João Paulo Correia esteve no parlamento e não poupou nas críticas à atual situação da modalidade. O secretário de Estado do Desporto e da Juventude apela à eleição de um novo presidente para a federação, enquanto garante o pagamento de verbas para os atletas do projeto olímpico.

Portugal arrecadou, até à data, três medalhas olímpicos no judo. Foto: Wikimedia Commons

O secretário de Estado do Desporto e da Juventude, João Paulo Correia, afirmou esta quarta-feira (15), numa audiência realizada no Parlamento, que existem evidências de uma possível “usurpação de poderes e abuso de confiança” do atual ex-presidente da Federação Portuguesa de Judo (FPJ) , Jorge Fernandes, com “conivência da atual direção”. 

O secretário de Estado do Desporto atribuiu ainda responsabilidades à FPJ pelo facto da auditoria que o Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) está a conduzir à federação continuar por concluir. A FPJ recusou-se a disponibilizar a documentação contabilística de 2022”, esclarece o governante.

Além da “quebra na idoneidade” do ex-presidente da federação, há falta de “bom senso”, aponta o membro do executivo, para quem a “crise” pela qual o judo está a passar “desprestigia a modalidade”.

As críticas de João Paulo Correia à Federação Portuguesa de Judo não ficam por aqui. O membro do governo apela ao bom senso do organismo e à eleição de um novo presidente, que possa retirar a pressão exercida nos atletas. 

Verbas de apoio aos atletas do projeto olímpico estão asseguradas

Em 2022, o financiamento para a FPJ, assegurado pelo IPDJ e pelo Comité Olímpico, foi, aproximadamente, de 2 milhões e 100 mil euros, com um aumento da bolsa destinada a cada atleta, em média, de 20%. Nas palavras de João Paulo Correia, “os montantes da preparação olímpica e paraolímpica são suficientes” para responder às necessidades dos atletas, treinadores e federações.

A judoca Telma Monteiro, ouvida em audiência esta terça-feira (14), reconheceu que o problema não constava no montante atribuído ao Judo e à preparação para os Jogos Olímpicos de Paris 2024, mas sim na gestão que a federação faz desse montante

As declarações da atleta ganham mais força tendo em conta que a verba atribuída pelo governo às competições olímpicas do próximo ano assinalou um “aumento histórico” para 31, 2 milhões de euros. Em comparação com o ciclo de Tóquio 2020, o montante cresceu 18,4%, para o torneio olímpico, e 32,9%, para o paralímpico. 

Eleições para a presidência estão marcadas para dia 29 de abril

Em 17 de outubro do ano passado, Telma Monteiro divulgou, nas redes sociais, ter sido informada do despedimento da treinadora Ana Hormigo um dia antes de viajar para a primeira competição, após ter recuperado de uma lesão no joelho. A atleta, que foi medalha de bronze nas olimpíadas disputadas no Rio de Janeiro, em 2016, acusou ainda a FPJ de ter retirado a verba do Projeto Olímpico aos atletas da modalidade. 

Cerca de dois meses depois, seis judocas disseram estar “exaustos mentalmente” numa carta aberta enviada ao governo, à qual o Público teve acesso. Em causa estava a “chantagem e ameaça inaceitável”, que o antigo presidente da federação praticava. 

O IPDJ abriu na altura um inquérito de que resultou a destituição de Jorge Fernandes da presidência, a 18 de dezembro. Desde então, a modalidade procura por estabilidade. As eleições para a presidência do órgão federativo de judo, agendadas para dia 19 de fevereiro, foram desconvocadas pelo Tribunal de Comarca de Coimbra e remarcadas para dia 29 de abril. A informação foi divulgada, em comunicado, pela lista liderada por José Mário Cachada, refere o site desportivo Tribuna Expresso.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro