Nascido em 1929 na Checoslováquia e emigrado em França desde 1975, o autor de "A Insustentável Leveza do Ser", morreu aos 94 anos.
Milan Kundera fotografado em 1980. Eram raras as suas aparições públicas. Foto: Elisa Cabot/Wikimedia CommonsCC BY-SA 2.0
O escritor Milan Kundera faleceu esta terça-feira, dia 11, em Paris, aos 94 anos. A notícia foi avançada hoje (12) pela televisão pública da Chéquia e confirmada pelo editor francês do escritor ao jornal “Le Monde”.
Nascido a 1 de abril de 1929 em Brno, na antiga Checoslováquia, Kundera, que se via como um “romancista” mais do que como um “escritor” – refere o “Le Monde” – ganhou notoriedade com “A Brincadeira” (1967), o seu primeiro romance.
Tanto este quanto o “O Livro dos Amores Risíveis”, publicado dois anos depois, Prémio da União dos Escritores Checoslovacos -, valeram-lhe a perseguição do regime soviético que dominava o país, e com o qual chegou a simpatizar.
Fugiu para França em 1975 e nunca mais voltou para o país de origem para viver. Tinha a nacionalidade francesa desde 1981, depois de lhe ter sido retirada a nacionalidade checa.
“A Insustentável Leveza do Ser”, romance publicado em 1984, é a sua obra mais conhecida e aclamada pelo público e pela crítica. “A vida não é Aqui”, “O Livro do Riso e do Esquecimento” e “A Imortalidade” são apenas alguns dos títulos por que é conhecido.
Foi no romance que se distinguiu, mas tem também vários títulos no domínio do ensaio, da poesia e do teatro. Em 1985, fez a transição do checo para o francês enquanto língua “materna” das suas obras.
Era frequentemente apontado como candidato ao Prémio Nobel da Literatura, prémio que nunca venceu. Pelo conjunto da sua obra, Milan Kundera recebeu, em 1981, o Common Wealth Award, e em 1985 o Prémio Jerusalém, além de outras premiações.
Tem toda a sua obra editada em Portugal – e traduzida em mais de 80 línguas – pela Edições ASA e pela D. Quixote, hoje chancelas da Leya. “Um Ocidente Sequestrado – Ou a Tragédia da Europa Central”, reunião de dois textos escritos pelo autor antes da queda do Muro de Berlim e do fim da Guerra Fria, são o título mais recente publicado em Portugal. Chegou esta semana às bancas.