FC Porto não foi além de um empate a zeros contra os italianos do Inter de Milão, na 2.ª mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões disputada no Dragão. Portugueses procuravam reverter o resultado negativo obtido em Itália e estiveram próximos de marcar nos instantes finais, mas os ferros da baliza de Onana travaram as aspirações portistas. O Inter avança para os quartos, 12 anos depois da última vez.

equipa do fcporto reúne-se em roda do final do jogo

Os azuis e brancos estiveram perto de marcar, mas não foram além do empate a zeros. Foto: FC Porto/Facebook

Depois da derrota no Giuseppe Meazza por uma bola a zero, o FC Porto procurou, esta terça-feira (14), dar a volta à eliminatória e marcar presença nos quartos de final da Liga Milionária. Mesmo sem Pepe, João Mário e Otávio, Sérgio Conceição e os portistas acreditavam na possibilidade de passar para a próxima fase.

Na antevisão da partida, Simone Inzaghi esperava um “estádio inflamado” e foi mesmo isso que aconteceu. O Estádio do Dragão contou com a presença de mais de 48 mil adeptos, alguns milhares dos quais nerazurri. No entanto, muitos tiffosi ficaram retidos à entrada, o que deverá motivar uma queixa à UEFA por parte dos visitantes.

Com seis alterações no onze portista, desde o último embate diante do Estoril, e com quatro no lado dos milaneses, comparando como onze usado contra o Spezia, na última jornada da Série A, foi o Inter quem levou a melhor e passou para o lote das 8 melhores equipas europeias, algo que já não acontecia desde 2011.

Para além disso, o Inter passou a eliminatória sem sofrer qualquer golo, sendo que tal aconteceu a última vez na época 2009/10, ano em que conquistou a competição, com o técnico português José Mourinho ao leme.

Com esta eliminação, é necessário que o Sporting CP vença o Arsenal no duelo da Liga Europa, para que Portugal não caia para o sétimo lugar do ranking da UEFA e perca uma vaga de acesso à Champions League já na época 2024/25.

Porto por cima em primeiro tempo amorfo

Numa primeira parte não muito emotiva, foram os dragões a entrar com a força máxima. Logo aos dois minutos, Uribe disparou de forma perigosa, mas o remate passou milímetros ao lado depois de um ligeiro desvio.

O Inter ia-se mostrando mais tímido e a equipa do Porto continuou a progredir no terreno. Com mais posse de bola, os azuis e brancos tentavam chamar os defesas milaneses para criar espaço e invadir a área nerazurra.

Contudo, a pressão e as linhas subidas da formação portuguesa permitiram o primeiro susto criado por um contra-ataque rápido do Inter, aos 21 minutos. Edin Dzeko recebeu a bola já dentro da grande área, mas o remate foi travado por Diogo Costa.

Já no decorrer do minuto 30, Galeno tentou sair em contra-ataque, mas foi travado em falta por Darmian que foi advertido com a cartolina amarela.

O jogo continuava com um Porto a tentar ser mais autoritário e com uma defesa a responder bem às pressões (embora poucas) da equipa italiana.

Mas o verdadeiro espetáculo estava nas bancadas, com os adeptos das duas equipas a vibrar efusivamente na procura da vitória. Esse apoio originou o ascendente portista nos minutos finais.

Primeiro, uma jogada coletiva de mestria entre Pepê, Eustáquio e Evanilson. O avançado brasileiro segurou bem o esférico, ficou em boa posição para concretizar, mas viu o seu remate ser desviado.

Já no último minuto do primeiro tempo, foi a vez de Eustáquio gelar o coração nerazurri. O canadiano ficou a centímetros de desviar a bola para dentro da baliza de Onana, depois de um grande cruzamento de Pepê.

Postes tiram sorriso ao Dragão

A segunda parte arrancou à imagem do que aconteceu no primeiro tempo. Um Porto mais ofensivo e um Inter acanhado na defesa. Apesar de apresentarem grandes nomes, os milaneses mostravam dificuldades em progredir no terreno, esbarrando sempre na coesão defensiva dos portistas.

Os italianos só se mostraram mais intensos no decorrer dos minutos 60. Inzaghi ainda lançou Lukaku em detrimento de Dzeko, para dar mais consistência ao ataque. Contudo, a Internazionale chegou com perigo à área portista, apenas uma vez.

Pouco tempo depois de entrar, foi o avançado belga quem conduziu o ataque, tocou para Lautaro Martínez, mas Marcano surgiu em cena e, com um corte in extremis, tirou o pão da boca ao campeão mundial argentino.

Até ao final do encontro, os comandados de Simone Inzaghi retraíram-se no seu 1.º terço e foi o Porto quem protagonizou os lances de maior perigo. Namaso, que havia entrado para o lugar de Uribe e com intenção de aumentar o fluxo ofensivo, trabalhou bem dentro de área, mas acabou por não concluir da melhor forma.

Já em período de compensação, Toni Martinez com um pontapé acrobático esteve próximo de marcar, mas errou o alvo. Mais tarde, aos noventa e cinco minutos de jogo, Marcano surgiu na zona de penalti e rematou para o canto inferior esquerdo. Onana estava já batido, mas foi Dumfries quem cortou mesmo em cima da linha.

Aos 90+6, os ferros foram os maiores inimigos do FC Porto e gelaram toda a esperança que ainda existia. Primeiro foi Taremi a cabecear ao poste e depois Grujic a enviar a bola à barra da baliza de André Onana, para desespero do Dragão.

O nulo manteve-se no placard e o Inter de Milão passou aos quartos de final da Liga dos Campeões, algo que não acontecia desde 2011.

A superioridade nem sempre é a chave para a vitória

No final da partida, Sérgio Conceição afirmou estar “triste e frustrado” por não ter atingido o apuramento para os quartos de final. O técnico portista referiu que a sua equipa foi “superior” à dos italianos, “mas isso não vale de nada porque quem passou foi o Inter”.

Conceição afirmou ainda que existem dois troféus para conquistar, mas não deixou de realçar o trabalho que tem sido desenvolvido pelos dragões e a falta de reconhecimento que têm por parte de quem está de fora: “Tudo aquilo que nós temos feito aqui, com 30% do plantel da equipa B, outros 40% de equipas médias, Paços de Ferreira, Santa Clara, Famalicão, Rio Ave… E depois o mérito é zero. Falam do Otávio, do Taremi que se atira para o chão ou de Sérgio Conceição que é um arruaceiro”, disse.

Simone Inzaghi, treinador dos milaneses, falou das bolas aos postes da baliza de Onana, mas refere que “a sorte conta relativamente”. O treinador italiano parabenizou os seus jogadores e afirma que os nerazurri fizeram um bom jogo e “escreveram a história do Inter”, merecendo estar nos quartos.

Arredados da Liga Milionária, resta aos dragões prepararem a deslocação à Pedreira, no próximo domingo (19) para defrontarem o SC Braga e manterem-se vivos na corrida pela revalidação do título nacional.

Artigo editado Miguel Marques Ribeiro