O projeto "Zha!" da companhia de teatro Visões Úteis vai estrear-se com um espetáculo. "ZHA! LARAY" sobe esta quinta-feira e sexta-feira ao palco do Teatro Municipal do Porto. Projeto tem como objetivo combater o estigma da sociedade em relação à comunidade cigana.

Em palco, vão estar cerca de 30 pessoas de bairros sociais da freguesia de Campanhã. Foto: Filipa Prata/JPN

O Teatro Municipal do Porto recebe esta quinta-feira (6) e sexta-feira (7) um espetáculo de celebração da cultura cigana. “ZHA! LARAY”, projeto da companhia de teatro Visões Úteis, reúne intérpretes ciganos e não-ciganos e tem como objetivo combater o estigma da sociedade em relação à comunidade cigana.

Em cena, espera-se um ambiente animado, contagiante, onde a música, a dança e o canto se destacam, já que são, como refere o texto de apresentação da peça, “formas naturais de celebração, expressão e comunicação das comunidades ciganas”. O flamenco, a guitarra, a caixa, as palmas, o cante e o baile são palavras-chave que descrevem “ZHA! LARAY” – “laray” significa vida na língua romani.

O espetáculo, que envolve 27 residentes dos bairros de Contumil, Cerco e Lagarteiro, traz das periferias para o centro da cidade aquele que é o culminar do legado patrimonial e cultural da comunidade cigana. O espetáculo de 1h30 faz parte de um projeto artístico participativo, iniciado em 2022, e resulta de oficinas de sensibilização, de formação, criação, gravação de um CD e de três videoclips.

Para Inês de Carvalho, diretora artística do projeto, a peça traduz-se num lugar de fala e de visibilidade, onde é possível haver um reconhecimento destas pessoas enquanto artistas. “Tem a ver com criar condições dignas de paridade com jovens e adultos, que têm imenso talento artístico e poucas vezes têm oportunidade de o mostrar a um grande público. Muitas vezes, estas práticas artísticas ficam fechadas dentro das famílias, das festas, dos casamentos, e quando circulam, circulam pelas comunidades”, disse ao JPN à margem do ensaio de imprensa que decorreu esta quarta-feira (5).

André Sousa, responsável pela coordenação social do ZHA!, reforçou a importância de quebrar as barreiras que foram sendo construídas à volta desta etnia. “A maior parte destas comunidades está numa zona em que a linha férrea corta, ou a VCI corta, ou a circunvalação corta. Esta é uma forma de ligarmos todos, ligarmos as comunidades à cidade, e a cidade às comunidades”, explicou.

Este é um projeto apoiado e promovido pela Visões Úteis, uma companhia de teatro que tem vindo a desenvolver uma relação com o território nos últimos tempos e que se foca tanto na parte artística como social. “ZHA!” é apoiado pelo programa PARTIS (Práticas Artísticas para a Inclusão Social), da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação “La Caixa”.

As duas sessões têm início marcado para as 19h30 no Rivoli. Os bilhetes têm um custo de 2.50  euros

Editado por Inês Pinto Pereira