Em concerto no Porto, Agnes Nunes exibiu a variedade da música brasileira na sua maior expressividade. A primeira parte do espetáculo contou com Mariana Froes, que conversou com o JPN. As duas artistas juntaram-se no palco para cantar "Sala de Estar", música que em breve lançarão em conjunto.
AGNES subiu ao palco da Casa da Música, na sexta-feira (24) com muita animação. Um pouco à imagem do aparecimento meteórico que teve na cena musical brasileira. A baiana começou a ganhar projeção ao publicar covers no YouTube, depois teve participação em músicas de rap e hip-hop, até que finalmente começou a lançar os seus primeiros singles.
Desde então, já cantou com figuras lendárias da música brasileira como Elza Soares, Seu Jorge e Caetano Veloso, e foi a apresentadora do programa “Abre Alas”, no qual entrevista e canta com mulheres icônicas da música brasileira.
O concerto, que teve início após parte introdutória de Mari Froes, começou com “Cabelo Bagunçado”, canção interpretada com muito carisma. Seguiram-se “Mais Sincero”, “Vish” e “Amanhecer”, que também fazem parte do seu primeiro álbum, “Menina Mulher”. O tema do LP, que o público do Porto já conhecia, da turnê que passou pelo Hard-Club, em 2021, é o amadurecimento de AGNES como mulher.
AGNES terminava sempre as canções a rir-se, visivelmente satisfeita com a participação da plateia. Após a primeira canção, agradeceu a presença do público e disse que estava muito feliz porque todos os bilhetes para o concerto tinham sido vendidos.
Contudo, o concerto de AGNES foi a outro nível a partir de sua interpretação de “Velha Infância”. A cantora disse que cantar essa música a fazia flutuar, mas esqueceu-se de voltar a descer. Sua performance de “Oração” também não deixou absolutamente nada a desejar.
Em seguida, a artista agradeceu ao público nordestino, ressaltando a importância da cultura do Nordeste para a música e para o povo brasileiro. Aliás, AGNES é conhecida pelo charme de manter seu sotaque nordestino ao cantar. Assim, tocou “Última Dança”, um forró, e que dançou com uma fã que subiu ao palco.
O alinhamento continuou com os únicos dois singles que tocou e que não fazem parte de “Menina Mulher”. A primeira interpretação foi “Lisboa”, cujo nome foi recebido ironicamente pela audiência portuense, e a segunda “Terezinha”, música mais recente da cantora e que foi feita em homenagem à avó.
Depois, o público pôde disfrutar de três covers: uma interpretação fantástica de “Deusa do Amor”, uma homenagem a Dorival Caymmi e ao povo baiano com “Você Já Foi à Bahia?” e, por fim, uma versão de “Ain’t no Sunshine” que deixou todos na plateia boquiabertos.
Para terminar o concerto, AGNES cantou a música homónima de “Menina Mulher”. Momento antes, tinha chamado Mari Froes ao palco, cantora que assegurou a primeira parte do espetáculo. As duas cantaram com carisma “Sala de Estar”, uma música que em breve será lançada em conjunto.
Primeira parte foi de Mari Froes
A primeira parte do concerto contou com a voz de Mariana Froes. A goiana fez sucesso ainda muito jovem quando publicou seu cover de “Girassóis de Van Gogh”, de Baco Exu do Blues, no YouTube. O vídeo hoje conta com mais de 50 milhões de visualizações na plataforma. Desde então, tem buscado consolidar sua carreira com o lançamento de uma série de singles, os EPs “Nebulosa” e “Taquetá Vol. 1”, sendo esse lançado em parceria com Rodrigo Alarcon e Ana Muller, e até mesmo um cover de “Sangue Latino” para a série brasileira “Cidade Invisível”, da Netflix. Sua voz é muito potente, especialmente para sua idade, e suas composições apresentam grande sensibilidade.
A cantora disse, em conversa com JPN, que o facto de estar a realizar a primeira tournée da carreira lhe permitiu perceber “que quando se é artista, sua música não é mais só sua, ela é do mundo, e isso é sensacional.”
E foi precisamente com música do mundo que Mari Froes começou o concerto. Começou o concerto ao se impor no palco com intepretação intensa de “Moça”, single de maior sucesso da cantora, seguido por “Rosa e Laranja”. A goiana então tocou com uma versão tocante de “Onde Anda Você”, que contou com o coro da plateia.
Embora Mariana seja rotulada como cantora de MBP, ela apresenta um repertório musical muito mais vasto. Em sua conta no Instagram, tem publicado uma série de covers que abrangem uma variedade de géneros da música brasileira e internacional. A artista diz ter recebido uma “mistura de influências” a partir do qual tentou criar o seu “próprio estilo”. “Não me limito, canto o que o coração quiser cantar”, acrescenta.
O alinhamento do concerto que apresentou na Casa da Música contou com essa variedade com que Mariana se sente confortável. A quarta música tocada foi “A Porta”. Em seguida, tocou uma música em inglês que ainda está para ser lançada, “Darling”, cuja composição de alta qualidade mostra que a língua mais fluente de Mariana é a música.
Contudo, o destaque da primeira parte do concerto foi a performance de “Olhos Verdes”, canção que será lançada neste abril. Diferente de suas outras canções por ser mais acelerada, aproxima-se muito mais do pop. E foi com outra música Mariana terminou a primeira parte do concerto com sua versão icônica de “Girassóis de Van Gogh”, imediatamente reconhecida pela plateia, e o single de sucesso “Eu”.
Com duas músicas novas reveladas, Mariana disse ao JPN que existem planos para um novo álbum, garantindo que há “muita coisa bonita” ainda por vir.
Embora venham de estados diferentes e tenham inspirações, produções e personalidades distintas, compartilham a mesma brasilidade, um mesmo jeito brasileiro de ser, manifestado em seu vasto ecleticismo musical e seu carisma com o público.
Assim, o concerto foi uma perfeita representação da variedade da música brasileira. Trouxe o samba, o forró, o MBP, a Bossa Nova, o Hip-Hop e, é claro, o sincretismo musical indescritível que as duas intérpretes jovens trazem em suas músicas. Hoje pode-se dizer que elas são o presente e o futuro da música brasileira.
Em Portugal, AGNES ainda passará por Braga no dia primeiro de abril. Mariana Froes ainda tocará sozinha em Omar no dia 31 de março.
Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro