Nenhum voo vai aterrar ou descolar do Aeroporto do Porto no dia 10 de setembro. Em causa estão obras de reabilitação da pista do aeroporto que vão começar já a 31 de julho e prolongar-se por 19 meses. A empreitada está orçada em 50 milhões de euros. Ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, esteve na assinatura do contrato de consignação.

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Aeroporto do Porto

A pista do Aeroporto Francisco Sá Carneiro vai ser reabilitada já a partir deste verão. O contrato de consignação da obra foi assinado esta segunda-feira (27) entre a ANA Aeroportos de Portugal e a Acciona. Estimada em 50 milhões de euros, esta intervenção vai resultar, segundo Thierry Ligonnière, CEO da ANA, num “reforço estrutural  do perfil longitudinal e transversal da pista do Porto” e na “renovação completa da infraestrutura de drenagem da pista”.

Estas obras pretendem reforçar a segurança e o desempenho ambiental do aeroporto e permitir o crescimento do tráfego futuro. “O objetivo é preparar as infraestruturas para um futuro crescimento sustentável. Vamos continuar a desenvolver o crescimento da conectividade do Porto e do Norte, nomeadamente na sua componente do longo curso”, afirma o CEO da ANA a quem cabe o investimento.

As intervenções vão começar a 31 de julho e vão prolongar-se durante 19 meses, estando a sua conclusão prevista para 2025. Os trabalhos serão efetuados durante a noite, entre as 00h00 e as 06h00, de segunda a sábado, para minimizar o impacto nas operações aeroportuárias. Este é um processo complexo, que, segundo o CEO da ANA, se assemelha a uma maratona, já que, “a pista terá de ser aberta e terá de estar em condições para receber o tráfego todas as manhãs, ao minuto, porque é a partir das 06h00 que os aviões terão de aterrar ou descolar”, referiu aos jornalistas.

CEO da ANA Aeroportos de Portugal. Bruna Pinheiro/JPN

Apesar de se prever que grande parte da empreitada vá ser efetuada sem prejudicar o tráfego aéreo, no dia 10 de setembro isso não vai ser possível. Nessa data, o Aeroporto vai mesmo fechar portas já que, “alguns dos trabalhos a efetuar demorarão um período mais longo do que as seis horas de que dispomos todas as noites. E esta situação leva-nos a propor um encerramento do aeroporto durante um dia completo. Será o único dia do ano em que não haverá aviões na pista do Porto”. Esta data foi escolhida, segundo Thierry Ligonnière, “com base em probabilidades de condições meteorológicas favoráveis”.

Segundo a ANA, em concreto, as obras na pista 17-35 do Aeroporto do Porto, vão alterar o sistema de drenagem, com “uma renovação integral que intervém em mais de cinco quilómetros de coletores de drenagem.”

O Aeroporto Francisco Sá Carneiro tem registado um crescimento acelerado do tráfego aéreo, assim,  “temos cada vez mais aterragens e descolagens e cada aeronave equivale a mais de 70 toneladas no ciclo de carga de pista. Torna-se, por isso, necessário preparar a pista para este crescimento”, refere Thierry Ligonnière.

Em 2023, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro voltou a bater recordes de passageiros: 15 milhões no espaço de um ano, a par de 100 mil movimentos de aeronaves, segundo dados da ANA.

Neste sentido, será, também, realizada uma “verificação profunda do pavimento com correção de geometria, remoção integral da camada de desgaste existente e aplicação de uma camada de desgaste de alto desempenho, totalizando cerca de 90 mil toneladas de materiais de pavimentação.”

Já a sinalização horizontal também vai ser renovada e a sinalização luminosa vai ser substituída por LEDs, de forma a promover a “eficiência energética, representando mais de 1.300 novas luzes de pista”. Ainda neste campo, vai ser instalado um “sistema de luzes de precisão”, que vai auxiliar nas “operações de baixa visibilidade“.

Serão, ainda, substituídos e renovados os “postes das linhas de aproximação” da pista 17-35. Já na faixa de segurança da pista “haverá a substituição de solos para reposição de resistência”.

Na cerimónia, além do CEO da ANA, Thierry Ligonnière, estiveram presentes o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro. e o autarca da Maia, António Silva Tiago. 

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, marcou presença. Bruna Pinheiro/JPN

“O Porto cresceu imenso em termos de tráfego aéreo e isso obrigava, de facto, a investimentos. Este é o início de uma caminhada de alguns anos que o país irá enfrentar como um todo”, disse aos jornalistas o ministro Miguel Pinto Luz, numa referência também ao novo Aeroporto de Lisboa que o Governo anunciou este mês.  

Também a autarca de Matosinhos falou sobre a empreitada e reforçou a “importância” deste investimento para a região. “O Aeroporto Francisco Sá Carneiro é o grande fornecedor de visitantes.” e “é evidente que precisava” das obras, disse. Numa altura em que “o turismo tem sido um setor fundamental para o crescimento e desenvolvimento da região e, naturalmente, de Matosinhos”, espera-se que “depois das obras na pista”, haja “uma ampliação do aeroporto“.

O Aeroporto Francisco Sá Carneiro é o segundo maior aeroporto do país que, agora, terá as condições operacionais reforçadas para que, segundo Thierry Ligonnière, “continue a ser um dos melhores aeroportos da Europa, de acordo com as opiniões dos passageiros”.