No último dia do North Festival, a cantora luso-canadiana reuniu os seus “greatest hits” e trouxe consigo Ana Moura para uma nova interpretação do hino do Euro 2004. Maioria deu nota positiva à nova localização do festival.

Terminou, este domingo, a quinta edição do North Music Festival, no Prado do Parque de Serralves. Nelly Furtado foi cabeça de cartaz num dia marcado pela música brasileira. Além da cantora, atuaram WIU, Grupo Menos é Mais, Bell Marques e Claudia Leitte, artistas que transformaram o festival num Carnaval “à moda do Brasil”.

Ao som de “Say It Right”, Nelly Furtado subiu ao palco, trinta minutos após a hora marcada. O atraso da artista não diminuiu o entusiasmo dos fãs, que já gritavam “Nelly” bem antes de começar o primeiro tema. Filipa Castro, de 27 anos, já tinha lugar marcado na fila da frente, desde as 17 horas, com a amiga Flávia Mendes, de 25 anos. As jovens deslocaram-se até Serralves com o objetivo de ver o último concerto da noite. Com vários cartazes pousados sobre as grades em frente ao palco, Filipa conta que a sua música favorita de Nelly Furtado é “The Grass is Green”. Já para Flávia, “All Good Things (Come To An End)” é o melhor tema da cabeça de cartaz.

Num dia marcado por uma plateia bem composta, foram muitas as pessoas que estiveram no festival para assistir ao concerto de Nelly Furtado. Com uma bandeira portuguesa, Sérgio Pardal, de 28 anos, também aguardava na frontline para ver a artista pela segunda vez: “já vai há um tempo, foi em 2011, no Delta Tejo”, recordou ao JPN.

Nelly Furtado não esqueceu as suas raízes. Ao longo de todo o concerto, a luso-canadiana falou, várias vezes, em português, principalmente quando pretendia agradecer ao público que se reuniu para ver o espetáculo. Referiu ainda que tem grande parte da família em Portugal e declarou-se aos fãs portugueses: “te amo muito”.

Durante uma hora de espetáculo, a artista reuniu no alinhamento êxitos como “Maneater”, “Promiscuous” e “I’m Like a Bird”. “Eat Your Man”, com Dom Dolla, foi um dos temas mais recentes interpretados e marca uma nova identidade de Nelly Furtado.

Após o espetáculo da luso-canadiana, o sentimento geral era de contentamento. João Matos tem 34 anos e veio de Lisboa para ver “Nelly Furtado, só e apenas”. O produtor de televisão considerou um espetáculo “resumido”, com os greatest hitse afirma que “foi bom mostrar que ela está de volta e em boa forma”.

O concerto de Nelly Furtado contou com uma convidada portuguesa. Ana Moura subiu a palco para interpretar um remix de “Força”, a canção que Nelly interpretou para o Campeonato Europeu de Futebol de 2004, realizado em Portugal, provavelmente o tema que mais portugueses recordam da artista.

Relativamente à participação da fadista, João Matos confessa que não apreciou: “achei muito mau o remix, a monição dela estava muito baixa e a junção Nelly Furtado e Ana Moura não é uma junção que me agrade”. Pelo contrário, a atriz Sara Norte, em declarações ao JPN, achou “maravilhoso” o facto de Ana Moura ter participado no concerto: “é bom a Nelly valorizar os artistas portugueses e a Ana Moura é uma referência em Portugal”. A atriz revela que foi ao North Festival “por causa da Nelly Furtado”. “Ela faz parte da minha adolescência”, partilhou.

Carnaval em maio

Nelly foi a estrela do dia, mas foi a música brasileira que mais se fez ouvir em Serralves este domingo. O Grupo Menos é Mais estreou-se no Porto e contrariou a tendência de atuações a solo do dia. O espetáculo da banda começou e terminou com aquela que é a música favorita do público: “Lapada Dela”. Ao JPN, o vocalista do grupo de pagode, Eduardo Caetano, contou que “foi incrível” o concerto. “A gente nunca tinha vindo aqui, o pessoal cantou muito e foi bem divertido”, afirmou. O cantor elogiou a energia do público, que estava “cantando, gritando, pulando”.

Mário Oliveira, de 36 anos, é natural de Brasília, cidade do Grupo Menos é Mais, e foi ao North Music Festival por causa da banda. O tema favorito do fã é “Melhor eu Ir” e considera “muito bom” um line up de artistas brasileiros, referindo que o público brasileiro está muito presente em Portugal.

Grupo Menos é Mais, North Music Festival 2024

Bell Marques e Claudia Leitte foram também responsáveis por atrair grande parte do público. Os artistas criaram um ambiente de festa e conquistaram várias gerações de fãs. Ingride Lima tem 34 anos e veio de Paredes só para assistir ao concerto de Bell Marques e revela que gosta de todas as músicas do artista de 71 anos. Outra fã de Bell Marques é Patrícia Amorim. Natural de Pernambuco, tem 49 anos e diz que “Bell Marques é sempre Bell Marques” e que se sentiu “no Camaleão da Bahia”.

Claudia Leitte pediu ao público para se transportar até ao Carnaval de Salvador e para “sair do chão”. Cantou temas como “Bola de Sabão”, “DESTRAVA” e “Insolação Do Coração”.

WIU abriu o palco principal do último dia do festival portuense. Apesar de ter cantado para uma plateia reduzida, o rapper brasileiro, de 22 anos, contava já com fãs que esperavam tirar uma foto.

A tarde e o início da noite de domingo foram marcados pelos ritmos brasileiros, que contagiaram todos os presentes e provocaram uma festa repleta de dança e sorrisos.

Novo recinto aprovado

Pela primeira vez, o North Music Festival mudou de sítio. Esta edição realizou-se no Prado do Parque de Serralves no lugar da tradicional Alfândega do Porto e, apesar de algumas opiniões divergentes, o balanço geral é positivo.

Melissa Azevedo tem 26 anos e conta ao JPN que esta foi a sua estreia no festival e que marcou presença em todos os dias do evento. A jovem considera que o novo local reforça o caráter de “festival” do North Music Festival e afirma que “tem mais lógica” ser em Serralves. Melissa avalia a organização do festival, ao longo dos três dias, como “espetacular”. Revela que gostou do cartaz e de toda a experiência, até mesmo com a chuva que se fez sentir no sábado.

Outro apoiante desta nova localização é Wagner Serra, de 32 anos. Na sua opinião, a outra morada do North era “muito apertada, não dava para a gente se movimentar”. Afirma ainda que o novo espaço é melhor no que toca à circulação das pessoas, quer seja relativamente às casas de banho ou à área da restauração, e que o facto de o terreno ser “inclinado” permite uma melhor visibilidade para o palco.

A inclinação não agradou, contudo, a todos. Rúben Nogueira, 29 anos e natural de Valongo, confessa que, para ele, “seria melhor [na Alfândega]”. “É um espaço mais amplo para dançar, aqui é um bocado inclinado”, afirmou ao JPN. Apesar de ser fã da anterior localização, Rúben apreciou o ambiente “agradável” desta edição do festival.

Do lado dos que gostaram de ver o North em Serralves ficou também Beatriz Gosta, convidada de uma das sessões de comédia que decorreram no stand da Fnac. Ao JPN, afirmou que “é a segunda vez” que marca presença e que “é muito mais fixe” a nova localização do festival: “a vista do rio é lindíssima, mas aqui temos o verde da natureza”.

No último dia, o Palco Sunset, palco secundário do North Music Festival, apesar de contar com pouco público, foi por onde passaram Brolorizo e Riot para animar os presentes.

A organização não se mostrou disponível para fazer, ao JPN, um balanço da edição deste ano. Sobre a afluência de público, ainda não há números oficiais, mas ao “Jornal de Notícias” a organização adiantou que o dia de sábado terá sido o mais concorrido do festival “com 30 mil espectadores” a entrarem em Serralves.

Editado por Filipa Silva