Num jogo com golos só na segunda parte, o FC Porto venceu, no Estádio do Dragão, o Boavista por duas bolas a uma. Taremi despediu-se do Dragão da melhor forma, ao dar a vantagem à equipa quando decorria já o oitavo minuto do tempo de compensação. As panteras jogaram desde os 64 minutos com menos um jogador.

No dia do funeral do pai, Eustáquio foi homenageado pelos colegas de equipa. Foto: FC Porto/Facebook

O FC Porto venceu, este domingo (12), por 2-1 diante do Boavista, no Estádio do Dragão, num jogo a contar para a 33.ª jornada, a penúltima do campeonato. Os golos de Zé Pedro e de Taremi, este último já no período de compensação, fizeram a reviravolta portista, após o golo inaugural de Bruno Lourenço.

Com este resultado, o FC Porto mantém o terceiro lugar no campeonato, que era ocupado pelo SC Braga à condição, e o Boavista fica no 14.º posto, ficando apenas dois pontos acima do lugar que obriga ao playoff de despromoção.

O próximo e último jogo do campeonato para a equipa azul e branca irá decidir o terceiro lugar do campeonato, que qualifica diretamente para a fase de grupos da Liga Europa. Será justamente diante do SC Braga, na Pedreira.

No Dragão estiveram, este domingo, 33 mil espectadores. No início do jogo, os adeptos boavisteiros fizeram-se ouvir no interior do estádio, ao contrário dos Super Dragões que se encontravam no exterior do recinto. A claque do FC Porto ficou sem acesso aos bilhetes do jogo, uma vez que estes foram apreendidos pelas autoridades policiais no âmbito da “Operação Bilhete Dourado”, que investiga um possível esquema fraudulento de venda de bilhetes aos Super Dragões, envolvendo a Porto Comercial e a Loja do Associado do clube azul e branco. 

Uma primeira parte sem emoção

A primeira parte decorreu sem grande emoção dentro das quatro linhas, mas com alguns lances de perigo. O FC Porto pressionou no início do jogo, sem deixar o Boavista sair a jogar. A equipa dos dragões apostou sobretudo na ala direita para atacar, a confiar na técnica de um para um e na rapidez de Francisco Conceição.

João Mário regressou à convocatória, recuperado de uma lesão, e Wendell e Galeno voltaram ao onze inicial, depois de cumprirem castigo no último jogo.

Ao minuto 12, houve um canto a favor da equipa portista que resultou num cabeceamento perigoso de Evanilson, a passar a rasar a baliza boavisteira.

Seis minutos depois deu-se o primeiro lance de perigo por parte do Boavista. Cruzamento de Reisinho, mas sem cabeceamento. Diogo Costa ainda se esticou e desviou a bola com a ponta dos dedos.

Aos 23 minutos do dérbi da Invicta, Pepê cai ao chão com queixas físicas após lance com Seba Perez, que viu o cartão amarelo após a paragem do jogo. Foi necessária intervenção médica.

O primeiro remate à baliza foi por parte da equipa axadrezada fez-se aos 41 minutos. No entanto, com uma defesa fácil por parte de Diogo Costa.

Aos 43′, remate estrondoso, dentro da área, por parte de Pepê. A bola vai à barra da baliza de João Gonçalves, que não teve reação, devido à potência do remate. Os adeptos suspiraram e levaram as mãos à cabeça.

Aos 45 minutos da partida, nota para um livre perigoso para Galeno, que rematou ligeiramente por cima da baliza e ainda fez raspar a bola na malha superior.

A primeira parte terminou com quatro amarelos, um remate à baliza e com 73% de posse de bola para o FC Porto.

No intervalo foi feita uma volta de honra por parte da equipa de voleibol feminino portista, que se sagrou campeã nacional da modalidade há uma semana. Título que ficará na história como o último conquistado com Jorge Nuno Pinto da Costa na presidência do clube.

FC Porto chega à vantagem no tempo de compensação

A segunda parte da partida começou monótona, assim como a primeira, mas as equipas foram ganhando intensidade no decorrer do jogo. Aos 52 minutos, os adeptos portistas já desesperavam após lances sucessivos de ataque que acabavam sempre sem remates perigosos.

Apenas três minutos depois, os adeptos irritaram-se com uma decisão do árbitro Artur Soares Dias, que parou o jogo para assinalar falta a favor da equipa azul e branca numa altura em que se encontrava dentro da área adversária numa jogada de perigo. Nas bancadas, reclamou-se a aplicação da lei da vantagem.

A primeira substituição de jogo deu-se ao minuto 58. Martim Fernandes saiu ovacionado pelos adeptos portistas para dar lugar a Taremi, que entrou a ouvir alguns assobios.

Depois, a equipa do Boavista abriu o marcador ao minuto 60 com um passe de Pedro Malheiro para Bruno Lourenço que, com toda a classe, simulou um remate, desorientando a defesa do FC Porto, e rematou com o pé esquerdo em arco, batendo Diogo Costa. Os adeptos boavisteiros foram à loucura e silenciaram o Dragão.

Quatro minutos depois, a equipa Boavisteira ficou reduzida a dez jogadores, após Pedro Malheiro ver o segundo amarelo, devido a uma falta sobre Nico Gonzalez. Os adeptos portistas puxaram pela sua equipa, acreditando numa reviravolta azul e branca.

No decorrer do minuto 68, Conceição fez uma jogada individual sublime na ala direita do campo, fez um cruzamento rasteiro, mas sem finalização por parte dos jogadores da sua equipa, levando os adeptos ao desespero, mais uma vez.

Aos 72 minutos, os adeptos portistas assobiavam fervorosamente as sucessivas perdas de tempo por parte dos jogadores axadrezados, que estavam a quebrar o ritmo de jogo. Soares Dias deixou o aviso de que não queria mais paragens, sendo que cinco minutos depois, o guarda-redes boavisteiro viu o amarelo pela demora na reposição da bola em jogo, ficando de fora da próxima partida frente ao Vizela.

O empate do FC Porto acabou por chegar. Ao minuto 81, na sequência de um canto, a bola sobrou para Otávio Ataíde. O defesa rematou em rosca e o lance terminou com Zé Pedro a cabecear a bola para dentro da baliza. O Dragão voltou a acreditar na vitória.

Quando o jogo chegou ao minuto 90, a equipa de arbitragem determinou sete minutos de desconto. Houve um grande protesto nas bancadas do dragão, que consideravam pouco tempo devido às sucessivas paragens do jogo por parte do Boavista e das substituições efetuadas. A verdade é que foi tempo suficiente para os dragões concluírem a reviravolta no marcador.

Depois de aos 90+7, Namaso ter desperdiçado uma oportunidade de golo, no minuto seguinte Francisco Conceição inventou uma jogada brilhante pelo lado direito do ataque dos dragões, driblando o defesa adversário e cruzando para o cabeceamento de Mehdi Taremi que apareceu ao segundo poste para empurrar a bola para dentro da baliza.

O estádio foi ao rubro e o avançado iraniano também, que se despediu assim, com um golo, do Estádio do Dragão antes de rumar ao Inter de Milão, onde vai jogar na próxima época. Nos festejos, os azuis e brancos levantaram uma camisola em homenagem a Stephen Eustáquio, que perdeu o pai.

Após o golo, Sérgio Conceição apareceu a discutir com Soares Dias, que lhe mostrou o amarelo, ficando de fora do banco portista no último jogo do campeonato, devido à acumulação de cartões.

Sem surpresa, Francisco Conceição foi eleito o Homem do Jogo. Carregou o ataque azul e branco o jogo todo, com o génio que tem no seu pé esquerdo. A sua assistência foi meio golo. O jogo terminou no Dragão com a vitória do FC Porto por duas bolas a uma frente ao Boavista.

Para Sérgio Conceição, a equipa podia “ter feito quatro ou cinco golos”

Na sala de imprensa, Sérgio Conceição lamentou uma primeira parte em que a equipa esteve lenta, com pouco discernimento e previsível, no entanto, “a segunda foi toda do FC Porto, com muitíssimas ocasiões de golo.”

Mesmo que a vitória tenha chegado nos últimos minutos, o treinador portista acredita que a equipa podia “ter feito quatro ou cinco golos.” Sérgio Conceição referiu que, independentemente das mudanças na equipa adversária, o FC Porto estava preparada “para todos os cenários”.

Sobre o cartão amarelo que o tira do banco do último jogo para o campeonato, frente ao Braga, o técnico dos dragões não percebeu o porquê deste lhe ser atribuído, assumindo que apenas festejou “um golo nos últimos segundos de uma forma efusiva”. Em relação ao seu futuro no clube, Sérgio Conceição sorriu e manteve o silêncio.

Jorge Simão: “É duro perder nestas circunstâncias”

Na conferência de imprensa, o treinador da equipa das panteras negras admitiu que, quando chegou ao clube, “trazia uma mala cheia de entusiasmo e era normal que esse entusiasmo se fosse gastando consoante as jornadas e o que lhes disse foi que hoje enchi outra vez o meu baú de entusiasmo”.

Jorge Simão assumiu que “é duro perder nestas circunstâncias”, com um golo marcado no último minuto, e, apesar de se encontrar no clube há pouco tempo, considera “que há jogadores no Boavista com muita qualidade.”

Sobre os jogadores da equipa, Jorge Simão refere que quer que “apareçam fresquinhos no próximo treino, física e mentalmente” para prepararem o último jogo do campeonato que será diante do já despromovido Vizela.

O técnico do Boavista acredita que, mesmo numa época que está a ser difícil para o clube, “numa conjuntura mais favorável, havia aqui potencial para coisas diferentes.”

O campeonato português termina no próximo fim de semana. O FC Porto defronta o SC Braga no próximo domingo (19), no Estádio Municipal de Braga e o Boavista recebe o Vizela no mesmo dia.

Os dragões terão ainda um compromisso adicional, a 26 de maio, na final da Taça de Portugal, diante do Sporting, no Estádio do Jamor.

Editado por Filipa Silva