[Análise] Portugal, Chéquia, Geórgia e Turquia compõem o Grupo F. O favoritismo de Portugal é indiscutível. Quanto às restantes seleções, é difícil dizer quem poderá passar à próxima fase.
Portugal, Chéquia, Geórgia e Turquia integram o Grupo F. Ilustração: Clara Ribeiro/JPN
O Euro 2024 vai ser o primeiro teste de Roberto Martínez como treinador de Portugal, numa prova desta natureza. Portugal é indiscutivelmente o favorito, tem um plantel que consegue competir com as melhores seleções da competição e está num grupo acessível. Turquia e Chéquia são seleções de respeito na Europa, mas que não têm tido resultados tão bons recentemente e vão tentar ao máximo alcançar o segundo lugar. A Geórgia é o amigo que está feliz só por estar lá, já que se apurou pela primeira vez.
Chéquia
Os tempos gloriosos da Chéquia na Europa já lá vão. Quando ainda competia enquanto Checoslováquia, era uma superpotência e conquistou o Euro em 1976; hoje, é uma seleção que não consegue competir no topo. Prova disso foi a campanha que fez na fase de qualificação: ficou em segundo lugar do grupo E, atrás da Albânia.
No entanto, possui um plantel razoável, cheio de peças interessantes. Schick tem sido um salvador para o Bayer Leverkusen, que não sofreu esta época qualquer derrota na Bundesliga, e Souček e Coufal venceram, na época passada, a Liga Conferência pelo West Ham. Se é o suficiente para a Chéquia passar à próxima fase, só a competição o dirá, mas é certo que não é nem muito mais forte, nem muito mais fraca que a Geórgia ou a Turquia.
Jogador destaque: Patrick Schick – Bayer Leverkusen
Se há um jogador predestinado, ele é Schick. O avançado checo fez esta temporada, por múltiplas vezes, milagres pelo Bayer Leverkusen, com vários golos nos últimos minutos. O contributo que deu para a conquista do título da Bundesliga não pode ser subestimado e não se deve esquecer que foi o único motivo pelo qual os alemães foram tão longe na Liga Europa – jogaram a final frente à Atalanta.
Schick tem muita presença na área, é forte, e é muito bom a ler o jogo. O ponta de lança deverá ser a principal arma dos checos na competição.
Geórgia
Os georgianos têm vivido uma verdadeira montanha-russa de emoções nos últimos tempos. Primeiro, viram Khvicha Kvaratskhelia tornar-se um dos melhores jogadores do mundo e um candidato a melhor jogador georgiano de todos os tempos. Depois, viram a seleção a apurar-se pela primeira vez para um Euro, após a vitória sobre a Grécia nos penáltis do play-off.
Infelizmente, o mais provável é que a festa dos georgianos aconteça apenas pela participação da Geórgia no Euro 2024. A seleção continua a apresentar uma qualidade muito fraca, apenas três jogadores jogam numa das sete principais ligas: Mamardashvili, Kvaratskhelia e Mikautzdze.
Para quem vê o copo meio cheio, entende que estes três jogadores, que têm uma qualidade indiscutível, são algo que a Geórgia pode aproveitar. Já aqueles que vêem o copo meio vazio pensam que três jogadores não são suficientes para competir neste Euro. Apesar disso, os georgianos estão certamente muito felizes, porque competir no Euro pela primeira vez é um motivo de celebração.
Jogador destaque: Giorgi Mamardashvili – Valência
O gigante de 23 anos pode causar algumas dores de cabeça a Portugal. Chegou ao Valência em 2021 diretamente da Geórgia e, esta época, tem sido preponderante na campanha da equipa de Rúben Baraja. Os valencianos recuperaram de uma série de épocas abaixo do nível habitual e estão novamente numa luta por lugares europeus. O georgiano tem dado uso à sua altura (1,97 metros) e é um dos melhores na Europa no que diz respeito a golos evitados. Com muitos anos pela frente e já com vários tubarões atrás de si, Mamardashvili é um dos guarda-redes mais promissores do futebol atual.
Portugal
Portugal está mais forte do que nunca. Livres das correntes de Fernando Santos, ex-treinador da seleção, os jogadores, que agora estão sob o comando de Roberto Martínez, jogam sob um sistema muito mais fluído e adaptado à qualidade do plantel. A seleção tem uma série de jogadores que jogam ao mais alto nível no futebol europeu: Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rúben Dias, Rafael Leão, Vitinha e Nuno Mendes são jogadores que fazem parte de uma elite e do leque de melhores jogadores do mundo nas suas respetivas funções.
Se Portugal vai vencer, só a competição ditará, mas é facto que este é um dos plantéis mais fortes que Portugal já teve na sua história, e uma mudança de comando só pode fazer bem. Para saber mais sobre a seleção portuguesa, leia o texto que o JPN fez exclusivamente sobre a equipa lusitana.
Jogador destaque: Bernardo Silva – Manchester City
Bernardo Silva é uma sensação. Nos dias de hoje, o português é indiscutivelmente um dos melhores jogadores do mundo, assim como um dos melhores que o Manchester City já teve na sua história. Capaz de jogar no meio ou como extremo, Bernardo é um jogador que apresenta uma flexibilidade tática rara e que, combinada com o seu estilo de jogo direto, aterroriza as defesas adversárias.
Muitas vezes comparado a Messi por ser um jogador com baixo centro de gravidade criativo, extremamente técnico e inteligente, o ex-Benfica deve atuar na direita pela seleção das quinas, e é certo que todo o ataque que passe por ele vai fluir.
Turquia
A seleção turca continua a ser, na teoria, uma das seleções “periféricas” da competição, mas, ao mesmo tempo, é uma das formações que pode surpreender. Os turcos não só têm os adeptos mais apaixonados – basta conferir qualquer publicação que se refere a algo da Turquia nas redes sociais -, como também uma quantidade de talento enorme.
Jogadores como Arda Güler e Kenan Yıldız são duas das maiores promessas do futebol mundial, e jogadores como Çalhanoğlu, Kökçü, Ünder, Özcan, Kabak e Çelik são jogadores que desempenham papéis importantes em clubes respeitáveis da Europa. Todo este talento fez com que a Turquia ficasse à frente da Croácia na fase de qualificação, discutivelmente a segunda melhor seleção dos dois últimos ciclos de Mundiais.
É ainda visível um certo descontentamento dos adeptos quanto ao desempenho da seleção nas últimas competições, mas este Euro pode ser importante para aumentar as esperanças de que a Turquia possa finalmente voltar a ser uma potência do futebol europeu.
Jogador destaque: Hakan Çalhanoğlu – Inter de Milão
Çalhanoğlu tem uma trajetória interessante na carreira. O médio começou a ganhar projeção no Hamburgo numa posição mais ofensiva. Depois, seguiu para o Bayer Leverkusen e ficou conhecido por marcar golaços; foi para o AC Milan e passou por um período negativo curto, mas voltou a ter um bom desempenho. Por fim, integrou o plantel do Inter de Milão, rival mortal do AC Milan.
No Inter de Milão, o turco começou a jogar a um nível nunca antes visto na sua carreira. Simone Inzaghi, treinador da equipa, começou a colocá-lo numa posição mais recuada, e, até hoje, Çalhanoğlu tem atuado como um mini-Pirlo.
O jogador disse recentemente que se considera o melhor regista do mundo, e mesmo num mundo com Rodri, é uma afirmação surpreendentemente discutível: tem um posicionamento defensivo muito bom, é muito confiante com a bola nos pés, é bom na pressão e na contrapressão, e tem um dos melhores passes longos do mundo. O camisola 20 do clube italiano é uma sensação e, se continuar a assumir este papel recuado e deixar os outros médios turcos brilharem à sua frente, é bem provável que a Turquia avance para a próxima fase.
Editado por Inês Pinto Pereira