A informação foi avançada no site do projeto, que dá também conta de que 11 dos edifícios são destinados a escritórios. As obras no espaço, que está a ser transformado num polo empresarial, cultural e social, deverão estar concluídas no início de 2025.

Imagem virtual disponibilizada no brochura do projeto. Foto: M-ODU

O antigo Matadouro Industrial de Campanhã, cujas obras de reconversão começaram em maio de 2021, já foi batizado. De acordo com a informação avançada pelo Porto Canal e presente no site do projeto, o espaço, que vai ser transformado num polo empresarial, cultural e social, vai chamar-se M-ODU.

O espaço não só vai acolher pequenos negócios, mas também reservas de arte, auditórios, museus e espaços culturais, de que são exemplo o Museu da Cidade e a Galeria Municipal do Porto, bem como projetos de coesão social. Onze edifícios são destinados a escritórios e os outros dois vão ser utilizados para servir o setor da alimentação. A cultura fica com outro grande edifício e na planta cabe ainda a 4.ª esquadra da Polícia de Segurança Pública (PSP). De acordo com a informação disponível na brochura do projeto, o projeto vai “manter a memória histórica e natureza arquitetónica” do espaço.

Com uma capacidade total para 2.347 pessoas, a nova construção vai ter 26 mil metros quadrados, dos quais vão ser utilizados 20.500 metros quadrados. Mais de metade desta área vai ser explorada pela Mota-Engil, que venceu o concurso de concessão em 2018, e vai ser usada enquanto polo empresarial. A restante vai ser explorada pelo município. A empresa construtora vai assegurar o investimento de mais de 40 milhões de euros, sendo que, quando terminar a concessão de 30 anos, o espaço regressa para a esfera da Câmara Municipal do Porto (CMP).

A reconversão do espaço deverá estar concluída no início de 2025, e não no final de 2024 como tinha sido inicialmente anunciado pelo Executivo da CMP. Ao Porto Canal, o vereador com o pelouro do Urbanismo e Espaço Público, Pedro Baganha, disse que a empreitada de um dos edifícios “está atrasada”, fazendo referência ao edifício que vai ser construído junto ao Mercado Abastecedor.

Pedro Baganha disse que foi necessário “monitorizar o muro de separação com o Mercado Abastecedor“, já que “esse muro pode vir a determinar um ajuste na geometria do muro de separação entre as duas prioridades”. “A obra está a decorrer com normalidade”, apesar deste atraso, garantiu. 

Ainda em declarações ao Porto Canal, o vereador disse também que a autarquia acredita que “os edifícios que são destinados ao município sejam entregues na data que estava prevista“, ou seja, ainda em 2024. “Não temos notícia que isso não venha a acontecer”, acrescentou.

Recorde-se que, já em 2023, a cobertura do espaço teve de sofrer alterações, depois de uma consulta da Infraestruturas de Portugal, para que não tivesse influência no funcionamento da VCI. Mais recentemente, disse ao Porto Canal que emitiu um parecer favorável para a construção de um viaduto sobre a VCI, que vai ligar o novo centro à estação de metro Estádio do Dragão.

Projeto do antigo Matadouro Industrial de Campanhã

A reconversão do Matadouro de Campanhã num espaço útil para a cidade era uma vontade do presidente da CMP desde 2013, quando se candidatou à Câmara do Porto. Em 2014, o Executivo de Rui Moreira dava conta de que o objetivo era transformar o espaço na “nova base logística de toda a cidade“, onde pudessem estar concentrados os pequenos negócios da cidade.

Apesar de o projeto ter sido incluído no Orçamento para 2014 da autarquia, o Executivo anunciou, em 2016, que a transformação do espaço só deveria acontecer no segundo mandato de Rui Moreira. Mais tarde, o autarca dizia que a empreitada teria início em 2017.

Nesse ano, a autarquia abriu o concurso público para a reconversão e exploração, durante 30 anos, do espaço – que viria a ser ganho no ano seguinte pela construtora Mota-Engil -, mas só em 2021 é que as obras arrancaram, com a demolição dos elementos que estavam em estado de degradação e das áreas adjacentes.

Inicialmente, Rui Moreira, já no segundo mandato, dizia que as obras teriam início em 2019, com conclusão prevista para 2021, mas a autarquia teve problemas com o visto do projeto. O Tribunal de Contas demorou cerca de 14 meses a conceder o visto à empreitada.

A reconversão do antigo Matadouro municipal é considerada o projeto-âncora da revitalização de Campanhã, mas não é a única grande propriedade cuja reconversão está prevista na Operação de Reabilitação Urbana da Corujeira. Também a antiga estação de recolha da STCP vai ser transformada pela autarquia, que a adquiriu na segunda-feira (13). O espaço, que tem 45.535 metros quadrados, deverá, segundo uma nota de imprensa enviada às redações, ser transformado num “polo multifuncional, com habitação, comércio e serviços“.