Alegada venda ilegal de bilhetes para os jogos do FC Porto deu origem à investigação “Bilhete Dourado". Da operação levada a cabo este domingo resultaram 13 arguidos, incluindo membros da família de Fernando Madureira. Foram ainda aprendidos 3 mil bilhetes e mais de 44 mil euros.
A Divisão de Investigação Criminal da PSP do Porto desenvolveu este domingo (12/05) 14 buscas domiciliárias e quatro não domiciliárias em vários espaços nos concelhos do Porto, Vila Nova de Gaia e de Matosinhos, na sequência de suspeitas de um esquema criminoso, relacionado com a distribuição e venda irregulares de bilhetes do FC Porto. As diligências, ordenadas pelo Departamento de Investigação e Ação Penal do Ministério Público do Porto, envolveram, entre outros, os escritórios da Porto Comercial e na Loja do Associado, no estádio do clube.
Segundo um comunicado oficial da PSP, foram apreendidos 3 mil bilhetes de vários jogos do clube, 44.510 euros em numerário, uma tocha, documentação relacionada com a venda e distribuição ilegal de bilhetes, diversos equipamentos informáticos e telefónicos, várias máquinas fotográficas, e cartões de sócio do Grupo Organizado de Adeptos Super Dragões.
Da megaoperação “Bilhete Dourado” resultaram ainda 13 arguidos, oito homens e cinco mulheres. De acordo com a imprensa desta manhã, entre eles estão vários elementos da família de Fernando Madureira, atualmente em prisão preventiva, nomeadamente, os pais da sua mulher, Sandra Madureira, e a filha Catarina Madureira. Ainda dentro do seio familiar, a bisavó de Catarina terá sido detetada pela PSP a ajudar a bisneta na venda ilegal de bilhetes.
Também outros elementos ligados ao Grupo Porto foram constituídos arguidos. Entre eles Rui Lousa, administrador da Porto Comercial, Cátia Guedes, funcionária da Loja do Associado, que lidera a operação de emissão de bilhetes, e Fernando Saul, ex-oficial de ligação aos adeptos.
As buscas tiveram origem numa certidão extraída da Operação Pretoriano, que levou à detenção, a 31 de janeiro, de Fernando Madureira, o ex-líder da claque dos Super Dragões.
O Ministério Público acredita que este esquema terá contribuído para um alegado enriquecimento ilícito da família Madureira, mas que será conhecido e aceite no seio do clube porque funcionava como “moeda de troca” pelo apoio dos Super Dragões.
Segundo o jornal Público, os bilhetes que iam parar às mãos de Madureira eram vendidos no mercado negro a preços variáveis, conforme a importância do jogo. Os bilhetes não eram exclusivos da claque, sendo também distruibuidos por funcionários dos “recursos humanos”, “sócios atletas”, e “relações públicas”. Há ainda a suspeita de que eram criadas casas do FC Porto sem sede física, apenas para obtenção e revenda de bilhetes-convite.
O esquema era de tal forma completo que, segundo o “Jornal de Notícias”, a claque SD teria montado um “call center”, através de um grupo de WhatsApp, para receber pedidos de bilhetes e organizar o pagamento, que podia ser feito por MB Way. Os investigadores acreditam que a Porto Comercial seria a “sede/motor” do negócio fraudulento, de onde eram emitidos os bilhetes dos jogos.
Na manhã deste domingo, 12 de maio, foi o próprio Futebol Clube do Porto a revelar, através de um comunicado publicado no seu site oficial, que estava a ser alvo de buscas. Perante este cenário, pela primeira vez na história do clube, o jogo entre o FC Porto e o Boavista FC, que ocorreu ontem no Estádio do Dragão, ficou marcado pela ausência dos Super Dragões na sua habitual bancada Sul. A claque anunciou a ausência na partida, justificando a mesma com a apreensão de bilhetes.
Mesmo sem o apoio da claque, os azuis e brancos conseguiram garantir a vitória por 2-1. O próximo jogo do clube realiza-se no dia 19 de maio, contra o Braga SC. O clube, agora sob a liderança de André Villas Boas, está na terceira posição da Liga Portugal.
Editado por Filipa Silva