A nova edição do Portugal Fashion (PF), que apresenta as coleções de Outono-Inverno 2023, no Porto, arrancou ontem (14) e estende-se até 18 de março. Desta vez, o evento deixa a sua icónica casa, na Alfândega do Porto, e explora espaços novos – ainda que haja eventos dispersos um pouco por toda a cidade, a maioria dos desfiles vão acontecer na Rua Latino Coelho

O primeiro dia, o certame não contou, como habitualmente, com a apresentação de desfiles. Em vez disso, o destaque da programação foi a divulgação do novo plano estratégico para os próximos anos da organização. Nas instalações da ANJE, a própria entidade, em parceria com a ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal), a Câmara do Porto, a Universidade Católica e a Deloitte, foram os encarregues de anunciar qual o caminho por onde o Portugal Fashion vai rumar, daqui em diante.

Mais de 25 anos depois da sua primeira edição, a nova estratégia, que vai estar em construção até julho, leva “a repensar o que é hoje o Portugal Fashion”, expressou Alexandre Meireles, presidente da ANJE, projetando para onde ir. Segundo Luís Marques, diretor da Universidade Católica, “sustentabilidade e contribuição foram as palavras de ordem” no seu desenho desta planificação, que abrange uma “dupla transição da sustentabilidade e do digital”. 

No panorama do financiamento, pretende-se transformar o evento para o tornar “menos dependente dos fundos públicos” e para “que apoie mais a indústria têxtil”, afirma o presidente da ANJE. Contudo, em conversa com o JPN, reforça que o certame deve, ainda assim, continuar a ser apoiado pelos fundos comunitários para preservar o auxílio aos jovens designers e “divulgar a marca nacional”.

Nesse sentido, olhando além da semana da moda, também se tenciona que o Portugal Fashion e a ANJE contribuam, de forma contínua, para um fim maior – isto é, o crescimento da própria indústria. A intenção é, assim, haver uma aproximação do “made in Portugal”, de modo a promover o desenvolvimento da região. Jorge Machado, diretor da ATP e parceiro deste projeto, considera que “o desafio é uma oportunidade” para fazer o nome português crescer – dentro e fora do país. Desta forma, dentro do planeamento, haverá discussões para averiguar como conquistar esse objetivo.

No final do cronograma do plano, tendo em conta as forças do setor, serão apresentadas várias opções estratégicas – a ser debatidas, de forma participativa, sendo aplicado o modelo mais ágil.  A apresentação do projeto foi concluída com a assinatura do memorando de entendimento com todos os parceiros.

Uma edição a pensar no futuro – e nos conceitos que acarreta

Nesta edição, a inteligência artificial foi o mote da campanha de comunicação, mas como forma de provocação e reflexão. Mónica Neto, diretora do Portugal Fashion, explica ao JPN que o certame “não se revê na virtualização integral de campanhas de comunicação”. E completa: “Temos muito respeito por tudo o que é o core de uma produção de moda (modelos, fotógrafos, designers) que fazem a diferença na comunicação”. 

“Desejamos muito que o futuro não seja inteligência artificial”, reitera. Completa que um cenário “em que não é preciso haver pessoas para comunicar a moda”, no seu entendimento, “é um “futuro estranho”. No entanto, a diretora não descarta a “corrente” da inteligência artificial neste mundo. 

Já Alexandre Meireles afirma que “a inteligência artificial é um dos temas que veio para ficar e que, de alguma forma, terá o seu papel na moda como terá em todos os setores da sociedade”. A proposta de nova adaptação ao digital no PF é, aliás, um dos pontos em estudo na futura estratégia do evento.

Sobre os eventos desta semana, JPN, Mónica Neto, confirmou que haverá surpresas ao longo dos dias – inclusive na festa de encerramento, cuja data coincide com a atuação de Ana Moura no Porto, quando apresenta o mais recente álbum, “Casa Guilhermina”, ao vivo. “Conseguimos fazer uma sinergia com a Ana Moura e um momento de ligação cultural da moda com uma referência musical”, acrescentou. Dentro das novidades desta edição, estão previstas apresentações em shoppings e live performances, além das habituais exibições dos vários artistas.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira