[Análise] Albânia, Croácia, Espanha e Itália compõem o Grupo B. A seleção albanesa parte claramente em desvantagem em relação às restantes, mas dificilmente alguém vai sair deste grupo com os nove pontos.
Duas campeãs europeias e mundiais, uma finalista de um Mundial e a Albânia compõem o Grupo B. É um grupo de sonho para os adeptos que não apoiem qualquer uma destas seleções. São estes jogos que fazem as pessoas esperar pelo Europeu. Espanha e Itália partem, naturalmente, como favoritas, mas a Croácia já mostrou em várias ocasiões que consegue jogar ao nível dos gigantes. A Albânia parte em desvantagem, mas não pode ser totalmente descartada.
Albânia
O infeliz e involuntário “saco de pancada” do grupo, mesmo que, num grupo relativamente fraco, a Albânia tenha surpreendido na fase de qualificação e se tenha classificado em primeiro. No entanto, são poucos os jogadores que apresentam um nível similar aos jogadores das maiores seleções. Embora tenham carreiras respeitáveis, Asllani, Bajrami, Broja, Strakosha e Hysaj ainda não são jogadores consolidados nos seus clubes.
É claro que há qualidade no plantel da seleção da Albânia, mas é mais provável que, para os albaneses, este Euro seja memorável simplesmente pela sua participação – é apenas a segunda vez que marcam presença na competição no formato atual – do que pelo seu desempenho. Para os albaneses, qualquer sequência de resultados que não três derrotas já seria positivo.
Jogador destaque: Kristjan Asllani – Inter de Milão
Asllani é um jogador interessante. Começou no Empoli, que tem surgido como um canalizador de talento albanês na Itália, mas acabou por rumar para o Inter de Milão, depois de ter demonstrado a sua qualidade técnica e inteligência dentro de campo.
Tem tempo de jogo limitado, mas, quando entra em campo, serve como o metrónomo da equipa. Para os nostálgicos dos tempos áureos do futebol italiano, é um verdadeiro regista: é excelente na distribuição de bola, tem um remate perigoso de fora da área e não desaponta defensivamente. Asllani deve ser o coração da corajosa equipa albanesa que não vai desistir frente às seleções de maior tradição.
Croácia
Conquistar um segundo e um terceiro lugar nos últimos dois mundiais é um feito histórico para um país como a Croácia. A última geração do futebol croata superou todas as expectativas, sendo que muitos destes jogadores já abandonaram a seleção – Rakitić, Mandzukić – e outros estão já em final de carreira – Modrić, Perišić.
Os croatas vão precisar que o sangue novo se chegue à frente se quiserem replicar o sucesso dos últimos Campeonatos do Mundo e que as suas lendas saiam em grande. O herói dos penáltis, Livaković, mantém-se na baliza com Gvardiol e Stanišić a liderarem a defesa. Luka Modrić continua a espalhar classe e a dominar o meio-campo, mesmo com 38 anos. Apesar do sucesso no Mundial, a verdade é que, no que diz respeito a europeus, os croatas nunca conseguiram melhor do que uns quartos de final, em 2008.
Jogador destaque: Josip Stanišić – Bayer Leverkusen
O defesa de 23 anos foi um jogador muito útil na histórica época do Bayer Leverkusen, de Xabi Alonso. Apesar de não ser titular indiscutível, o atleta emprestado pelo Bayern Munique é um jogador regular no plantel da Bundesliga e marcou, inclusive, um golo na vitória frente ao clube a que está contratualmente ligado.
Stanišić, que chegou a representar as camadas jovens da seleção alemã, atua tanto a defesa central como a ala direito. O jogador croata destaca-se pela sua grande capacidade de progressão ofensiva, com e sem bola, com números bem acima da média dos restantes defesas das principais ligas europeias.
Espanha
A Espanha já não é a força imbatível que conquistou os Europeus de 2008 e 2012 e o Mundial de 2010, mas não deixa de ser uma das melhores do mundo. No último Europeu, a seleção espanhola só perdeu nas meias-finais frente à Itália, campeã europeia.
A gestão da posse de bola é, tradicionalmente, o principal foco em todas as gerações espanholas. A seleção tem, como é normal, uma abundância de médios de requinte, de que são exemplo, Rodri, Pedri, Olmo, Zubimendi e Merino. Podem não ser Busquets, Xavi e Iniesta, mas não deixam de ser dos melhores nas respetivas posições. Não deverá ser aqui que a Espanha vai enfrentar dificuldades.
Porro e Grimaldo, dois nomes bem conhecidos do futebol português, têm sido dos laterais ofensivos de maior destaque na Europa e podem ajudar a compensar alguma falta de poder de fogo no ataque. Resta saber se vão ser aposta. O fenómeno Lamine Yamal, de apenas 16 anos, vai estrear-se em grandes competições pela Espanha e vai bater vários recordes, nomeadamente o de jogador mais novo a competir num Europeu.
Jogador destaque: Rodri – Manchester City
Era preciso escolher um jogador para ser o destaque da seleção espanhola. Grimaldo e Porro são dois dos melhores laterais da temporada, Williams e Yamal têm encantado os adeptos com o seu futebol jovial e Pedri é já uma jovem superestrela. Mas Rodri é Rodri.
O médio do Manchester City faz de tudo. É comum os médios terem um ponto fraco, mas Rodri não sabe o que isso é. Joga como médio defensivo, mas, em comparação com os médios das principais ligas, é um dos que mais contribuiu com golos, é refinadíssimo com a bola nos pés e é um monstro a defender.
Não é à toa que, na opinião de grande parte dos que acompanharam a época europeia, Rodri é um dos principais candidatos aos prémios de melhor do mundo. O mais assustador? Rodri acabou de entrar no auge da carreira. Sem sombra de dúvida que é já um dos melhores médios da sua geração e não há muitos argumentos que contrariem a ideia de que é um dos melhores médios defensivos de todos os tempos. Ganhar um Euro ou um Mundial faria com que a sua carreira especial fosse ainda mais fenomenal.
Itália
Manter a base de um clube de sucesso na seleção traz, muitas vezes, bons resultados. Espanha e Barcelona, em 2010, e Alemanha e Bayern Munique, em 2014, são dois grandes exemplos disso. Para este Euro, a seleção italiana pode replicar esta estratégia e aproveitar o trabalho monstruoso de Simone Inzaghi, no Inter de Milão.
Bastoni, Dimarco e Barella são três pilares dos nerazzurri e, provavelmente, vão ser titulares na seleção dirigida por Luciano Spalletti. A Squadra Azurra tem sido algo bipolar nas últimas competições. Venceram a última edição do Euro, em 2021, mas no ano seguinte não marcaram presença no Mundial, pela segunda vez consecutiva, após terem falhado na fase de qualificação. Este ano, os italianos têm a oportunidade única de igualar a Espanha como únicas seleções a vencerem dois Campeonatos da Europa consecutivos.
Jogador destaque: Alessandro Bastoni – Inter de Milão
O defesa de 24 anos é a peça principal na defesa lapidar do Inter de Milão. Os nerazzurri, que venceram o campeonato italiano, tiveram um registo extraordinário de apenas 14 golos sofridos em 30 jogos nesta época da Serie A.
Apesar de pertencer à melhor defesa da Europa, Bastoni contribui bastante nos momentos ofensivos. O central gosta de progredir largos metros no campo com bola e de criar oportunidades de golo com os seus passes milimétricos. A capacidade de criação do italiano já causou danos aos portugueses, quando fez uma assistência perfeita para Barella, que ajudou a eliminar o Benfica na Liga dos Campeões de 2023.
Editado por Inês Pinto Pereira