[Análise] O grupo é composto pelas seleções da Dinamarca, Eslovénia, Inglaterra e Sérvia. A seleção inglesa é a favorita do grupo, mas as restantes seleções podem surpreender.

Dinamarca, Eslovénia, Sérvia e Inglaterra fazem parte do Grupo C. Ilustração: Clara Ribeiro/JPN

No Grupo C, a Inglaterra parte com um favoritismo absoluto, mas as restantes seleções não devem ser subestimadas. O percurso dos ingleses tem sido marcado por altos e baixos durante a era Southgate e uma das suas maiores dificuldades é justamente ter consistência contra as seleções dos escalões médios e altos. A vitória sobre as seleções da Dinamarca e Sérvia, que nos últimos anos têm sido presenças constantes nas competições internacionais, é esperada, mas não está garantida.

A competição entre Dinamarca, Sérvia e Eslovénia é apertada, mas a formação eslovena está certamente a um nível abaixo das outras duas. A Dinamarca pode finalmente provar o seu valor numa competição internacional, após o desempenho muito abaixo do esperado no último Mundial – ficou pela fase de grupos – e a Sérvia pode tirar proveito de uma boa geração para impressionar numa competição deste nível.

Dinamarca

A atual geração dinamarquesa é muito forte. Talvez não seja mais forte do que a que marcou presença no último Mundial ou no último Euro, mas é ainda assim muito forte. Além de contar com vários jogadores experientes, como Eriksen, Kjær e Højbjerg, os dinamarqueses têm também jovens muito talentosos, como Højlund, ponta de lança talentoso que viu o seu milagre se concretizar no Manchester United, e Kristansen, essencial no Bologna, o mais novo clube-sensação da Itália.

Para além do seu plantel equilibrado, a Dinamarca tem tradição na competição: venceu o Euro em 1992 e no último Euro marcou presença na meia-final, na qual perdeu no prolongamento. É esperado que depois da deceção do último Mundial, em que ficou pela fase de grupos, a Dinamarca volte com tudo, mas será possível igualar o resultado do seu último Euro?

Jogador destaque: Joakim Mæhle – Wolfsburg

Joakim Mæhle tem vivido um dos melhores anos da carreira. O lateral polivalente, que no início da temporada disse que se sentia livre das correntes do seu antigo treinador na Atalanta, está a ser um dos poucos destaques do Wolfsburg desta época.

Pela Dinamarca, Mæhle tem ainda mais liberdade para mostrar a sua qualidade. Embora tenha jogado pela esquerda no Euro 2020, tendo sido, talvez apenas atrás de Spinazzola, um dos melhores da competição na posição, deve jogar pela direita neste Euro. Muito bom no ataque, sólido na defesa e eficiente com ambos os pés, Mæhle vai ser uma das maiores armas dinamarquesas para desbloquear os flancos da oposição.

Eslovénia

A Eslovénia é, assim como vários países da região dos Balcãs, um grande berço de talento, que conta sempre com alguns jogadores de alto nível. A atual geração não é das melhores, mas ainda assim tem alguns jogadores que se destacam nas principais ligas: Oblak é considerado um dos melhores – se não o melhor – guarda-redes da última década, Kampl é um pilar da história do RB Leipzig, e Šeško é uma das maiores promessas na posição em que joga. A Eslovénia tem uma quantidade razoável de talento individual, mas num grupo como este será suficiente para que passe à próxima fase?

Jogador destaque: Benjamin Šeško – RB Leipzig

Benjamin Šeško começou a atrair interesse dos maiores clubes do mundo em 2021/22, mas, após um ano forte a jogar pelo Red Bull Salzburg, rumou ao RB Leipzig, uma progressão natural para jogadores deste meio. Nem sempre é chamado a entrar em campo – é revezado com Poulsen e Openda na dupla de ataque –, mas ainda assim é considerado uma peça muito importante do plantel e não é apenas por causa da ameaça ofensiva que traz consigo.

Šeško é um dos avançados do futebol europeu mais dedicados na defesa, um aspeto essencial para um clube como o RB Leipzig, que tem um futebol de altíssima intensidade. O seu jogo é muito dependente da sua movimentação, explosão e força e, no mais alto nível, essas características são essenciais.

Inglaterra

A Inglaterra é a seleção de maior tradição a nunca ter ganho um Euro e, para colocar sal na ferida, não vence uma competição internacional há 58 anos. O Euro 2024 é uma oportunidade para quebrar esta tendência e, com o plantel que apresenta – um dos melhores da sua história-, é provável que consiga.

Gareth Southgate, treinador dos Três Leões, pode não ter muitos resultados a seu favor, mas tem sido consistente nas grandes competições. Foi eliminado nas meias-finais e nos quartos de final nos dois Mundiais que disputou e perdeu nos penáltis no único Euro.

Depois de morrer na praia tantas vezes, a Inglaterra tem, pelo menos, o melhor plantel da última década: jogadores como Foden, Bellingham, Saka, Palmer, Kane, Rice e Watkins têm feito temporadas sensacionais e vão ser peças fundamentais para a campanha dos ingleses. Com notável qualidade a partir do meio-campo, a Inglaterra vai ser com certeza uma das mais fortes candidatas ao título e Southgate sabe que não tem tempo a perder. Resta saber se este será um clássico cenário de “It’s coming home! (it didn’t) ou se o troféu europeu realmente terá um novo lar.

Jogador destaque: Jude Bellingham – Real Madrid

Jude Bellingham é um nome que dispensa apresentações. A primeira época do médio de 20 anos no Real Madrid não pode ser descrita com outra palavra que não fenomenal. Com 16 golos e quatro assistências em apenas 23 jogos, é seguro dizer que os merengues não estão arrependidos dos 103 milhões de euros gastos no verão.

É, atualmente, um dos grandes favoritos à conquista da próxima Bola de Ouro e uma boa campanha no Euro pode aumentar as suas hipóteses de ganhar. Falta perceber onde vai encaixar na equipa de Southgate, que parece ainda não ter uma ideia de jogo bem definida, devido à abundância de talento que tem à disposição.

Apesar do elevadíssimo número de contribuições para golo, a característica mais fascinante de Bellingham é a forma como aparece sempre nos momentos mais importantes. É daqueles jogadores que se sabe que vai aparecer quando realmente é preciso. Apesar dos 20 anos de idade, já é um autêntico líder, tanto no Real Madrid como na seleção inglesa.

Sérvia

A Sérvia está a passar por um período de transição. É importante notar que este é o primeiro Euro da Sérvia enquanto país independente. A seleção dos balcãs participou em outras competições pela antiga Jugoslávia ou em conjunto com Montenegro.

Quanto ao plantel, alguns jogadores estão em idade de reforma, nomeadamente Tadić e Kostić, outros estão em local de reforma (Arábia Saudita), como Milinković-Savić e Mitrović. Mas, em geral, o plantel sérvio tem vários jogadores de qualidade e que estão no pico da carreira, bem como alguns jovens que são promessas interessantes, como Samardžić e Pavlović. O Euro 2024 tem tudo para ser histórico para a Sérvia e, se tirar bom proveito da sua melhor geração desde a independência, pode surpreender muitos dos espectadores.

Jogador destaque: Aleksandar Mitrović – Al Hilal

O Al Hilal, clube da Arábia Saudita, demonstrou um nível impressionante esta temporada. O clube, treinado por Jorge Jesus, sagrou-se campeão saudita e um grande contribuinte para os resultados do clube foi Aleksandar Mitrović. O sérvio é um ponta de lança clássico: é forte, instintivo e sabe colocar a bola dentro da baliza.

Embora tenha passado por períodos de altos e baixos no Fulham, antes de ir para a Liga Árabe, a presença do avançado na seleção é muito consistente, tanto que já é um dos melhores marcadores europeus em jogos entre seleções. Mitrović tem de tudo para ser a maior ameaça da Sérvia na competição.

Editado por Inês Pinto Pereira