Na noite de quarta-feira, a entrada para o Queimódromo contava com várias filas de espera, ainda antes de as portas do recinto abrirem. Matuê, cabeça de cartaz do quinto dia de Queima, esgotou o recinto.

Matuê foi a estrela da noite. Foto: Margarida Meneses/JPN

Trinta minutos após a hora marcada, o rapper e cantor brasileiro Matuê pisou o palco Academia para dar início ao concerto mais esperado da noite de quarta-feira. Com um espetáculo de uma hora, o artista chamou ao palco uma fã para cantar consigo e sensibilizou o público para a tragédia no sul do Brasil, causada pelas fortes cheias no estado do Rio Grande do Sul.

Matuê foi o grande responsável pelo facto de a noite de 8 de maio ter sido a primeira a esgotar na Queima das Fitas do Porto deste ano. Após ter ganho maior reconhecimento com o lançamento do álbum “Máquina do Tempo”, em 2020, o artista provocou uma verdadeira enchente de pessoas ao Queimódromo.

Para Guilherme Fernandes, estudante de 21 anos, o cantor brasileiro foi a principal razão para a ida à Queima nesta noite. O estudante de Cinema da Universidade Católica afirma que decidiu visitar o recinto neste dia, porque “nunca tinha visto o Matuê ao vivo”. A outra razão que o levou a ir ao concerto foi o facto de ir com o seu “melhor amigo”, “o André” que “é muito fã” de Matuê também.

Queimódromo com lotação esgotada na noite de 8 de maio. 

O concerto do cantor brasileiro contou com luzes e pirotecnia e com uma boa resposta por parte do público face à energia de Matuê. Tendo-se prolongado até à uma da manhã, este foi o grande concerto da noite de 8 de maio. No final, Pedro Soares apontou que foi um concerto com “energia acima da média”. O jovem, recente fã de Matuê, destaca o tema “Anos Luz” e a energia que proporcionou ao público com as “luzes dos telemóveis no ar”. Pedro considera que trazer o artista brasileiro à queima trouxe “mais diversidade de música e de público”

Matuê, Queima das Fitas, 2024. Foto: Margarida Meneses/JPN

Mizzy Miles foi o primeiro artista a subir ao palco Academia nesta quinta noite de Queima das Fitas. O DJ e produtor, durante o seu concerto, fez-se acompanhar de vários outros artistas, até porque este tinha sido apresentado no cartaz como “Mizzy Miles & Friends”. King Bigs, Apollo G e Sippinpurp foram alguns dos amigos de Mizzy Miles que se juntaram a ele em palco. Um dos amigos do DJ que surpreendeu ao subir ao palco foi Van Zee. O cantor madeirense, que tinha atuado no palco Academia na noite de domingo, regressou para dar a “Benção” à Queima das Fitas do Porto: “Vocês são a nossa benção”, afirmou.

Apesar de não ter tanta plateia como o concerto seguinte, este primeiro espetáculo contou já com uma multidão que esperava em frente ao palco, uma hora antes de a música começar. Um tempo de espera marcado por súbitos gritos e celebrações de espectadores que, enquanto esperavam pelo concerto, seguiam atentamente o jogo da meia-final da Liga dos Campeões, entre o Real Madrid e o Bayern.

As reações a este primeiro espetáculo foram positivas, algo que se comprovou pelos aplausos e gritos ao longo do concerto de Mizzy Miles. Luisa Mello tem 19 anos e estuda Gestão de Marketing no ISMAI. Para a jovem, o concerto foi um sucesso: “gostei muito, acho muito bom ele ter trazido vários artistas e foi um grande show”.

“Chega cedo. Menos filas.”

Após ter sido anunciado que os bilhetes para a noite de 8 de maio estavam esgotados, a Federação Académica do Porto (FAP) lembrou também aos visitantes do recinto a importância de chegar mais cedo ao local, por forma a evitar filas. Com este apelo, a FAP alia-se a outro conceito que defende: jantar na Queima. Com uma vasta área da restauração e com opções variadas, desde hambúrgueres e pizzas até comida vegan e sushi, a Queima das Fitas do Porto tenta levar as pessoas a jantar no próprio recinto. Com isto, a organização pretende que as pessoas entrem mais cedo no Queimódromo, tentando assim evitar filas à entrada do local.

Antes dos concertos desta noite, eram várias as pessoas que se encontravam na área da restauração. Elisabete Leal jantou no recinto e partilhou com a reportagem do JPN a razão que a levou à Queima neste dia: “tenho um filho que veio cá e para ele não vir sozinho, vim acompanhá-lo”. A mãe não sabia ao certo o nome do cantor que o filho queria ver, mas elogiou a organização do evento: “está tudo muito bem preparado”, fez questão de dizer.

Não tão satisfeito estava Nuno Leitão, responsável por um estabelecimento da zona de restauração, que alegou ser frequente não conseguir “fazer vendas por causa” de problemas no funcionamento das máquinas de pagamento e no carregamento de pulseiras.

Apesar de ser um dia de casa cheia, a ideia de que as entradas no recinto funcionaram normalmente e sem grandes filas de espera foi comum entre o público. Ana Marques, estudante de desporto no ISMAI, chegou ao queimódromo antes da abertura das portas. Apesar de já haver “muita gente e muita fila” foi tudo “organizado e muito rápido”. A aluna, grande fã de Matuê, conta que não se importava de “chegar cinco horas mais cedo” para estar na fila da frente e assistir ao concerto. 

Ana Marques e os amigos à espera do concerto de Matuê. Foto: Margarida Meneses/JPN

Ainda assim, com a quantidade de pessoas no recinto, a rede fica às vezes sobrecarregada e vai abaixo. Catarina Felgueiras, estudante de 22 anos, conta que, às duas horas da manhã, a entrada no Queimódromo estava impossibilitada devido a uma falha na rede: “disseram-me que não havia rede nas máquinas para validar os bilhetes e esperamos trinta minutos para entrar”. A rede voltou a funcionar e a entrada de pessoas voltou a fluir.

A noite de 8 de maio encheu o Queimódromo, tendo levado dezenas de milhares de pessoas ao recinto e uma vez que a Queima das Fitas do Porto não é um evento exclusivo para estudantes da Academia da Invicta, muitos visitantes vieram de fora. Foi o caso de Carolina Girotto, estudante de Medicina na Universidade Católica, em Lisboa. A estudante de 21 anos, que já estudou durante um ano na cidade do Porto, veio de Lisboa para viver esta semana académica no Porto. A jovem afirma que a Queima das Fitas do Porto “é a melhor Queima do país”.

Carolina Girotto, estudante de Medicina na Universidade Católica de Lisboa, veio ao Porto por causa da Queima das Fitas. Foto: Margarida Meneses/JPN

Muitos perdidos e muitos achados

A Queima das Fitas do Porto envolve uma enorme operação de segurança à volta do evento. Esta operação é comandada pela Polícia de Segurança Pública (PSP). Em declarações ao JPN, o Intendente José Alves revela que esta é uma operação que “envolve mais de 200 polícias”. O comandante do policiamento na Queima afirma que as operações e o evento têm corrido bem.

É também a cargo da PSP que se encontram os “perdidos e achados”. É na área destinada à força de segurança que se guardam as centenas de objetos que se perdem e encontram no recinto. O Intendente José Alves revela que a maior parte dos objetos encontrados são “chaves, telemóveis e muitos cartões”. Com “mais de 200 participações”,  este afirma também que a taxa de sucesso em devolver estes “perdidos e achados” é “elevada”.

Perdidos e achados, Queima das Fitas do Porto, 2024. Foto: Margarida Meneses/JPN

O comandante relembra ainda todas as valências que estão a cargo da PSP nesta operação. É a PSP que é responsável por cortar e controlar o trânsito nas proximidades do recinto e é também a PSP que controla todo o Queimódromo através de uma rede de câmaras de videovigilância.

Uma Queima com mais Cultura

Além do palco principal, o palco Academia, e o palco Eristoff, a Queima das Fitas do Porto conta ainda com um terceiro palco, o palco Cultura. Este palco situa-se entre o palco Academia e a área da Restauração.

O palco Cultura possui uma programação diferente para todas as noites, programação que varia entre noites de comédia, noites de performances e até um debate sobre as eleições europeias.

Palco Cultura, Queima das Fitas do Porto, 2024. Foto: Margarida Meneses/JPN.

Na noite de hoje, os estudantes podem contar com Lon3r Johny, pelas 21h45, e com Dillaz que traz o novo álbum “O Próprio”, pelas 23h35,  ao Palco Academia.