As reportagens realizadas por Cândida Pinto e David Araújo na guerra da Ucrânia são o ponto de partida de “Ucrânia insubmissa". O lançamento do livro, no Porto, decorreu na estação de metro de São Bento, com a presença dos dois jornalistas da RTP. Paralelamente, foi inaugurada a exposição fotográfica "O dia mais longo que nunca mais acabou".

Cândida Pinto (ao centro) e David Araújo (à esquerda), entre outros palestrantes, durante a apresentação do livro “Ucrânia Insubmissa”. Foto: Telma Pereira/ Maria Miguel Marques

Desde que começou a invasão da Federação Russa, em fevereiro de 2022, Cândida Pinto e David Araújo deslocaram-se duas vezes à Ucrânia, ao serviço da RTP. Das diversas reportagens que realizaram resultou a produção de “Ucrânia insubmissa”.

O livro foi apresentado no dia 20 de março, no Porto, na estação de metro de São Bento, ao mesmo tempo que decorria a inauguração da exposição “O dia mais longo que nunca mais acabou”, com fotografias de David Araújo.

A escolha do local para acolher a mostra e o evento não foi feita por acaso. Das viagens que realizaram, uma das imagens mais marcantes que guardam na memória é precisamente a correria dos ucranianos para as profundezas do metropolitano, para se protegerem dos ataques aéreos, sobretudo na capital Kiev. Os jornalistas decidiram assim recordar simbolicamente as experiências vividas pelo povo ucraniano no seu vai e vem semanal em contexto de conflito.

“Não há nada que substitua o estar no sítio dentro do jornalismo”

O livro foi publicado em fevereiro, com a chancela da Dom Quixote, e a receção, garante Cândida Pinto, está a ser tremenda. “Tem sido muito interessante as pessoas falarem-nos das histórias que lhes tocam mais, das histórias que recordam, das histórias de que não se tinham apercebido, portanto dá uma dimensão diferente ao nosso trabalho”, afirma a jornalista, em declarações ao JPN.

A grande repórter, que já passou também pela SIC e TSF, aconselha que o livro seja lido calmamente pois contém histórias fortes, que se afastam daquilo que é a nossa realidade. A relevância das fotografias e de um livro com apontamentos escritos é que estes acabam por permanecer, ao contrário da televisão, que é efémera, acrescenta.

O título “Ucrânia insubmissa” é o reflexo da capacidade ucraniana para contrariar o invasor. “Teoricamente, a Federação Russa teria capacidade para esmagar a Ucrânia rapidamente e, claramente, se não houvesse o apoio da NATO dificilmente a Ucrânia conseguiria resistir”, declara Cândida Pinto. Ao contrário do esperado, no entanto, “os ucranianos mostraram-se sempre resilientes e fortes perante uma invasão de um país muito mais forte”.

A exposição “O dia mais longo que nunca mais acabou”, de David Araújo, está patente até dia 12 de maio. Foto: Telma Pereira/ Maria Miguel Marques

Sobre a prática jornalística, Cândida Pinto não estabelece diferença com o que já tinha experimentado noutros locais (a jornalista fez reportagem de guerra em locais tão distintos como o Kosovo, Afeganistão ou Líbia). Para se produzir bom jornalismo a dúvida tem que estar sempre presente, refere.

A autora reconhece ter tido muitas reticências sobre as atrocidades em Butcha e, por isso, foi ver com os seus próprios olhos e reportou. “Não há nada que substitua o estar no sítio dentro do jornalismo e a Ucrânia é mais uma prova disso mesmo”, conclui. Quanto a um possível regresso, ele é possível, mas dependedo evoluir da situação militar.

O evento foi organizado em parceria com o Metro do Porto, pelas editoras LeYa e Dom Quixote e pela Colorfoto. A exposição “O dia mais longo que nunca mais acabou” está patente na estação de metro de São Bento até ao dia 12 de Maio.

Esta reportagem foi realizada no âmbito da disciplina de TEJ Imprensa – 1.º ano

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro