Europeu, os fatores sociopolíticos são uma das razões que levam a população a emigrar – nomeadamente em situações de guerra, como acontece atualmente na Ucrânia. A “perseguição étnica, religiosa, racial, política ou cultural” incita também muitos a abandonar o seu país de origem.
De entre os fatores demográficos ou económicos, os salários mais elevados, as melhores oportunidades de emprego e as oportunidades na área da educação são alguns dos fatores de atração para os migrantes. Mais ainda, fatores de natureza ambiental, causados por desastres naturais, obrigam muitas pessoas a deslocarem-se para outro país.
Nos últimos anos, o fenómeno da Covid-19 impactou a migração e a mobilidade humana. O Portal de Dados de Migração refere que “os países restringiram os movimentos internacionais, transfronteiriços e internos para minimizar a propagação da pandemia”.
Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira