Com início a 25 de maio, o Vai~e~Vem contempla oito sessões. Autores exibem uma curta-metragem sua e escolhem uma segunda obra nacional que entre em diálogo com o seu projeto. O JPN falou com Joana Gusmão, responsável pela programação do evento, e Francisca Dores, uma das realizadoras convidadas.
O Vai~e~Vem, cortesia do Porto/Post/Doc enquadrada na sua extensão extra-festival, o Há Filmes na Baixa!, aterra este mês no Porto para a primeira de oito sessões de cinema que vão decorrer ao longo do ano. No âmbito do programa, foram convidados dez jovens cineastas que residem no norte do país para exibirem oito curtas-metragens, produzidas nos últimos sete anos.
Além da obra própria, os realizadores foram convidados a escolher um filme de um realizador nacional para estabelecer um diálogo com o seu próprio projeto, revelando, assim, as suas referências criativas e proporcionando ao público uma visão expandida da nova geração do cinema do norte do país.
O evento, que toma de empréstimo o nome do último filme de João César Monteiro, tem como objetivos “dar uma oportunidade a jovens cineastas, principalmente do norte de Portugal, que se calhar têm menos visibilidade”. “Mas também achámos bonita a ideia de ver onde é que um realizador se inspira, onde é que vai buscar a vontade de fazer filmes”, conta Joana Gusmão, responsável pela programação do evento, em declarações ao JPN.
Questionada acerca dos critérios de seleção dos convidados, Joana Gusmão referiu que “um dos critérios principais era serem pessoas que estavam a iniciar um percurso, que são estudantes.” “Também fomos conhecendo estes realizadores ao longo do seu percurso em festivais”, completou. “São pessoas muito curiosas, com filmes muito distintos, mas muito particulares e que já revelavam uma certa identidade e uma espécie de esperança no futuro. Todos eles são muito diferentes, mas queríamos dar uma perspetiva eclética do cinema que, neste momento, se faz”, conclui.
Joana Gusmão acrescentou que o que distingue esta nova geração da área é o “compromisso com a sua arte e uma vontade de continuar a demandar os seus sonhos.” “Estamos muito contentes com esta nova geração, menos preocupada com os cânones tradicionais”, sublinhou ainda.
O ciclo, sublinha ainda a organização, propõe “uma visão panorâmica sobre os vários modelos de ensino do cinema e contextos de produção no país, em particular na região do Porto, reunindo cineastas de diferentes escolas e com perspetivas muito distintas sobre o que é, e o que pode, o cinema.”
As propostas atravessam os mais diversos géneros: ficção, documentário, cinema de animação ou híbridos.
Francisca Dores em diálogo com Teresa Villaverde
A primeira sessão está agendada para quinta-feira, dia 25 de maio, no Cinema Passos Manuel, e vai contar com Francisca Dores e a sua curta-metragem “How to Be a Candid Woman” (2022), que entrará em diálogo com “Colo” (2017), de Teresa Villaverde. “How to Be a Candid Woman” estreou-se no Festival Caminhos do Cinema Português, em Coimbra. Além disso, já passou por uma sessão especial no Maus Hábitos, no âmbito do Porto/Post/Doc, bem como no Fantasporto.
Francisca Dores frequenta o mestrado em Cinema, na Universidade Católica do Porto, e foi aí que nasceu o projeto experimental, graças a uma aula de Crítica e Curadoria, onde se explorava o poder das imagens. O filme procura transmitir a essência das imagens e o seu potencial de comunicação, ao mesmo tempo que representa a evolução, representação e perspetiva da mulher ao longo do tempo. Foram utilizados vários materiais incluindo “imagens de arquivo, found footage, vídeos institucionais, publicidade e até mesmo fragmentos de filmes”, referiu Francisca Dores em conversa com o JPN.
A cineasta partilhou, igualmente, a motivação por trás da escolha de “Colo”, de Teresa Villaverde: “Quando pensei na proposta, queria que fosse uma realizadora e o primeiro nome que me surgiu foi mesmo o da Teresa Villaverde, era o que fazia sentido. Estive a ver e a rever alguns filmes dela e acabei por escolher o ‘Colo‘”. Dores destaca a afinidade temática entre os filmes, nomeadamente devido ao papel da mulher no âmbito familiar. “Houve uma fala da personagem principal que me fez ficar absolutamente decidida. Ela diz algo como ‘Eu sou quem eu quiser’. Esta fala tirou-me as dúvidas todas”, conta Francisca Dores.
No dia 7 de junho será a vez de Alexandra Guimarães e Gonçalo L. Almeida apresentarem o documentário “Musgo” (2021), em paralelismo com “O Ornitólogo” (2016), de João Pedro Rodrigues. Dia 29 de junho, João Pedro Amorim traz “sombras e os seus nomes“ (2020) e a sua escolha para diálogo foi “Lacrau” (2013), de João Vladimiro.
As restantes sessões ainda não têm data definida, mas os nomes dos realizadores convidados são conhecidos: Mário Macedo, Joana Nogueira & Patrícia Rodrigues, Maria Inês Rodrigues, Mafalda Salgueiro e Teresa Sandeman. Todos os realizadores vão estar presentes nas respetivas sessões.
Artigo editado por Filipa Silva