O Partido Social Democrata conseguiu eleger 19 deputados, menos cinco do que o necessário para formar uma maioria absoluta. Miguel Albuquerque disse que vai dialogar com "todos os partidos", mas ainda não é certo se consegue formar um governo maioritário. PS, JPP, Chega, Iniciativa Liberal e PAN já disseram não estar disponíveis para dialogar com o PSD.

PSD venceu com 36,1% dos votos. Foto: Miguel Albuquerque/Facebook

O Partido Social Democrata (PSD) venceu este domingo (26) as eleições regionais na Madeira por 36,1% e elegeu 19 deputados, menos um em relação às últimas eleições. No entanto, o futuro político da Madeira continua em aberto, já que o PSD ficou a cinco deputados da maioria absoluta.

“O PSD/Madeira ganhou estas eleições de forma clara e inequívoca, deixando 0o segundo partido, o Partido Socialista da Madeira, a mais de 20 mil votos e com uma diferença de oito mandatos“, disse Miguel Albuquerque, líder regional do partido, que venceu as eleições pela quarta vez. Ainda durante as declarações, disse que a esquerda saiu “copiosamente derrotada” destas eleições, tendo em conta que o Bloco de Esquerda e a CDU perderam representação parlamentar

Aos jornalistas, afirmou estar disponível para falar com “todos os partidos“, mas não adiantou mais detalhes, nomeadamente sobre se vai aceitar governar em minoria ou tentar um acordo de governo. 

A Madeira foi novamente a votos no prazo de oito meses depois do último ato eleitoral. Em setembro do ano passado, Miguel Albuquerque também venceu as eleições, mas, tendo em conta que foi constituído arguido no âmbito da Operação Zarco – um processo relacionado com corrupção -, acabou por se demitir. O Presidente da República dissolveu a Assembleia Legislativa da Madeira e agendou novas eleições. Albuquerque, que nunca chegou a ser detido, decidiu recandidatar-se à liderança do PSD Madeira por considerar que tinha reunidas “todas as condições políticas” para o fazer. Em março, venceu as eleições internas do partido com 54,3% dos votos.

Este domingo, depois de ter votado, o líder regional do partido disse que a realização de três atos eleitorais, num curto período de tempo, poderia “causar algum cansaço nas pessoas“. 

PSD precisa de fazer acordos para garantir uma governação estável

Apesar de um acordo com outros partidos estar entre as possibilidades de Miguel Albuquerque, vários partidos deixaram claro na noite de domingo que não estão dispostos a participar numa solução do PSD. 

No último Governo, o PSD conseguiu fazer acordos com o CDS-PP e o PAN, mas agora não só o número de deputados não seria suficiente para alcançar os 24 necessários, como o PAN, que conseguiu reeleger a deputada Mónica Freitas (1,9% dos votos), deixou claro que não pretende participar numa solução social-democrata. “A nossa Comissão Política Regional e a nossa deputada já se pronunciaram a esse respeito e já deixaram claro que não estão disponíveis para acordos de incidência parlamentar“, disse a porta-voz do partido a nível nacional, Inês de Sousa Real.

O CDS elegeu dois deputados, menos um do que nas últimas eleições legislativas regionais (4,0%dos votos). 

Já o Partido Socialista Madeira, liderado por Paulo Cafôfo, conseguiu manter os 11 deputados que já tinha na Assembleia Regional ao conquistar 21,3% dos votos. Paulo Cafôfo deixou claro que vai começar a fazer “contactos com todas as forças parlamentares”, à exceção do PSD e do Chega, para apresentar uma solução alternativa à do Partido Social Democrata.

“Estes resultados mostram que é possível uma mudança de governo na região autónoma da Madeira. Juntos, PS e JPP elegem mais deputados do que o PSD. Aliás, o PSD teve nestas eleições o seu pior resultado de sempre”, disse. O partido Juntos Pelo Povo foi um dos grandes vencedores da noite, já que conseguiu aumentar o número de deputados de cinco para nove (16,9% dos votos).

Embora tenha indicado que só esta segunda-feira estaria disponível para falar sobre possíveis acordos, Élvio Sousa, líder regional do JPP, deixou claro que o partido “sempre disse que Miguel Albuquerque e o PSD estão fora de questão“. 

O Chega foi a quarta força política mais votada (12,5% e quatro deputados eleitos). Num primeiro momento, o líder regional do partido, Miguel Castro, disse que “só haverá governo de direita com a participação do Chega” e que, “sem as condições” impostas pelo partido, “o Chega não apoiará um governo do PSD”. Mas logo de seguida, disse que o partido “não vai negociar com um partido liderado por alguém constituído arguido em casos de corrupção“.

Também a Iniciativa Liberal da Madeira, liderada por Nuno Morna, disse não estar disponível para fazer acordos com o PSD ou com o PS. O partido conseguiu eleger um deputado, com 2,6% dos votos. “Estamos dispostos a falar seja lá com quem for, sempre numa perspectiva de conversa, mas não de acordos ou entendimentos. Daqui para a frente, connosco, será caso a caso“, acrescentou.

A CDU e o BE foram os grandes derrotados da noite eleitoral, já que não conseguiram eleger um único deputado, perdendo assim representação na Assembleia Regional

A taxa de abstenção nestas eleições foi muito semelhante à que se registou no último ato eleitoral: 46,6%.

De acordo com a Lusa, o representante da República para a Madeira vai ouvir esta terça-feira os partidos eleitos nas eleições regionais. “Conhecidos os resultados da eleição para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, o representante da República, considerando a urgência em encontrar uma solução de Governo que permita a aprovação de um Programa de Governo e de um novo Orçamento Regional com a maior brevidade, vai, desde já, começar a ouvir os partidos com representação parlamentar”, lê-se numa nota.

Após ouvir os partidos, Ireneu Barreto deverá indicar a força política que vai formar Governo. Tradicionalmente, tem sido a força política mais votada.