Conselho Metropolitano do Porto e Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas assinaram um protocolo de cooperação para a constituição da Rede das Bibliotecas Públicas da Área Metropolitana do Porto. Além de catálogo comum, pretende-se facilitar a requisição e devolução de livros entre bibliotecas. DGLAB anuncia também que, no prazo de um ano, vai ser possível requisitar e-books.
Unir as bibliotecas públicas existentes na Área Metropolitana do Porto (AMP) de forma a compartilhar recursos, conhecimentos e experiências. Este é o principal objetivo da Rede de Bibliotecas Públicas da AMP, cujo protocolo de criação foi assinado esta segunda-feira (13), no Porto. Em concreto, o projeto, ainda em fase inicial, visa criar um catálogo comum de consulta online, facilitar a troca e devolução de livros e permitir o empréstimo de livros digitais.
Com este projeto, a AMP quer promover uma oferta diversificada de serviços para os utilizadores dos 17 municípios, através, numa primeira fase, do acesso a um catálogo comum às 48 bibliotecas municipais inseridas no projeto, como explicou na cerimónia a nova secretária executiva da Cultura da AMP, Susana Menezes.
Em declarações ao JPN, já depois da cerimónia de apresentação da rede, Bruno Eiras, sub-diretor-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), esclareceu que “o objetivo é que cada uma destas bibliotecas tenha um agregador de catálogos único, evitando, por exemplo, que quem quer saber os livros que existem na Biblioteca de Valongo, tenha que pesquisar no catálogo online de Valongo. Com este agregador de catálogos, que estará disponível até ao final do ano, teremos apenas uma única plataforma onde vamos pesquisar os documentos que queremos, independentemente do local. ”
Além da criação do catálogo, Bruno Eiras garante que existem planos para expandir o projeto. Para isso, estão a ser feitos trabalhos para que, até maio do próximo ano, seja possível requisitar um livro numa biblioteca e devolvê-lo em outra diferente. “A hipótese de podermos ter o empréstimo partilhado entre todas estas 48 bibliotecas, permitindo que alguém, por exemplo, que vá a Valongo e que esteja inscrito na Biblioteca de Valongo, pelo facto desta rede metropolitana existir, pudesse ir à Póvoa de Varzim ou pudesse ir a Santa Maria da Feira e requisitar também livros nessa biblioteca e devolvê-los noutra”, exemplifica.
Já o diretor-geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), Silvestre Lacerda, que esteve na cerimónia do Porto, revelou aos jornalistas, que, no final do ano, vai ser possível realizar o empréstimo de livros eletrónicos – os chamados e-books – nas bibliotecas nacionais.
Portugal é o único país da União Europeia sem este serviço. Vai agora deixar de o ser, como consequência de um apoio de financiamento e de equipamentos informáticos às bibliotecas. “No final do ano, vamos ter oportunidade, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), do empréstimo de livros eletrónicos”, algo que “não existe atualmente”, disse o responsável da DGLAB.
Sobre o financiamento do PRR, Bruno Eiras informa que “o projeto dos e-books e a plataforma de empréstimo nacional que será para todas as bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, teve um financiamento de cerca de 900.000 euros. Já o agregador de catálogos, neste caso da Área Metropolitana do Porto, porque os valores são diferentes consoante o número de bibliotecas que estão a participar em cada rede, tem um financiamento de cerca de 50.000 euros.”
Na sessão de assinatura do protocolo, realizada na sede da AMP, o diretor da DGLAB afirmou que “em 2022, na Área Metropolitana do Porto, foram contabilizados mais de 2 milhões de documentos, cerca de 345.000 inscritos nas bibliotecas, cerca de 870.000 entradas de novos recursos de informação, de 225 computadores pessoais com acesso à Internet e 188 trabalhadores com formação especializada, em bibliotecas e documentação.” Valores altos que, para Silvestre Lacerda, demonstram o valor essencial das bibliotecas e a sua utilidade pública para o fomento da literacia.
Durante o seu discurso, o representante da DGLAB ressaltou também a importância das bibliotecas no contexto da democracia. “As bibliotecas públicas são normalmente um bom indicador do estado da nossa democracia. Assim, elas continuem a ter um papel de integração, de inclusão de todos os cidadãos.”
Já a ex-diretora regional de Cultura do Centro, Susana Menezes, salientou a necessidade de formar as equipas técnicas, já que, segundo a responsável, “bibliotecas mais fortes, mais capazes, mais resilientes, geram necessariamente comunidades mais fortes, mais capazes e mais resilientes e, sobretudo, geram comunidades mais coesas do ponto de vista social e do ponto de vista cultural”.
Além da AMP, a DGLAB pretende expandir o plano de empréstimo de e-books e a criação do catálogo online a todo o país. Na assinatura do protocolo, estiveram ainda presentes a primeira-secretária da AMP, Ariana Pinho, e vários bibliotecários e arquivistas.
Editado por Filipa Silva