A proposta norte-americana para um cessar-fogo na Faixa de Gaza recebeu esta segunda-feira o apoio do Conselho de Segurança da ONU. O Hamas respondeu um dia depois com uma contraproposta. Israel descreve-a como uma rejeição do acordo.

O conflito entre Israel e o Hamas dura há mais de oito meses. Imagem: Filipa Silva via Thang-Nhat Tran/Xach Hill/Alfo Medeiros/Pexels

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou esta quarta-feira (12) frustração em relação à contraproposta do Hamas face ao plano de cessar-fogo em Gaza, admitindo que “algumas mudanças são viáveis. Outras não“. No entanto, Blinken considera que as complicações podem ser resolvidas.

O responsável norte-americano notou que é “crucial” o fim da guerra em Gaza: “Nas próximas semanas, vamos apresentar propostas para elementos-chave do plano do ‘day after‘, incluindo ideias concretas para como gerir a governação, a segurança e a reconstrução”, afirmou.

Disse ainda que “Israel aceitou a proposta tal como estava”, muito embora, não haja uma declaração oficial de Israel nesse sentido.

Na terça-feira (11), um dia após o Conselho de Segurança das Nações Unidas ter apoiado a proposta de cessar-fogo dos EUA, o Hamas e a Jihad Islâmica deram a conhecer aos mediadores do Qatar e do Egito a sua resposta à proposta, com algumas alterações ao acordo. A informação foi avançada por um alto responsável do Hamas, Osama Hamdan, em declarações à televisão libanesa Al Mayadeen.

No mesmo dia, uma fonte do Governo israelita disse à Reuters que o movimento islamista palestiniano alterou, na resposta que enviou para os mediadores, “todos os parâmetros principais e mais significativos” do acordo, razão pela qual os israelitas consideram que o Hamas rejeitou a proposta norte-americana.

Outra fonte não israelita disse, segundo a Reuters, que o Hamas quer que seja implementado um novo cronograma para o cessar-fogo e a garantia de que as tropas israelitas abandonam Gaza durante este período. Duas fontes de segurança egípcias confirmaram que o movimento islamista palestiniano quer garantias sobre determinados pontos, nomeadamente a retirada das Forças de Defesa Israelitas (IDF, na sigla em inglês).

A proposta norte-americana, apresentada a 31 de maio pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prevê a implementação de um cessar-fogo em três fases.

As fases do acordo: o que a Casa Branca propôs

Numa primeira fase, seria implementado um cessar-fogo temporário de seis semanas. Durante este período, deve proceder-se à troca de alguns reféns israelitas por prisioneiros palestinianos, seria obrigatória a retirada das Forças de Defesa de Israel das zonas mais povoadas de Gaza, acompanhada de um aumento de ajuda humanitária.

A segunda fase consistiria no retorno de todos os reféns capturados pelo Hamas e num cessar-fogo permanente. Segundo a BBC, Biden acredita que as negociações entre as fases um e dois podem ser difíceis.

A reconstrução de Gaza, com a ajuda internacional, e a devolução dos restos mortais dos reféns israelitas mortos estão previstas na terceira fase.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, demonstrou o seu apoio ao plano proposto pelo Presidente norte-americano. Numa publicação partilhada no X (antigo Twitter), Guterres encorajou todas as partes a “aproveitarem a oportunidade” para chegarem a um acordo.

O conflito entre Israel e o Hamas dura há mais de oito meses. Desde que o movimento islamista palestiniano atacou Israel a 7 de outubro, foi implementado apenas um cessar-fogo, em novembro, no qual foram libertados 105 reféns pelo Hamas. Até ao dia 8 de junho, segundo a BBC, foram libertados 116 reféns de um total de mais de 250.

De acordo com o Ministério da Saúde palestiniano, morreram mais de 37 mil palestinianos desde o início do conflito.

Editado por Inês Pinto Pereira