Médicos de todo o país estão em greve nos dias 8 e 9 de março. Ao JPN, a Federação Nacional dos Médicos garante que as negociações não estão "a correr bem". Adesão no Centro Hospitalar São João foi de quase 40%. Utentes não sentiram alterações significativas no atendimento, mas estagiários de medicina foram afetados.

Fachada do Hospital de São João, com entrada e saída de utentes

Paralisação dos médicos atingiu quase 40% no Centro Hospitalar São João Foto: Guilherme Amaral/JPN

Nesta quarta-feira (8), realizou-se o primeiro de dois dias da greve nacional dos médicos. No Centro Hospitalar São João (CHSJ), a adesão atingiu 39,6%, referiu ao JPN fonte da assessoria da instituição.  A paralisação, convocada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), tem como objetivo a reivindicação de aumento salarial e melhores condições de trabalho dos profissionais de saúde

Em declarações ao JPN, a presidente da FNAM diz que as negociações com o Ministério da Saúdenão estão a correr bem”. De acordo com Bordalo e Sá, a progressão nas conversações tem sido “demasiado lenta”. “Entregamos as nossas propostas e não temos nenhum feedback, e por agora, nenhuma está fechada”, conclui. 

A dirigente sindical assegura que o fundamental da greve “não é sobre salários, é sobre respeito“. Trata-se de obter uma “melhoria nas condições e equilíbrio da jornada de trabalho”, afirmou Bordalo e Sá.  A postura do Ministério da Saúde pode levar muitos médicos a deixar o Sistema Nacional de Saúde (SNS): “Estão exaustos, desmotivados e procuram alternativas fora do SNS”, referiu. 

Atendimento no São João continua regular

Com a greve, os atendimentos estão limitados aos serviços mínimos, o que pode gerar demora no tratamento dos pacientes. Apesar destes constrangimentos, os utentes do São João questionados, no local, pelo JPN, não viram diferença no atendimento fornecido habitualmente.

Maria das Neves, professora de 46 anos, disse que não estava a par da greve. Contudo, considera que o seu atendimento ocorreu “dentro da normalidade” apresentada no hospital.  José Silva, reformado de 40 anos, pronunciou-se na mesma linha, e disse que sua irmã estava a ser atendida por um médico e que nenhum tratamento específico lhe foi negado

A líder da FNAM pediu desculpas aos utentes afetados e apelou à sua “compreensão e solidariedade”. Bordalo e Sá acredita que a luta é necessária para que as pessoas “possam ter um Sistema Nacional de Saúde  de qualidade”. São muitas as reclamações de que o SNS não atende com a rapidez requerida e que alguns médicos não têm a melhor abordagem para lidar com pessoas. Joana Bordalo e Sá afirma que essas reclamações são “justificadas”, e espera que com a melhoria nas condições laborais, as queixas possam desvanecer-se.

Alguns estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto começaram hoje (quarta-feira) os estágios no CHSJ e a sua atividade formativa acabou por ser também afetada. Bruno Lobão, de 21 anos, disse que os estagiários não sabiam da paralisação laboral. O estudante garantiu ainda que começar o trabalho com a greve não é um cenário “muito agradável”. “Precisamos de alguém que nos vigie e nos diga o que estamos a fazer bem e mal. Afinal, temos responsabilidades e viemos aprender”, apontou o aluno. 

A greve tem duração de dois dias. Nesta quarta-feira (8) foi organizada uma concentração, em Lisboa, com profissionais de todo o país.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro