Esta terça-feira (21), foi apresentada a programação para 2023 da Galeria Municipal do Porto, localizada junto à Biblioteca Municipal Almeida Garrett. Entre as principais novidades do espaço consta a abertura da sua extensão provisória no Matadouro, em Campanhã – prevista para o final de 2024 -, que visa acolher as exposições enquanto o edifício no Palácio de Cristal estiver a ser renovado.

O anúncio foi feito por Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto, em conferência de imprensa, num momento que contou também com a presença de Filipa Ramos, atual diretora artística da Galeria Municipal do Porto e do Departamento de Arte Contemporânea da Ágora – Cultura e Desporto do Porto. Mais ainda, o autarca acrescenta que, apesar do edifício da Galeria Municipal no Palácio de Cristal estar “com algumas patologias, é necessário esperar pela abertura da sua extensão”, e só então é que as instalações atuais vão encerrar para obras de restauro. Atualmente, também o próprio Matadouro está a ser renovado e preparado para receber projetos artísticos e de coesão social.

Para Rui Moreira, também responsável pelo Pelouro da Cultura no município, “seria impensável interromper este projeto”, que descreve como “muito desafiante”.

Sobre a programação, Filipa Ramos afirma que “é constituída por um conjunto de projetos expositivos e curatoriais, a serem desenvolvidos ao longo do ano, assentes em dois eixos centrais”.

O primeiro tem como objetivo, avança a representante da Ágora, “investigar, articular e expor, através da arte contemporânea, a profunda relação que existe no Porto entre a cidade e ambiente natural, contexto urbano e rural, ecologia e criatividade”. Será concretizado através de duas exposições: a primeira, Desejos Compulsivos, a inaugurar este sábado (25), pondera as “questões da extração do lítio entre a economia e a natureza no território do Norte da Península Ibérica”; soma-se a exposição “Norte Silvestre e Agreste”, que quer fazer uma análise dos imaginários rurais e mitológicos criados por jovens artistas entre o Norte de Portugal e a Galiza.

Já o segundo eixo expõe a “forma como a vida artística do Porto existe em diálogo e permuta com um contexto internacional vibrante e atualizado, concretizando a sua vocação e aspiração cosmopolita”, continua a diretora artística.

Assim, esta vertente contará com a exposição “Dueto” (de 16 de setembro a 19 de novembro), que consiste numa parceria de uma jovem artista portuense, Maria Paz, e “uma grande veterana da arte norte-americana”, Joan Jones.

Além disso, será também trazida a exposição do Prémio Paulo Cunha e Silva (17 de junho), que dará oportunidade a três jovens artistas de estar numa das residências parceiras, na Escócia, nos Açores e em São Paulo. O grande objetivo da iniciativa é levar a “reputação do prémio e do apoio da cidade às artes para fora das portas”, acrescenta Filipa Ramos.

Entre maio e novembro de 2023, o espaço abraça ainda a iniciativa “Música entre Espécies e Companheiros” – uma “série de concertos concebidos e realizados para, e com, cães, os seus companheiros humanos e outras presenças mais-do-que-humanas que se queiram juntar a estas sessões”. A diretora artística revela que os concertos são “inspirados no Manifesto das espécies companheiras de Donna J. Haraway e em estudos científicos sobre a inclinação dos cães para o som e a música”. Desta forma, irão ter em conta as sensibilidades e capacidades auditivas únicas destes animais, completa.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira