Nesta quinta-feira (1), a Biblioteca Popular de Pedro Ivo reabriu portas com imagem renovada, na mesma data em que se assinala o Dia da Criança. Entre os vários momentos na inauguração, destaca-se apresentação do novo projeto cultural “Cor(p)o de Intervenção” – Coro Intergeracional e Multicultural da Palavra Dita”, vencedor do concurso de ideias direcionado para o local.

Localizado no centro da praça do Marquês, o edifício estará em funcionamento de terça-feira a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Entre os serviços disponíveis inclui-se consulta, leitura presencial, empréstimo e requisição, sendo ainda possível aceder gratuitamente a internet. Mas além do exercício-padrão como biblioteca, onde dispõe de mais de mil livros voltados sobretudo para o público infantil, o espaço vai abraçar de diversas atividades recreativas para crianças e adolescentes. 

Durante a manhã, o evento de apresentação contou com a presença de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, Jorge Sobrado, diretor do Museu e Bibliotecas do Porto e Catarina Rocha, uma dos cinco integrantes do Bairro dos Livros. O autarca assegura que “foram ensaiadas diversas abordagens e estratégias para a valorização da biblioteca” – mas foi “a ideia fundadora de uma biblioteca infanto-juvenil e popular” que constituiu a “melhor opção” por representar “espírito” e “memória do lugar“. 

O projeto, batizado por Rui Moreira como “Biblioteca Errante”, representa “uma força da proximidade e da multiplicação de espaços de acesso ao livro e da promoção da leitura” -atuando, em conjunto com “Cor(p)o de Intervenção”, como um “pulmão de envolvimento comunitário” que estimula a leitura, a formação artística e acrescenta animação cultural à zona.

“Onde há memória, há um sinal de compromisso com o presente”, assinala Jorge Sobrado. E continua: “Queremos ser bibliotecas, queremos ser casas de encontro dos livros com os leitores, dos investigadores com as suas fontes”. O diretor do Museu e Bibliotecas do Porto relembra ainda que não se trata de um “ato isolado”, uma vez que o  município pretende abrir 15 microbibliotecas até ao fim de 2024. Nestas unidades, “micro” consta apenas no nome, já que “as mais pequenas bibliotecas podem ser grandes bibliotecas – depende da vontade e daquilo que façamos com elas”, afirma.

Estes modelos de espaço retratam “a identidade da cidade” e constituem uma “via verde para outros serviços das bibliotecas municipais”. Para atingir tal fim, as preocupações passam pela evolução e modernização, que se traduzem em diversos fatores, como na disposição de serviços “take away” nas bibliotecas, explica Jorge Sobrado.

“É muito importante que o tecido cultural da cidade possa participar de uma forma ativa nos equipamentos municipais“, complementa Catarina Rocha. Nesse sentido, sublinha que a participação do “Cor(p)o de Intervenção” vai “ajudar a concretizar a cultura na cidade e encontrar fontes de contato entre todos”.

Além disso, a integrante do Bairro dos livros destaca a proposta agora trazida ao Marquês: a de atualizar o “Cancioneiro” com a ajuda da comunidade local e portuense. Nesse sentido, Catarina Rocha aponta o facto de, atualmente, a cidade do Porto receber muitos “movimentos migratórios” e juntar muitas “pessoas de outras culturas” – o que permite à arte e à cultura funcionarem como uma “ferramenta aglutinadora“. Desta forma, torna-se cada vez mais necessário desenvolver projetos que promovam a inclusão.

De vandalismo a uma nova vida

O local, que agora ganha cor, já havia sido alvo de uma tentativa de reativação pela autarquia em 2019. Em 2021, rebriu mas voltou a encerrar temporariamente para obras em dezembro de 2022, com inauguração oficial e definitiva no início de junho deste ano, aproximadamente seis meses depois. No entanto, moradores da zona, no início de 2023, temiam o abandono da construção, que apresentava sinais de vandalismo, tendo inclusivamente apresentado queixas.

Segundo Rui Moreira, os danos que a estrutura sofreu “não eram nada muito grave”. Assim, não foram necessárias grandes obras – apenas se “lavou a cara à biblioteca”, como adiantou à imprensa esta quinta-feira. 

Além disso, o autarca sublinha que a “intervenção e requalificação da biblioteca é uma obrigação patrimonial e de serviço público“. Deste modo, “adiar ou diminuir essa intervenção constituiria um enorme prejuízo para a nossa cidade”, conclui. 

Artigo editado por Ângela Rodrigues Pereira