[Análise] Bélgica, Eslováquia, Roménia e Ucrânia fazem parte do Grupo E. Uma seleção é clara favorita à vitória do grupo e três seleções emergentes que ficariam satisfeitas com o avanço à próxima fase.
O Grupo E tem uma seleção que é claramente favorita e três seleções que apresentam um nível tão semelhante que chega a ser difícil definir quem vai ou não passar. A Bélgica tem se posicionado como uma das grandes seleções europeias na última década e, mesmo num período de transição, tem um dos plantéis mais fortes da competição. Já a Ucrânia pode ser apontada como favorita ao segundo lugar por ter conseguido igualar o número de pontos com a Itália na fase de qualificação – embora não tenha garantido uma vaga direta – e pela qualidade do seu plantel.
Mesmo assim, é difícil dizer que é muito melhor do que a Roménia ou a Eslováquia, duas seleções que, embora tenham plantéis limitados, têm conseguido competir suficientemente bem para chegar, pelo menos, a uma competição europeia.
Bélgica
A seleção belga está a passar por um período de reconstrução completa. Após a saída de Roberto Martínez, um treinador que teve ótimos resultados com a seleção – foram terceiros no Campeonato do Mundo de 2018 -, e a reforma de vários jogadores que foram pilares da geração, como Kompany, Alderweireld, Fellaini e Hazard, a Bélgica está a precisar de um recomeço, e nada melhor do que um grande torneio internacional para isso.
Tedesco é um treinador que teve muito sucesso, quando esteve ao comando do Schalke 04, mas depois teve dificuldades em continuar ao mais alto nível no RB Leipzig. Quanto ao plantel, há uma série de jogadores que não estiveram no último ciclo e que são promissores: Bakayoko, Debast e Vermeeren ainda estão muito verdes, mas Onana, De Ketelaere, Openda e Theate já são maduros o suficiente para terem tempo de jogo nas grandes equipas das principais ligas e vão ser com certeza alvos dos maiores clubes do mundo no futuro.
Além das jovens promessas, há jogadores mais experientes que fizeram parte do último ciclo, e veteranos consagrados do futebol mundial, como Lukaku, Vertonghen e De Bruyne. A fase de classificação da Bélgica para o Euro foi boa, com apenas quatro golos sofridos em oito jogos. É com certeza a favorita a vencer o grupo, mas se já está madura o suficiente para enfrentar as melhores seleções do futebol europeu, só o tempo dirá.
Jogador destaque: Jeremy Doku – Manchester City
O extremo elétrico de 22 anos chegou ao Manchester City no início da temporada com a missão de substituir o habilidoso Riyad Mahrez. O belga não é titular indiscutível, mas tem sido uma peça crucial para Pep Guardiola sempre que é necessário mexer com a partida.
Dono de uma velocidade estonteante e uma capacidade de drible que desmonta qualquer defesa, Doku é um verdadeiro “abre-latas” e consegue criar perigo a partir do nada. A capacidade de decisão depois destes dribles ainda não é perfeita mas, depois do adeus de Eden Hazard ao futebol, o ex-Rennes vai assumir o papel de principal desequilibrador da Bélgica.
Eslováquia
Esta vai ser apenas a terceira participação da Eslováquia, enquanto país independente, na competição. Após ficarem em segundo lugar no grupo J da fase de qualificação, os eslovacos têm agora de enfrentar um teste muito maior.
Embora a maior parte dos seus jogadores jogue fora das principais ligas, a seleção tem jogadores talentosos: Hancko é um dos melhores jogadores da Eredivisie, Duda foi um jogador que se estabeleceu na Alemanha e agora se aventura na Itália, e Lobotka foi um dos destaques da equipa do Napoli que encantou o mundo na época passada.
É improvável que a seleção chegue ao nível da grande seleção da Checoslováquia que venceu o Euro de 1976, mas, de qualquer modo, chegar ao terceiro Euro consecutivo já é motivo de orgulho para o povo eslovaco.
Jogador destaque: Dávid Hancko – Feyenoord
Hancko tem absolutamente tudo o que se espera de um defesa. O central joga tão bem com a bola nos pés que não chega a ser surpresa vê-lo jogar a lateral pela seleção. Peça crucial de Arne Slot no Feyenoord, Hancko é rápido, forte, técnico e tem uma leitura brilhante do jogo, visto que se sente confortável mesmo sob pressão e tem a coragem necessária para progredir sempre com a bola. Não é à toa que, nos últimos meses, o eslovaco tem sido apontado aos gigantes das cinco principais ligas europeias.
Roménia
A Roménia não é uma seleção de muita tradição no Euro. No entanto, tendo em conta a sua fase de classificação – ficou em primeiro lugar do Grupo I -, a seleção pode surpreender muitos adeptos. Participou na competição cinco vezes até hoje e a sua melhor campanha foi em 2000, quando a sua melhor geração da história chegou aos quartos de final.
Nas outras edições, não conseguiu passar da fase de grupos. Assim, o Euro 2024 pode ser um marco para os romenos. O plantel não é dos mais fortes: apenas um elemento joga com regularidade num clube das principais ligas europeias. Sem nomes grandes mas com bons resultados na fase de qualificação, só será possível julgar o nível da seleção romena de uma maneira: ao vê-la a jogar.
Jogador destaque: Radu Drăgușin – Tottenham Hotspur
O mais novo reforço do Tottenham foi um pedido pessoal do australiano Ange Postecoglou para reforçar a equipa no inverno. O central, que já disse que se inspira em Van Dijk para defender, tem um estilo defensivo mais calculista: é paciente para fazer o desarme e acerta sempre o timing dos seus saltos quando tem uma disputa aérea.
O romeno mais caro da história tem ainda uma grande qualidade no passe longo. Jovem, calmo com a bola nos pés e impositivo fisicamente, Drăgușin tem todas as qualidades necessárias para ser uma presença constante na seleção romena na próxima década.
Ucrânia
A Ucrânia pode não ser uma das seleções mais fortes do Euro, mas apresenta muita qualidade. O técnico da formação ucraniana, Serhiy Rebrov, tem uma carreira de sucesso e o seu plantel conta com várias peças interessantes.
Na fase de qualificação, fez uma campanha muito boa e ficou em terceiro lugar, num grupo onde estavam também Itália e Inglaterra. Mesmo forçada a passar pelas eliminatórias do play-off de acesso ao Euro, mostrou-se merecedora da vaga que conseguiu: o plantel é bem treinado e diversificado, tanto em termos de idade quanto em termos de posições; tem uma boa mistura de experiência com jovialidade, assim como jogadores de qualidade em quase todas as posições.
A Ucrânia de hoje pode não ter um jogador que chega aos pés de Shevchenko, mas vários dos seus jogadores, como Dovbyk, Zinchenko, Trubin, Lunin, Tsygankov e Zabarnyi têm um nível suficientemente bom para serem competitivos diante da maior parte das equipas do torneio.
Jogador destaque: Artem Dovbyk – Girona
O avançado de 26 anos tem sido o foco do ataque da época histórica do Girona. Com 1,89 metros e um porte físico impressionante, o ucraniano é uma ameaça constante dentro da área e um dos melhores marcadores em Espanha. Chegou à equipa catalã no início da temporada, depois de ser o melhor marcador do campeonato ucraniano.
Os seus golos ajudaram a equipa de Míchel a intrometer-se numa inesperada luta pelo título com os habituais candidatos. Na fase de construção, Dovbyk não é quem mais contribui, mas a sua presença na área adversária causa muitos danos.
Editado por Inês Pinto Pereira