A partir desta quarta-feira, (17), as intervenções ortopédicas – nomeadamente a próteses no joelho -, no Centro Hospitalar Universitário de Santo António (CHUSA), no Porto, contam com a ajuda de uma mão robótica.
Com este, há dois robôs a operar na instituição – que é um dos principais centros no país a tratar patologias no joelho e a aplicar próteses, com mais de 500 cirurgias anuais. No entanto, a tecnologia não atua sozinha. O diretor-geral da ortopedia do CHUSA, António Oliveira, explica ao JPN que não se descarta a participação da equipa médica, já que “o robô entra em partes neste processo” (prepara a estrutura óssea para receber a implantação) mas “a cirurgia continua a ser feita por cirurgiões”.
Assim, o objetivo é ajudar os profissionais a obter melhores resultados e, consequentemente, garantir o bem-estar dos pacientes. O uso da robótica permite uma precisão inovadora e “rigor técnico jamais visto na Medicina”, uma vez que mantém um padrão alto de performance que concede, por exemplo, uma rotação do braço de 360º. Mais, retira os riscos de imprecisão por tremores ou fadiga ocular, ao contrário do que pode acontecer no trabalho realizado apenas com humanos.
De acordo com o diretor-geral da ortopedia do CHUSA, os robôs poderão desenvolver, por si só, as próteses do joelho de forma personalizada, além de preparar os ossos para a implantação nos pacientes por meio cirúrgico – já que “as próteses nas artroses transformam uma articulação deteriorada em uma nova articulação“.
Outro benefício esperado é “a melhoria de resultados clínicos, visto que 10 a 15% dos doentes operados com próteses no joelho por via tradicional não estão 100% satisfeitos“, explica. Desta forma, o uso da tecnologia permite que as cirurgias, no geral, tenham menos complicações, que os doentes sejam internados durante menos tempo, tenham menos infeções e efetivamente recuperem mais cedo que o habitual.
Futuramente, o uso deste mecanismo será também aplicado noutras vertentes da ortopedia, como na coluna vertebral e a femoral óssea, adianta António Oliveira ao JPN.
Tecnologia na Medicina: mais precisão, menos riscos e uma forma de “captar os jovens profissionais”
O método já havia sido experimentado no hospital em intervenções relacionadas com o sistema urinário e ginecologia. Para assistir ao procedimento inaugural na instituição, marcou presença o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que assinalou “um grande dia para o Serviço Nacional de Saúde (SNS)” de progresso tecnológico. “Não é ficção científica, é no SNS”, reitera. Este é quarto robô cirúrgico do SNS e o primeiro na área da ortopedia.
Manuel Pizarro atesta a importância da robótica na Medicina por apresentar “vantagens aos cirurgiões, por ser mais ergonómico e aumentar a segurança em relação aos doentes”. Assim, “as cirurgias decorrem com mais tranquilidade”, o que efetivamente “facilita a vida de quem está a operar e facilita a vida dos doentes“.
Mas há uma “vantagem adicional”, tendo em conta que o aumento da “inovação tecnológica no SNS” ajuda a “captar os jovens profissionais e a manter o SNS na liderança pela Saúde em Portugal”, afirma o ministro.
O primeiro robô cirúrgico entrou em funcionamento em 2019, em Lisboa, no Hospital Curry Cabral, e depois no Hospital de São João, no Porto, no primeiro trimestre deste ano. O Hospital de Santo António deu seguimento com o terceiro, com início de atividade em março deste ano e realizando mais de 30 cirurgias urológicas e ginecológicas, e agora com o quarto.
Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira