Na noite de domingo, Slow J revisitou o palco da Queima das Fitas para pedir a milhares de estudantes para que “nunca deixem de ser quem são”. O palco Academia teve espaço para a estreia de Van Zee e The Quinces, na segunda noite.

Slow J foi o cabeça de cartaz da noite de domingo. Foto: Margarida Meneses/JPN

Em noite de “Afro Fado”, o Queimódromo do Porto recebeu uma enchente de fãs este domingo à noite. Um ano depois, o cabeça de cartaz Slow J retornou ao palco Academia, 15 minutos depois da hora marcada, desta vez para apresentar o novo álbum. Numa noite em que se previa mau tempo, o primeiro tema “Tata”, afastou de vez a chuva. O artista deixou clara a felicidade em poder partilhar as novas músicas com o Porto e pediu aos fãs da Invicta para “nunca deixarem de ser quem são”.

David Pinto, aluno de História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, confessou ao JPN não se ter interessado pelo concerto do ano passado, mas nesta edição a curiosidade “cresceu por causa do novo álbum”. Os “sons interessantes” e o “novo registo” do artista tornaram o aluno fã de “Afro Fado”, disco de hip hop que bateu recordes do Spotify.  

Para além do novo álbum, tocou clássicos mais antigos como “Teu Eternamente”,  “Fome”  ou “Serenata”. Esta última foi cantada pelo público a capella

Em estreia neste evento, e com pontualidade, Van Zee subiu pela primeira vez ao palco da Queima das Fitas do Porto. O jovem cantor tem dominado as rádios nacionais no último ano, com uma base de fãs crescente, que se deslocou ao Queimódromo apenas para o ouvir.

Pedro Oliveira, estudante de Marketing no ISCAP, confessou a admiração pelo artista, razão principal para ir à queima na noite de 5 de maio. O aluno acrescentou ainda que a presença de Van Zee no evento foi “um passo muito grande” e que “a partir daqui vai crescer ainda mais”.

Num concerto a metros da praia, o principal foco foi a apresentação do álbum “Do mar”, com constantes alusões às origens madeirenses. Existiu ainda lugar para os artistas convidados Bispo e Pikika, que surpreenderam todos os presentes, com os temas “Benção” e “Saudade”. 

No palco principal atuaram também The Quinces, os vencedores do Concurso de Bandas de Garagem promovido pela Federação Académica do Porto (FAP). Dois dias após o lançamento do primeiro single “Lipstick”, a banda de indie-rock teve a oportunidade de abrir a noite, ainda o relógio batia as 21h00. Apesar de ser a primeira vez do grupo de estudantes e ex-estudantes num palco de grande dimensão, o entusiasmo fez-se sentir no público que assistia ao concerto com energia e curiosidade. 

The Quinces, banda vencedora do Concurso de Bandas de Garagem, na Queima das Fitas do Porto, 2024. Foto: Beatriz Santos/JPN

O retorno do sistema de pulseiras, com uma novidade

Tal como no ano passado, para entrar no recinto é obrigatório o uso de uma pulseira, que além de servir para o controlo das entradas é também usada para efetuar pagamentos no interior do Queimódromo. A FAP voltou, assim, a apostar num sistema cashless, que no ano passado gerou complicações, sendo necessário, logo no primeiro dia, recorrer a dinheiro físico

Este ano, a organização decidiu introduzir uma novidade neste domínio oferecendo aos estudantes uma alternativa à pulseira. No recinto é também possível pagar usando a tecnologia contactless, através do cartão bancário ou telemóvel. 

Cláudia Gomes, aluna de Engenharia Informática no ISEP e trabalhadora numa das barraquinhas, fez o balanço da primeira noite de queima e contou ao JPN que “já foi uma diferença em relação ao ano passado”, pois o “multibanco tem facilitado imenso”. Para além disso, ao “nível de trocos” e de “segurança no final da noite” agiliza o processo de fecho.

As melhorias verificaram-se também à entrada onde as filas são mais rápidas e decorrem sem confusão. 

Já quanto à possibilidade de carregamento das pulseiras, a opinião de alguns estudantes foi mais crítica. Lia Gomes, estudante de Solicitadoria na Universidade Portucalense, apontou o mau funcionamento da aplicação pelo “fraco contacto” entre a pulseira e o leitor da App. Por esse motivo, a estudante e os amigos viram-se obrigados a recorrer a um dos Postos de Carregamento espalhados pelo recinto, mas ainda assim afirmou não ser eficaz, uma vez que o técnico responsável pelos carregamentos tem de auxiliar todos os que por lá passam, causando filas de espera. 

Rui Silva, estudante de Engenharia Eletrotécnica e Computadores, no ISEP, defendeu a adoção do sistema de pulseira com a nota de que é uma “boa ideia”, contudo, notou também, está “muito mal organizada” e precisa de uma “nova estratégia”.

Compromisso sustentável da FAP

No que diz respeito ao compromisso com a sustentabilidade, prioridade que vem também já de edições anteriores, a FAP pretende continuar os bons resultados que refere ter alcançado no ano passado quando assinou o Pacto pelo Clima da Queima das Fitas do Porto.

Beatriz Castro, estudante de Engenharia Física na Faculdade de Ciências e executiva da Comissão Ambiental, afirmou ao JPN que relativamente aos cerca de 70% de resíduos reciclados no ano anterior, a organização pretende “manter esse número e conseguir aumentar”.

A Comissão Ambiental trabalha sobretudo “diretamente com as barraquinhas e com os funcionários” através da sensibilização para a reciclagem. Existe no queimódromo um posto para distribuição de sacos pelas barraquinhas,  que devem, posteriormente, ser entregues com a separação do lixo já feita. A FAP conta com a colaboração da Porto Ambiente para tratamento de resíduos e sucesso do objetivo ambiental. 

Posto de distribuição de sacos para a reciclagem, Queimas das Fitas do Porto, 2024. Foto: Margarida Meneses.

Num recinto tão amplo como a da Queima das Fitas do Porto, há espaço também para uma zona de diversões, que inclui os tradicionais carrosséis e carrinhos de choque. Apesar da oferta, a noite de domingo começou com um espaço de entretenimento vazio e assim continuouDiogo Silva culpa a pouca adesão ao retrocesso na variedade de divertimentos oferecidos, fazendo referência à retirada da “máquina de socos, remates às balizas e chutos”. 

A noite terminou no palco Eristoff com a presença de 3atista, Bluay e o DJ residente, Ricardo Reis. Como já é habitual o espaço secundário manteve-se completo até às seis horas da manhã, momento em que encerra o recinto.

Mas hoje há mais: esta segunda-feira o recinto, preparado para receber um total de 300 mil pessoas no conjunto das oito noites de concertos, volta hoje a encher-se para receber ProfJam e Wet Bed Gang, às 22hoo e 23h40, respetivamente, alinhando-se com o objetivo da FAP de encerrar os concertos mais cedo. 

Editado por Filipa Silva