Grupo "Os Mesmos de Sempre a Pagar" entregaram carta aberta na sede da empresa, em Matosinhos. No documento, acusam a rede de hipermercados Continente de aproveitar a subida da inflação para obter lucros excessivos. Dias antes, CEO da Sonae tinha enviado carta aos trabalhadores do Continente em que denuncia "campanha de desinformação".

Alexandra Paz, membro do Movimento “Os Mesmos de Sempre a Pagar” com a carta entregue na sede da Sonae. Foto: Rita Ormonde

O movimento “Os Mesmos de Sempre a Pagar” (OMSP) entregou uma carta aberta à direção da Sonae nesta quarta-feira (15), em que acusa a empresa de obter lucros “escandalosos”.

A missiva responde a um comunicado que Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, enviou dias antes aos trabalhadores do Continente, marca de hipermercados da empresa, onde se queixa de uma campanha de desinformação sobre as causas da inflação alimentar” verificada no país.

O movimento OSMP, no entanto, contraria esta versão. Em declarações ao JPN, Alexandra Paz assegura que o que está a acontecer não são “campanhas de desinformação”, mas, sim, sinais de uma “necessidade de [maior] informação” da população sobre o tema.

A Sonae queixa-se que a inflação dos preços é um “fenómeno global com causas identificadas” e que estão em causa danos gravosos para a reputação do setor da distribuição alimentar. 

A carta aberta refuta, no entanto, estes argumentos, dizendo que é “não é verdade” que a culpa do aumento dos custos dos produtos alimentares não tenha relação com a distribuição. O movimento de cidadãos sublinha que, em 2022, a Sonaecom apresentou um “lucro consolidado de 143 milhões de euros, mais 19% do que em 2021”.

Contudo, hoje mesmo (quinta-feira) a Sonae comunicou os resultados relativos a 2022, em que refere que o “resultado líquido recorrente do Grupo recuou 17%”.

Apesar da intenção ter sido entregar o documento à CEO da empresa, Cláudia Azevedo, o JPN apurou que esta foi dada à representante dos recursos humanos da Sonae, Ana Cristina Fonseca, visto a chefe máxima da instituição estar ausente. 

O OMSP define-se como um “grupo de cidadãos preocupados com o agravamento desregulado dos preços”, que exige soluções para o aumento do custo de vida.

Alexandra Paz, dirigente do movimento, explica que o principal objetivo do grupo é a sensibilização para o “controle dos preços nos bens de primeira necessidade”.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro