São oito as obras de Álvaro Siza Vieira localizadas em Portugal, que integram a candidatura a Património Mundial da UNESCO. A participação foi submetida, na passada quinta-feira (6), pelo diretor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP), João Pedro Xavier, em representação de um consórcio que reúne diversas autarquias, universidades e a Fundação de Serralves.
Os projetos abrangidos são a Piscina das Marés, o Museu de Serralves, o edifício da FAUP, a Casa de Chá da Boa Nova, o Pavilhão de Portugal, a Igreja do Marco de Canavezes, o Bairro da Bouça e a Casa Alves Costa, em Caminha.
Desde 2016, que a candidatura, intitulada “Obras de Arquitetura de Álvaro Siza em Portugal”, pertence à lista indicativa do Património Mundial de Portugal. Inicialmente, incluía dezoito empreendimentos – que foram, agora, reduzidos para oito.
Álvaro Siza Vieira nasceu em 1933 e tem, atualmente, 89 anos. Considerado “o arquiteto português com mais visibilidade e prestígio internacional”, é também o mais galardoado de sempre. Na sua carreira, destacam-se os prémios como Mies Van der Rohe (1988) e Pritzker (1992).
Pavilhão de Portugal, Piscina das Marés e Bairro da Bouça são algumas das obras candidatas
Em Lisboa, consta um dos projetos incluídos na candidatura – o Pavilhão de Portugal – que foi construído no âmbito da Expo 98. A fim de beneficiar da vista privilegiada para o Rio Tejo, Siza Vieira recorreu à ausência de pilares por baixo do painel central para levar a cabo “uma das obras mais emblemáticas da arquitetura portuguesa”. A fina estrutura de betão surge, então, equilibrada somente por dois blocos.
No litoral de Matosinhos, na praia de Leça da Palmeira, há uma piscina que “parece estar dentro do mar”. A obra, da autoria de Álvaro Siza, foi finalizada em 1966 e trata-se de um espaço de indefinição intencional, que conecta o meio natural com a ação humana. A Piscina das Marés, também candidata a Património Mundial, permite manter a perceção de que o nível da água (salgada) é semelhante ao do mar, encontrando-se rodeada por formações rochosas.
O Bairro da Bouça está localizado no centro do Porto, junto à Rua da Boavista, e constitui mais um dos oito empreendimentos. Fica de costas voltadas para um aterro ferroviário, o que motivou Siza Vieira a desenvolver uma “parede dupla ao longo das trilhas na borda norte”, para conter os ruídos produzidos pelos comboios. A arquitetura assenta em paredes de gesso, uma geometria elementar e pouca decoração, mas o arquiteto não deixa de trazer “referências às tradições de construção local”.
Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro