Após perder quase um quarto do seu valor em bolsa, o Credit Suisse conseguiu recuperar hoje (quinta-feira) parte desse montante. Mercados reagiram positivamente ao empréstimo de 51 mil milhões de euros concedido pelo Banco Nacional Suíço.
Depois da crise financeira de 2008, o Credit Suisse tornou-se, esta quinta-feira (16), o primeiro banco de grande dimensão mundial a receber ajuda pública de emergência. O Banco Nacional Suíço (BNS) vai injetar 51 mil milhões de euros (50,7 mil milhões de francos suíços) para equilibrar a balança financeira da instituição.
Este apoio do BNS surge como forma de apaziguar os mercados financeiros, depois da perda de quase um quarto do valor do Credit Suisse ocorrido esta quarta-feira (15).
A instituição, poderosa no setor bancário suíço e considerada o 2.º maior banco do país, sofreu uma queda abrupta no apoio e confiança dos seus investidores e clientes. Acredita-se que esta possa estar diretamente ligada à exposição que o Credit Suisse tem nos mercados globais, a dificuldades em resistir à atual subida das taxas de juro e ao anúncio recente de falência do Sillicon Valley Bank, dos Estados Unidos.
Um dos principais acionistas (Ammar Al Khudairy, presidente do conselho de administração do Banco Nacional Saudita) anunciou, na quarta-feira (15), a incapacidade de reforçar mais o capital do banco, o que provocou a queda a pique das ações do Credit Suisse. Chegaram a valer abaixo dos 2 francos suiços (2,03 euros), um nível historicamente baixo, o que acabou por abalar negativamente o resto dos títulos da banca europeia, que perdeu 7% do seu valor.
Em comunicado oficial, o BNS e a Autoridade Federal de Vigilância do Mercado Financeiro (FINMA), referem que a atual instabilidade no mercado bancário norte americano “não sugere que haja risco de contágio direto para os estabelecimentos suíços“.
Contudo, um conjunto de medidas já foram pensadas para apoiar o banco helvético. A primeira consiste no empréstimo do BNS de 50 mil milhões de francos suíços. Para além deste valor, o Credit Suisse anunciou uma série de operações de recompra de dívida que rondam os 3 mil milhões de francos. O Banco Nacional Saudita também já decidiu investir 1,5 mil milhões de francos suíços, correspondentes a 9,9% do banco suíço.
Através de comunicado, Ulrich Koerner, presidente executivo do banco helvético, afirma que “estas medidas são um movimento decisivo para fortalecer o Credit Suisse”, que aposta agora na transformação estratégica para “criar valor para os nossos clientes e outras partes interessadas”. O banco tem ainda previsto um plano de reestruturação, lançado em outubro, que visa o aumento de capital de quatro mil milhões de francos (4,09 mil milhões de euros).
Contudo, a situação continua instável e os próximos dias serão decisivos para avaliar os verdadeiros impactos destes eventos. O Banco Central Europeu decidiu subir esta quinta-feira (16) as taxas de juro na zona euro em mais 0.5 pontos percentuais, resolução que pode afetar ainda mais a situação atual da banca europeia e aumentar os riscos de novos episódios de crise.
Sejam quais forem os desenvolvimentos, este é já o pior momento vivido em 167 anos pela instituição bancária helvética.
Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro