A manifestação "Contra o Fascismo, Mais e Melhor Habitação" tem início às 15h30 na Praça dos Poveiros. Já a manifestação “Menos Imigração, Mais Habitação” vai decorrer na Praça D. João I pelas 17h00. O JPN falou com a organização das duas manifestações.

A PSP vai estar presente nas manifestações para garantir a segurança e ordem públicas. Foto: WikimediaCommons

Uma manifestação anti-imigração e outra antifascista vão acontecer este sábado (6) à tarde em horários próximos a 500 metros de distância uma da outra, no Porto. As manifestações, ambas contra a crise na habitação, estão autorizadas pela Polícia de Segurança Pública (PSP).

A manifestação anti-imigração, organizada pelo Grupo 1143, foi a primeira das duas a ser convocada e tem como mote “Menos Imigração, Mais Habitação”. Vai decorrer na Praça D. João I, pelas 17h00.

Em declarações ao JPN, Mário Machado, porta-voz do grupo e conhecido militante da extrema-direita, declarou que a manifestação “traz para cima da mesa o problema da habitação”. “A esquerda, nos últimos 12 meses, fez quatro manifestações onde elenca vários problemas da habitação, mas nunca refere o problema da imigração. E consideramos que a imigração é o maior problema para a crise habitacional e para o aumento do valor da habitação que sofremos hoje em dia”, acrescentou. 

Depois de uma primeira manifestação em Lisboa, em fevereiro, o grupo decidiu que a seguinte “tinha de ser na segunda cidade mais populosa do país”. Mário Machado referiu que a escolha da cidade do Porto é também “uma questão de honra”, dado o “enorme número de militantes e ativistas” que a associação tem na Invicta. Destacou ainda que “nunca se fez uma manifestação nacionalista no Porto”, desde o 25 de Abril de 1974.

Mário Machado acredita que a manifestação vai contar com a presença de “300 pessoas”. “Podem aparecer muito mais, mas, no mínimo, 300 é quase certo”, acrescentou. A crise da habitação dá o mote, mas as pretensões dos promotores da demonstração vão muito além. Mário Machado defende a necessidade de “um controlo imediato das fronteiras” e “uma política de remigração”: “não basta parar a imigração, é preciso começar o processo de deportação”, afirmou.

“Contra o Fascismo, Mais e Melhor Habitação”

Em resposta ao Grupo 1143, a associação Habitação Hoje convocou, para o mesmo dia, a manifestação “Contra o Fascismo, Mais e Melhor Habitação”, que vai decorrer pelas 15h30 na Praça dos Poveiros

Bernardo Alves, representante do movimento Habitação Hoje, declarou ao JPN que a manifestação surgiu na sequência da manifestação da extrema-direita, algo que a associação não pretende “deixar passar em branco”. Isto porque “o discurso de ódio” está “a ganhar terreno não só nestes grupos de extrema-direita, mas também no comentário político na televisão [se fala] da culpabilização dos imigrantes pelo problema da habitação”, acrescentou. 

O representante da associação referiu que o objetivo é “mostrar solidariedade com os imigrantes que vivem e trabalham cá”. Bernardo Alves salientou que a associação Habitação Hoje, contrariamente ao grupo de extrema-direita, acredita que “[os imigrantes] não são responsáveis pelo problema da habitação”, ressalvando que “a manifestação será um local seguro para as pessoas estarem”. “Não se trata propriamente de uma discussão de duas opiniões diferentes”, visto que são “os factos e a estatística que indicam que [o problema na habitação] não é causado pela imigração”, reforçou. 

O representante do movimento aponta “as questões de especulação imobiliária”, “a proliferação do alojamento local”, “o aumento dos preços das rendas sem um aumento compatível nos salários” e “o parque público de habitação de 2% a nível nacional” como as principais causas dos problemas na habitação. 

Bernardo Alves afirmou ainda que a associação está “certa” de que o número de pessoas presentes na manifestação antifascista vai ser “muito maior que na manifestação de extrema-direita”. “Há várias organizações e partidos políticos mobilizados e a própria CGTP também já demonstrou solidariedade com a manifestação”, adiantou.

Para tentar impedir a realização da manifestação anti-imigração, a associação enviou uma carta aberta endereçada ao Presidente da República, ao presidente da Câmara Municipal do Porto, ao comandante da PSP do Porto e a outros responsáveis da área da justiça

No momento de envio, a carta contava já com mais de quatro mil assinaturas. Bernardo Alves salienta que, “em três dias e meio”, o número de assinaturas “é bastante significativo de que uma grande parte das pessoas está do lado deste protesto”. 

A carta menciona que, em fevereiro, a PSP deu parecer negativo à realização de uma manifestação do Grupo 1143 em Lisboa por considerar que havia “um elevado risco de perturbação grave e efetiva da ordem e da tranquilidade pública”. A associação acredita que, no sábado, “a cidade do Porto corre o mesmo risco”, já que está prevista “a deslocação de manifestantes do grupo [1143] vindos de todo o país, com tochas e foguetes”.

Numa resposta por escrito ao JPN, o Núcleo de Relações Públicas do Comando Metropolitano do Porto da PSP não se pronunciou sobre potenciais problemas que venham a ocorrer no contexto destas manifestações. Reiterou, contudo, que as mesmas vão ser acompanhadas pela PSP, “de modo a garantir a segurança, ordem e tranquilidade públicas”.

Editado por Inês Pinto Pereira