A artista foi a grande vencedora da mais recente edição do Festival da Canção. Contudo, a sua carreira já começou há vários anos e nem tudo no o seu percurso foi um mar de rosas. Entre o desgaste mental e a falta de investimento, a cantora, de 38 anos, revelou ao JPN que esteve a um passo de desistir da carreira musical.

Marisa Mena, mais comummente conhecida como Mimicat, é a autora do tema Ai Coração, o escolhido para representar Portugal na Eurovisão, este ano. Vencedora da 57.ª edição do Festival da Canção, era uma das intérpretes “desconhecidas” no seio da competição. Contudo, a sua música acabou por conquistar o público e o próprio júri, assumindo a liderança nas duas votações.

Foto: Bartrender

A cantora e compositora, natural de Coimbra, ingressou no mundo da música ainda muito jovem. Apesar de, até recentemente, ter passado por baixo do radar de muitos, lançou o seu primeiro disco, de músicas infantis, com 9 anos de idade. O CD, editado pela Sony BMG, foi a ignição para todo o seu percurso, mas acabou por não ser um dos pontos-chave. Sobre a carreira musical, Mimicat garante que o apoio dos pais foi preponderante nos primeiros passos atrás da sua vocação. “Eles fizeram tudo aquilo que podiam para me ajudar”, revela a compositora, em conversa com o JPN.

No entanto, a sua estreia oficial enquanto intérprete só aconteceu anos mais tarde. Entre estúdios de gravação, a adolescência de Marisa Mena ficou marcada pela primeira participação nos palcos do Festival da Canção, em 2001. Foi com o nome de “Izamena”, que, aos 15 anos de idade, decidiu participar pela primeira vez na maior prova de temas originais do país. Porém, o seu “Mundo Colorido” acabou por ser eliminado nas semifinais.

Atualmente, a artista de 38 anos desvaloriza essa situação, admitindo que “não foi algo muito importante” na sua vida. Entre risos, Mimicat confessa que muitas vezes acaba mesmo por se esquecer dessa prestação, dado que não se “identifica” com o que fez na altura.

Foi ainda compositora e vocalista dos “The Casino Royal”, projeto da autoria de Pedro Janela. Acabou por abandonar a banda e ingressar num percurso a solo, lançando o disco “For You”, em 2014. O álbum, que conta com a participação de Tatanka, apresenta temas como “Somebody Else” e “Tell Me Why”, e valeu à artista uma digressão que passou pelo Brasil.

Já em 2016, a cantora, que admite ter fortes influências de Ella Fitzgerald e Ray Charles no seu trabalho, começa a trabalhar nos singles “Stay Strong” e “Gave Me Love”. Estas duas composições vieram a integrar o seu segundo álbum, “Back in Town”, em 2017, marcado novamente por raízes da soul-pop anglo-saxónica – que tanto a caracteriza.

Em 2019, estreia-se a cantar na língua materna, com o tema “Até ao Fim”. A intérprete conimbricense confessa que já no início do seu percurso “tinha vontade” de escrever em português – porém, “não tinha jeitinho nenhum”. 

Acabou por dar uma segunda oportunidade à língua portuguesa quando engravidou. Segundo a artista, a principal razão para esta mudança partiu de barreiras comunicativas. “Os meus pais e muitos amigos meus não falam inglês. Senti que não estava a conseguir passar a minha mensagem às pessoas mais próximas”, explica.

Apesar de agora estar “bastante familiarizada” com esta nova fase, Mimicat partilha que sempre foi “mais fácil” para si compor em inglês. “Estou mais habituada nesse registo. As palavras fluem mais depressa”, adianta. Mais que isso, para a cantora, no nosso idioma há uma linha muito ténue entre uma música bem conseguida e o “piroso”, o que torna a escrita num “desafio”.

Ainda assim, o single “Tudo ao Ar”, lançado em 2021, é um dos principais êxitos da sua carreira até ao momento.

Anteriormente a esta nova fase de mediatismo e valorização do seu trabalho, a vencedora do Festival da Canção passou por um período bastante conturbado e recheado de incertezas. Mimicat chegou mesmo a fazer uma pausa na música e ponderou terminar a carreira de forma precoce. “As pessoas às vezes não têm noção disto mas a música implica um grande investimento. Não só em termos monetários, como em termos de tempo e esforço”, afirma. Soma-se ainda o fator de não conseguir os resultados que se pretendem alcançar, que a cantora descreve como “saturante” .

Apesar desta ideia patente de terminar o seu trajeto musical mais cedo, a artista revelou que sentia “um vazio” quando colocava a sua paixão em stand-by. “Acho que a primeira opção é desistir, porque é mais fácil mandar a toalha ao chão. Por outro lado é super complicado. Eu bem tentei, mas cada vez que eu estava parada sentia-me incompleta”, confessa ao JPN

Sobre a cobertura mediática relacionada com a sua mais recente conquista, a artista assegurou que a vitória no Festival foi catalisadora. “Já estava a despertar interesse antes da final, mas agora depois de ganhar a coisa disparou”, completa.

Depois da vitória no panorama nacional, Mimicat é a grande esperança dos portugueses para uma nova conquista da Eurovisão, cuja primeira semifinal está agendada para 9 de maio, em Liverpool. Eurovisão. A autora de “Ai Coração” salienta que “vai dar o melhor” de si na competição internacional, aproveitando ao máximo “a experiência” e “a exposição” que o concurso oferece

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira