[Análise] Alemanha, Escócia, Hungria e Suíça compõem o Grupo A. Há um claro favorito, mas os restantes lugares de qualificação estão totalmente em aberto. É um grupo que pode ter várias surpresas.

Alemanha, Escócia, Hungria e Suíça fazem parte do Grupo A. Ilustração: Clara Ribeiro/JPN

O primeiro grupo do Euro 2024, composto pela Alemanha, Escócia, Hungria e Suíça, é um dos mais interessantes. A equipa alemã é a seleção com mais vitórias na história da competição e é uma crónica candidata à conquista do título, mesmo que os últimos anos tenham sido um pouco conturbados. A qualidade não é a mesma de outras gerações, mas partem como claros favoritos do Grupo A e dificilmente vão falhar a qualificação.

Já o segundo lugar, que também dá acesso aos oitavos de final, parece não estar reservado. Escócia, Hungria e Suíça enquadram-se no grupo de possíveis outsiders que podem causar alguma surpresa e não há muito que diferencie estas seleções. É um grupo onde todos podem ganhar a todos.

Alemanha

A seleção alemã já conquistou quatro mundiais e três europeus. A equipa da casa está sempre no lote dos favoritos em todas as competições que participa. No entanto, depois da conquista do Mundial 2014 e da meia-final disputada no Euro 2016, os resultados têm desiludido. Nos últimos dois Campeonatos do Mundo (2018 e 2022), os alemães não conseguiram passar da fase de grupos e, no Euro 2020, foram eliminados nos oitavos de final.

É uma seleção que, apesar de estar em renovação há alguns anos, não tem sido bem-sucedida. Da geração de 2014, restam Kroos, Müller e Neuer, todos já na fase final da carreira. O plantel conta também com dois dos médios ofensivos mais cobiçados do futebol mundial – Musiala e Wirtz -, mas ainda assim a qualidade da seleção alemã não se compara à de outros tempos.

Pela falta de um ponta de lança de referência, a equipa ao comando de Julian Nagelsmann deverá optar por um ataque mais móvel com Kai Havertz a juntar-se aos dois jovens da Bundesliga. Na defesa, Kimmich deverá ocupar a posição de lateral-direito, com Rüdiger a liderar a linha. Mais do que a qualidade, há o desejo da histórica seleção voltar à ribalta do futebol mundial. Será que o fator ‘casa’ vai ajudar a trazer de volta a glória da Mannschaft?

Jogador destaque: Florian Wirtz – Bayer Leverkusen

O Bayer Leverkusen foi a surpresa da temporada ao conquistar, pela primeira vez, o título de campeão alemão, quebrando as onze temporadas de invencibilidade do Bayern. Entre os vários jogadores do clube, Florian Wirtz é um dos que mais se destaca.

O médio ofensivo, de 20 anos, é objetivo no passe e no drible, tem uma capacidade técnica impressionante, é extremamente criativo, frio em frente à baliza e movimenta-se de forma imprevisível. A jogar pela seleção, poderá não ter o mesmo impacto que tem no Leverkusen, mas Nagelsmann é um treinador que opta pela mesma fluidez ofensiva de Xabi Alonso e, se Wirtz tiver a mesma função livre que tem no Leverkusen, não há dúvidas de que o jovem talento vai fazer deste Euro um espetáculo.

Escócia

A seleção escocesa conseguiu o segundo lugar na fase de qualificação, apenas atrás da Espanha, cuja única derrota foi inclusive contra a Escócia. Scott McTominay, que tem vindo a despertar a sua veia de goleador, marcou sete golos na fase de qualificação e mostrou ser o grande destaque da equipa escocesa, liderada por Steve Clarke.

Andy Robertson e John McGinn são nomes de referência em clubes que ocupam o ‘top 4’ da Premier League e pilares da seleção escocesa. Há ainda Lewis Ferguson, capitão do Bologna de Thiago Motta, que tem encantado a Serie A.

Nas três participações em Europeus (1992, 1996 e 2020), a seleção escocesa não conseguiu passar da fase de grupos. Tendo em conta o plantel com que se apresenta, tem aqui uma oportunidade de ouro para fazer a melhor prestação de sempre.

Jogador destaque: Scott McTominay – Manchester United

O médio de 27 anos não é tecnicamente o mais dotado e, durante grande parte da sua carreira no Manchester United, jogou como médio mais recuado e com muitas responsabilidades de construção. Esta não é a área onde McTominay se destaca e o selecionador da Escócia parece ter percebido isso.

Na seleção, o jogador parte também do meio-campo, mas em momento ofensivo junta-se aos membros mais avançados da equipa e é uma ameaça constante às defesas adversárias com as entradas tardias na área. Este papel assenta-lhe bem melhor e o escocês terminou a fase de qualificação para o Euro com sete golos.

O técnico do United, Erik ten Hag, parece ter tomado notas, já que esta época o jogador ocupou o lugar de “avançado sombra”. Esta mudança parece ter dado frutos, uma vez que foi um dos melhores marcadores dos red devils na Premier League.

Hungria

Entre os anos 30 e os anos 60, os magiares eram das seleções mais temidas do futebol mundial, chegando a alcançar duas finais de Mundiais e um terceiro lugar num Campeonato da Europa. Desde então, não alcançaram o mesmo nível e estiveram 30 anos sem conseguirem a qualificação para uma grande competição. Em 2016, regressaram ao Europeu e alcançaram o primeiro lugar do grupo F, à frente da Islândia e de Portugal.

A seleção, liderada por Marco Rossi, vai marcar presença pela terceira edição consecutiva num Campeonato da Europa. A fase de qualificação dos húngaros foi fantástica e terminou em primeiro lugar, sem qualquer derrota. Apesar de não partirem como favoritos, tal como aconteceu em 2016, há espaço para uma possível surpresa.

Jogador destaque: Dominik Szoboszlai – Liverpool

O médio de 23 anos foi um dos nomes mais requisitados no início da época 2023/24, depois de ter ganho destaque ao serviço do RB Leipzig e da seleção húngara. Acabou por seguir para o Liverpool por 70 milhões de euros e tornou-se uma peça fundamental no meio-campo de Jürgen Klopp.

O capitão dos magiares tem uma enorme disponibilidade física e já conta com um belo catálogo de golos de fora de área, fruto da sua facilidade e potência de remate. Apesar de medir 1,87 metros, dispõe de uma capacidade de drible impressionante, um pouco incomum para alguém com a sua estatura.

Embora ainda seja jovem, Szoboszlai já é o grande destaque da Hungria há uns anos. Em 2020, o médio garantiu o apuramento da seleção para a fase final do Euro 2020 com um grande golo no último minuto da final do play-off contra a Islândia.

Suíça

A Suíça pode não ser uma potência do futebol europeu, mas a consistência com que produz talento e obtém resultados não pode ser ignorada: marcou presença em todos os Mundiais desde 2006 e eliminou a França, até então a campeã mundial, nos oitavos de final do Euro 2020.

Embora tenha deixado (muito) a desejar durante a fase de qualificação para o Euro 2024, a experiência dos seus jogadores pode fazer a diferença: Akanji venceu o triplete com o Manchester City na temporada passada, Xhaka venceu o campeonato alemão ao serviço do Leverkusen, e Sommer venceu o campeonato italiano pelo Inter. Além dessas peças, há outros jogadores que se podem destacar, como Okafor, Ndoye, Freuler, Kobel e Schär. Estes jogadores fazem da Suíça uma seleção que não pode ser subestimada.

Jogador destaque: Granit Xhaka – Bayer Leverkusen

Granit Xhaka teve uma das trajetórias mais imprevisíveis da última temporada. O médio saiu do Arsenal com um gosto amargo: há cinco anos, foi vaiado pelos adeptos em casa ao ser substituído, deixou de ser capitão da equipa, mas acabou por se tornar um dos melhores médios da liga inglesa na sua última temporada e quase venceu o campeonato.

Chegou ao Bayer Leverkusen como um jogador experiente que poderia servir de exemplo para os jogadores jovens do clube e acabou por sagrar-se campeão alemão. Xhaka é o maestro do meio-campo do Leverkusen, sendo um distribuidor de jogo excelente e eficaz, também muito físico e agressivo. Tendo em conta que Xhaka é um dos jogadores mais técnicos do mundo e é capaz de mudar o rumo dos jogos com um passe letal ou os seus remates de longa distância, qualquer seleção que jogue contra a Suíça vai ter de estar muito atenta.

Editado por Inês Pinto Pereira