[Análise] Países Baixos, França, Polónia e Áustria integram o grupo D. As seleções francesa e holandesa partem como claras favoritas aos dois primeiros lugares do grupo. No entanto, a formação austríaca, que apresenta um elenco muito mais forte do que o que teve em qualquer outra edição, pode surpreender nesta edição.

Áustria, França, Países Baixos e Polónia compõem o Grupo D. Ilustração: Clara Ribeiro/JPN

Apesar de ser um dos grupos que aparenta um desfecho previsível, o grupo D pode, ao mesmo tempo, supreender. A seleção francesa parte como clara favorita, mas os seus resultados recentes não têm galvanizado e já mostrou, no último Euro, que pode ser eliminada por uma seleção inferior.

Os Países Baixos aparecem como favoritos ao segundo lugar, mas estando num período de transição geracional, a seleção pode ver o seu desempenho perturbado pela Áustria, que conta com um grande treinador e teve resultados recentes impressionantes. A Polónia é certamente a seleção mais fraca do grupo, mas tem jogadores com talento suficiente para conseguir alcançar alguns resultados.

Áustria

A seleção austríaca tem o potencial para fazer o melhor Euro da sua história. Sem muita tradição na competição, os austríacos participaram apenas em três edições até hoje, sendo que uma delas foi jogada em casa, e nunca passaram dos oitavos de final. Contudo, no Euro 2024, não só têm um elenco muito mais forte do que em qualquer outra edição, como também vão contar com Ralf Rangnick, um treinador conhecido por conseguir o melhor dos plantéis que comanda.

Jogadores como Schlager e Posch são peças essenciais das equipas em que jogam e Danso pode cobrir o buraco do tamanho de David Alaba – vai falhar o Euro por lesão – na defesa austríaca. Há também jovens promissores, nomeadamente, Baumgartner e Seiwald, assim como veteranos que vão acrescentar muito ao plantel, como Sabitzer e Arnautovic. Talvez o maior empecilho para os austríacos fazerem uma boa campanha seja o seu grupo, que conta com as duas gigantes do futebol de seleções, mas, tendo em conta os seus resultados recentes, a seleção austríaca não deve ter receio de impor o seu estilo de jogo.

Jogador destaque: Xaver Schlager – RB Leipzig

O médio de 26 anos já conhece bem o país onde vai ser jogado o Euro. Chegou à Alemanha em 2019, inicialmente para jogar no Wolfsburg, mas acabou por mudar para o RB Leipzig na época passada. Pode não ser o nome mais entusiasmante para quem não segue a Bundesliga, mas a verdade é que Schlager é um construtor de elite. O austríaco opera normalmente na base do meio-campo da equipa de Marco Rose e todos os ataques da equipa acabam por passar por ele.

A isto, junta-se a sua capacidade de desarme, que está bem acima da média, crucial para o equilíbrio de uma equipa que joga de forma tão ofensiva como o Leipzig. Numa Áustria sem David Alaba, Schlager vai ser o principal destaque.

França

Dizer que a França é a melhor seleção do mundo desde o Euro 2016 é uma afirmação pouco polémica. Com um estilo de jogo já consolidado pelo treinador Didier Deschamps, a seleção francesa conta uma série de jogadores que formam a elite europeia. São tantos nomes que se torna difícil quer para o selecionador escolher, quer para o redator enumerar.

Segundo dados do Transfermarkt, os jogadores que fizeram parte da última convocatória da seleção francesa sub-21 têm um valor de mercado superior ao de 16 das 24 seleções que vão competir no Euro 2024, incluindo o da Suíça – que eliminou a França no Euro 2020 – e o da Croácia, com quem disputou a final do Mundial de 2018.

Se há uma seleção que qualquer pessoa colocaria como uma das favoritas à vitória, é a da França e, a não ser que os seus craques desapareçam em campo, vai ser difícil provar o contrário.

Jogador destaque: Antoine Griezmann – Atlético Madrid

Antoine Griezmann é um nome bem conhecido de todos os adeptos de futebol. O gaulês de 33 anos deu-se a conhecer como avançado e principal referência de ataque nas equipas por onde passou. Contudo, ao longo da carreira, assumiu novas funções. Quer jogue como ponta de lança, extremo, segundo avançado ou até mesmo médio, Griezmann é sempre um dos melhores jogadores dentro das quatro linhas.

Um dos aspetos mais fascinantes sobre o versátil jogador é a sua inteligência em campo, que lhe permite desempenhar de forma exímia todas estas funções, muitas vezes no mesmo jogo. Esta época conta com 24 golos e nove assistências e continua a ser o foco do jogo ofensivo do Atlético Madrid.

No clube, joga maioritariamente na frente acompanhado de outro avançado. Já na seleção, tende a recuar e a ter um papel de médio de cariz mais ofensivo. Jogue onde jogar, é certo que Griezmann vai continuar a ter um papel preponderante na seleção francesa. Em 2016, foi eleito o melhor jogador da competição e só o mítico golo de Éder o impediu de levar o país à glória. Desde que entrou na seleção principal, em 2014, já venceu um Mundial e uma Liga das Nações e vai dar tudo para tentar conquistar a única competição que lhe falta pelos gauleses.

Países Baixos

Os Países Baixos podem não ter sorte em mundiais, mas continuam a ser uma das seleções com mais tradição no Euro: venceram a competição uma vez em 1988 e chegaram às meias-finais quatro vezes. A atual geração holandesa passou por uma série de momentos complicados: não foi ao Mundial em 2018, foi eliminada nos oitavos de final do Euro 2020 pela seleção checa e foi eliminada no Mundial de 2022 nos quartos de final.

Quando olhamos para os nomes que costumam fazer parte do onze inicial, os Países Baixos não parecem ter renovado muito. Veteranos como Blind, Van Dijk e Depay continuam a ser presenças assíduas e jogadores como Malen, Gakpo e Dumfries, que já têm feito parte dos últimos ciclos, ainda são jogadores predominantes.

Contudo, uma nova e talentosa geração holandesa tem emergido e pode ser crucial para uma renovação. Jogadores como Van de Ven, Zirkzee, Frimpong, Simmons e Wieffer têm feito temporadas fenomenais em equipas que disputaram as principais competições europeias e vão ter certamente a oportunidade de mostrar o seu talento nesta competição.

Talvez a preparação não se tenha focado na renovação total da seleção, mas outros jogadores que estão a ter boas temporadas, como Koopmeiners, Reijnders e Aké, têm ganho cada vez mais espaço e indicam que o Euro 2024 pode ser um novo marco para a laranja mecânica.

Jogador destaque: Teun Koopmeiners – Atalanta

Koopmeiners passou por uma verdadeira revolução na carreira. Cria do AZ Alkmaar, começou a jogar como médio defensivo, tendo mesmo ocupado a posição de central em algumas ocasiões. Mas nas últimas três temporadas, o jogador tem assumido uma posição muito mais ofensiva na Atalanta e chegou a ser o segundo médio com mais golos na temporada, apenas atrás de Bellingham. Esta polivalência vai ser certamente aproveitada por Koemann, mas pensar na posição que Koopmeiners vai ocupar pode causar alguma dor de cabeça.

Polónia

Pela quinta vez consecutiva, a seleção polaca conseguiu qualificar-se para a fase final de um Euro, apenas o quinto da sua história. Contudo, pode ser também o último Euro em que participa num futuro próximo, caso não mude radicalmente a sua situação, já que está em queda livre nos últimos anos. Falhou a classificação direta a jogar num dos grupos mais fáceis, mas conseguiu garantir uma vaga no Euro 2024 ao eliminar o País de Gales nos penáltis, na final do play-off.

A seleção, comandada por Fernando Santos durante apenas seis jogos, tem um plantel muito fraco, quando comparado com as outras seleções, seja as do grupo ou as da competição. Apenas Kiwior, Szczęsny e Zieliński podem ser considerados destaques desta temporada. Lewandowski já está a jogar abaixo do esperado há mais de uma temporada e é provável que, assim como nas outras grandes competições, passe despercebido.

O facto de a Polónia estar num dos grupos mais difíceis da competição é outro motivo de desespero para os polacos. Se a seleção conseguir um terceiro lugar, seria uma conquista merecedora de se assinalar feriado nacional no país.

Jogador destaque: Piotr Zieliński – Nápoles

Esta foi uma temporada para os adeptos napolitanos esquecerem. Embora não tenha demonstrado um nível tão bom como na última temporada, Zieliński foi uma das exceções. O médio pode não ter assumido um papel tão criativo quanto sob o comando de Spalletti, mas ao menos teve consistência suficiente ao progredir com a bola. Quando não jogou, o Nápoles teve problemas evidentes em conseguir chegar a posições de perigo.

Talvez, caso Lewandowski volte ao nível que se espera que jogue, Zieliński consiga assumir um papel de protagonismo e eleve o nível dos polacos.

Editado por Inês Pinto Pereira