Depois de quatro anos parcialmente encerrado, o Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR) reabriu esta quinta-feira (13). De atitude “totalmente renovada”, traz uma nova “exposição de longa duração” – pondo de lado o conceito de permanente -, que se prolonga por uma extensão de 27 salas. A partir de agora, as 1133 peças (algumas novas, outras recuperadas) no alargado circuito expositivo estão disponíveis para visitas do público.

Durante o discurso de inauguração, António Ponte, diretor do museu, apontou que a abertura total das portas ao público foi “o projeto prioritário”. A exposição permanente tinha sido encerrada em 2019, para obras de requalificação – que inicialmente tinham uma duração prevista de seis meses, mas que acabaram por se prolongar durante três anos.

Com as mudanças, notam-se duas narrativas paralelas. A primeira tem enfoque nos movimentos, artistas e obras em si, enquanto a segunda conta a própria história da instituição portuense – fundada há 190 anos pela mão de D. Pedro IV e o primeiro museu público de arte no país.

Foto: Guilherme Costa Oliveira/CM Porto

Através do espólio apresentado, conta-se o percurso de Portugal nas artes, seja na forma de pintura ou escultura. Algumas peças, inclusive, nunca tinham sido mostradas ao público, tendo sido restauradas ou resgatadas dos arquivos do museu. É nesta promessa de fundir as diversas correntes artísticas representadas com os marcos e momentos de viragem do espaço que se traduz o que pode ser, nas palavras do dirigente, “provavelmente a coleção mais importante de arte portuguesa do século XIX”.

Sobre a “exposição de longa duração”, o responsável refere que o termo preferido surge da vontade de preservar a chance de eventuais trocas de peças. Conceito que, aliás, traduz o espírito da casa. “Concebemos esta exposição para levar o museu até os seus 200 anos”, que serão comemorados em 2033, declara.

“Era necessário encontrar a narrativa para esta nova exposição, sem perder a perspetiva de que somos um museu de arte”, afirma o diretor do MNSR. Sobre o que a instituição almeja para o futuro, espera-se que o projeto venha a transformá-la num “espaço de discussão e património cultural”.

Sem muita tecnologia, por enquanto, para uma conexão maior com a arte

Dentre as novidades, a inovação digital não se mostrou prioritária e, por enquanto, não haverá tecnologia de suporte – como audioguias, por exemplo. Apesar disso, António Ponte avalia a possibilidade de reconsiderar a ideia no futuro e explica que a medida tem como objetivo “gerar uma experiência de contacto direto com a obra de arte” para os visitantes. Porém, assinala-se, no âmbito desta reabertura, o site do MNSR.

Na inauguração, marcaram também presença o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira. Nas palavras do ministro, todo o investimento feito pode ser traduzido no “papel fundamental [dos museus] com várias dimensões”, apontando que estes “precisam de agilidade na gestão, de autonomia”. 

Sobre a função da instituição, António Ponte sublinha igualmente a importância da construção de uma comunidade em nome da arte e da ciência. Assim, reitera que, como “um museu de pessoas, por pessoas, para pessoas”. tem o papel de, além de dar a conhecer a arte à sociedade, a resguardar. Nesse sentido, os presentes foram “desafiados” prestar apoio de forma “altruísta e voluntária” através da associação Amigos do MNSR.

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira