A construção de um novo centro de saúde está inserido num projeto mais amplo de reabilitação de toda a zona da Triana, no concelho de Gondomar, projeto que prevê a demolição do Bairro da Triana. O objetivo é disponibilizar um centro de saúde "mais moderno" e "mais funcional". Esta obra e a requalificação dos arruamentos da zona envolvente deverão custar 4,2 milhões de euros.
A Câmara Municipal de Gondomar (CMG) lançou esta terça-feira (26) a obra do novo Centro de Saúde Brás-Oleiro, em Rio Tinto, no concelho de Gondomar. A empreitada, que inclui também a requalificação dos arruamentos da zona envolvente ao novo centro, deverá custar 4,2 milhões de euros.
“Hoje vai mesmo começar a acontecer esta obra“, afirmou o presidente da Câmara Municipal de Gondomar (CMG), acrescentando que “o desejo de obras no Brás-Oleiro remonta ao ano de 2000, já há 25 anos”. Segundo Marco Martins, o novo Centro de Saúde Brás-Oleiro, que vai albergar as Unidades de Saúde Familiar do Brás-Oleiro e Despertar, vai ser “mais moderno, mais funcional para os utentes e os profissionais, e vai servir ainda mais população“. Atualmente, estas duas unidades servem cerca de 15 mil pessoas.
A obra foi adjudicada por uma valor que ronda os quatro milhões de euros, dos quais cerca de 1,5 milhões foram financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “Estamos aqui para fazer uma aposta muito grande no território da Triana, zona mais ocidental do concelho de Gondomar, mas também estamos a apostar na saúde“, afirmou o autarca, relembrando que o Estado tem ainda de pagar “cerca de dois milhões de euros de financiamento que a Câmara assumiu“.
O presidente da Junta de Freguesia de Rio Tinto, Nuno Fonseca, saudou a colocação da primeira pedra da construção, dizendo ser “um dia muito importante para a cidade“. “Durante muitos anos, quando houve desenvolvimento urbanístico no concelho de Gondomar e na freguesia de Rio Tinto, a Triana, infelizmente, não teve o desenvolvimento que deveria ter e, portanto, esta obra é fundamental”, afirmou.
“Muitas das vezes, os habitantes duvidaram, muitas das vezes, durante estes dez anos em que estávamos a exercer funções, continuaram a dizer que a Triana estava esquecida e eu sempre disse ‘vai chegar o dia, vai chegar a hora’ e a hora é hoje”, disse, dirigindo-se ao presidente da Câmara de Gondomar.
Este novo centro de saúde vai substituir o já existente centro de saúde do Brás-Oleiro, situado na Rua do Chaimite. Carlos Nunes, agora presidente do conselho diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) Norte, presente na cerimónia, recordou que já, em 2009, foram “instalados uns contentores“, ainda que provisórios, na zona “até ter sido feita uma requalificação do espaço”, cujas instalações eram “bastante deficientes” e aparentavam “grande degradação“.
Ao JPN, Marco Martins refere que “se tudo correr bem, no verão do próximo ano, [o novo centro] já estará a funcionar“.
A construção do novo Centro de Saúde Brás-Oleiro está inserida num projeto mais amplo de reabilitação de toda a zona da Triana. O objetivo da requalificação da zona é, segundo Marco Martins, “promover aquilo que é uma transformação do território da zona ocidental de Gondomar e da freguesia de Rio Tinto“, nomeadamente “criar vias de acesso às zonas principais de acessibilidade – a poente da Rua D. Afonso Henriques e a nascente da Rua da Castanheira”.
“Temos um conjunto de arruamentos muito antigos, com mais de um século, sem largura devida para passar um autocarro, com impedimento de estacionamento para os moradores e dificuldade de circulação e, naturalmente, leva a uma pequena ‘guetização’, que foi acontecendo ao longo dos anos nesta área”, explicou.
Com este projeto, além do centro de saúde, vai passar a existir “uma rua direta desde a rotunda abaixo das Cantarinhas [da Triana]” que vai fazer a ligação a uma rotunda que vai ser construída junto ao centro de saúde, disse ainda Marco Martins. Além disso, vai ser prolongada a “ligação rodoviária que vem desde a Rua D. Afonso Henriques” até à zona do cemitério.
Demolição do Bairro da Triana
Um dos aspetos que também está previsto neste projeto de reabilitação é a demolição do Bairro da Triana, construído no final da década de 90 e que conta com 25 casas, nas quais habitam cerca de 15 famílias. Marco Martins refere que o município vai “realojar as 15 famílias”. Questionado sobre se já contactou estas famílias, o autarca disse que já o foi fazendo “informalmente” nos últimos meses e garantiu que “os serviços vão agora contactar as famílias, uma a uma”. “Isto não é uma coisa para amanhã, é para o próximo ano”, acrescentou.
O presidente da Câmara de Gondomar disse ainda que “as pessoas terão várias hipóteses de realojamento temporário” e poderão escolher “aquela que melhor servir para as suas condições, agregado familiar”.
No lugar do bairro demolido vai ser construída habitação acessível para “arrendar a famílias de classe média”. No total, deverão ser disponibilizadas 96 novas casas, o que significa que se vai “quadruplicar a oferta para o mercado de arrendamento“.
Os atuais moradores do Bairro da Triana poderão voltar a habitar naquela zona mas podem vir a fazê-lo numa tipologia diferente da que hoje habitam: “se [uma pessoa] mora sozinha, não pode ir para um T3. Se é uma família de cinco pessoas não pode ir para um T1. Isso depois terá de ser adaptado“, explicou Marco Martins, que relembrou ainda que este modelo já foi “implementado na freguesia de São Cosme, no Bairro das Casas Amarelas”.
O Bairro da Triana deverá ser demolido no próximo ano, mas o autarca não adiantou prazos de conclusão, dizendo que “vai depender dos concursos”. Esta empreitada representa um investimento que se situa entre os “18 e os 22 milhões de euros”.