BCE reuniu esta quinta-feira (16) e definiu o aumento das taxas de juro em 0.5 pontos percentuais. Uma medida justificada como essencial no "combate à inflação", diz Christine Lagarde. Presidente do BCE garante que o setor bancário europeu está mais reforçado e resiliente do que em 2008.

Subida dos juros não foi unânime entre dirigentes do BCE. Lagarde diz terem sido “3 ou 4” os elementos que contrariaram a decisão. Foto: Bernat/ Flickr

O Banco Central Europeu (BCE) reuniu hoje, em Bruxelas, para finalizar a decisão de aumentar as taxas de juro em 0,5 pontos percentuais. A medida vai ter impacto imediato no valor dos créditos pagos pelas famílias.

Assim, a partir do dia 22 de março, as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez vão subir para 3,75%. Já as taxas de juro aplicáveis às operações principais de refinanciamento passam para 3,5% e a taxa aplicável à facilidade permanente de depósito sobe para os 3%.

A decisão da equipa liderada por Christine Lagarde surge no contexto de turbulência vivido nos últimos dias pelos mercados. A falência do Silicon Valley Bank (SVB), nos Estados Unidos e, mais recentemente, a crise do Credit Suisse, na Europa, puseram em evidência a instabilidade do sistema financeiro a nível global.

Contudo, Lagarde acredita que a medida permitirá combater eficazmente a inflação. A presidente do BCE acredita que “a escalada de preços irá manter-se elevada por um longo período” e que esta é a única forma de “assegurar um retorno atempado da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo”.

O BCE afirma ainda que “está a acompanhar de perto as tensões no mercado” e que está preparado para “responder conforme necessário” para garantir a “estabilidade de preços e a estabilidade financeira na zona do euro”.

Christine Lagarde reforçou a ideia de que considera o sistema financeiro europeu “mais forte e resiliente do que na última crise de crédito de 2008”, apesar de afirmar que há um “potencial risco de liquidez pela frente”.

Ainda durante a conferência de imprensa, a presidente do Banco Central Europeu referiu que é “importante começar a reduzir rapidamente” medidas de apoio orçamental a famílias e empresas, de modo a “conter as pressões inflacionistas a médio prazo”. No entanto, Lagarde referiu que estas reduções devem ser feitas de “forma concertada”.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro