Após as eleições que terminaram no domingo já se conhece a nova distribuição dos assentos parlamentares pelos sete grupos políticos. Já o que diz respeito a alguns cargos de topo da União Europeia, ainda há decisões a tomar

O novo Parlamento Europeu (PE) tem mais 15 eurodeputados do que o anterior e vai contar com mais deputados da direita mais radical, embora não tantos quanto as sondagens apontavam. O Partido Popular Europeu (PPE) venceu as eleições europeias ao conquistar 189 dos 720 assentos do PE, mais 13 do que em 2019.

A segunda força política mais votada foi a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D). O grupo político garantiu 135 lugares, menos quatro do que nas últimas eleições.

O grande derrotado da noite foi o Renew Europe que, embora permaneça como o terceiro grupo político mais votado, perdeu 23 assentos parlamentares. Os liberais contam agora com 79 eurodeputados, sendo que dois deles são portugueses, eleitos, pela primeira vez, pela Iniciativa Liberal.

Em quarto lugar, ficaram os Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) com 76 lugares. Já o Grupo Identidade e Democracia (ID) cresceu significativamente e ocupa agora 58 lugares, mais nove do que no último mandato.

O insucesso da esquerda nestas eleições europeias foi também notório nos resultados do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia e da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL). Os grupos políticos, que conseguiram eleger 53 e 39, respetivamente, foram os menos votados. Estes números representam a maior derrota de sempre para a esquerda mais radical no Parlamento Europeu.

No PE, existem ainda 46 eurodeputados que ainda não pertencem a nenhum grupo político (Outros) e 45 membros independentes.

Neste momento, a divisão dos assentos do Parlamento Europeu é a seguinte:

As eleições europeias funcionam como uma espécie de mapa que nos ajuda a perceber os caminhos que a Europa poderá seguir nos próximos cinco anos. O que mostram os resultados destas eleições europeias?

A vitória da direita mais radical na Áustria, Bélgica, França e Itália e os segundos e terceiros lugares obtidos em inúmeros países da UE deram aos grupos mais ligados à direita radical, ECR e ID, 134 assentos no total.

Apesar da ascensão significativa da direita mais radical, os partidos moderados continuam a liderar no Parlamento Europeu. A aliança das Forças Construtivas Pró-Europeias (EPP, S&D e Renew Europe) conseguiram obter uma maioria absoluta, já que, em conjunto, somam 403 eurodeputados.

A esquerda mais radical perdeu representatividade política no Parlamento. A diminuição do número de eurodeputados no grupo Os verdes/Aliança Livre Europeia parecer antever uma agenda europeia menos focada na ecologia.

Da noite eleitoral, fica ainda a dissolução do Parlamento francês, após a vitória do partido extremista de Marine Le Pen, que ocupa agora 30 dos 81 lugares destinados aos eurodeputados franceses no PE.

Quem ocupará os top jobs?

Finalizado o processo eleitoral é necessário decidir também quem irá assumir a liderança nos cargos de topo da União. Embora o futuro ainda esteja em aberto, tudo aponta para a confirmação de quatro nomes – num ano de “raro consenso precoce”, como o classificou o site Politico – para os quatro cargos principais da União Europeia ou top jobs como são também conhecidos.

Em causa, estão os cargos de presidente do Parlamento Europeu (PE), presidente da Comissão Europeia, presidente do Conselho Europeu e a função de alto representante para a política externa e segurança.

Na presidência do PE deverá permanecer a maltesa Roberta Metsola. A atual presidente será mais uma vez a candidata pelo Partido Popular Europeu – o mais votado nestas eleições – com o objetivo de governar durante os próximos dois e meio (meio mandato).

O cargo de presidente da Comissão Europeia também deverá seguir a mesma lógica de continuidade de trabalho com a candidatura de Ursula Von der Leyen, que também é oriunda das fileiras do partido com mais assentos parlamentares no hemiciclo europeu: o PPE, que já confirmou também o seu apoio à alemã.

É para o cargo de Presidente do Conselho Europeu que Portugal entra nas negociações. António Costa é o nome mais provável para o lugar, como candidato pelo S&D. Diz também o Politico que Costa é apreciado por responsáveis políticos de todos os quadrantes além de ser visto como um bom negociador.

Luís Montenegro, atual primeiro-ministro de Portugal, garantiu, logo na noite das Eleições Europeias, que o Governo português estará com António Costa na sua candidatura e afirma que já conversou com Ursula von der Leyen e Emmanuel Macron sobre o futuro da presidência do Conselho Europeu. Resta saber se o processo judicial que levou à queda do Governo em novembro – a Operação Influencer, no âmbito da qual o nome do ex-primeiro ministro foi citado, sem que tenha contudo sido constituído arguido – terá alguma influência neste processo.

Além de Costa, Mette Frederiksen, primeira-ministra dinamarquesa, também está na corrida para o cargo.

Num mandato em que as mulheres poderão ocupar três das quatro posições principais na União Europeia, tudo aponta para Kaja Kallas, a primeira-ministra da Estónia, como a próxima Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.

Os nomes para a corrida à presidência têm de ser apresentados entre 28 e 29 de junho e cada candidato necessita de ser apoiado por maioria absoluta de líderes europeus, isto é 15 dos 27 representantes dos países-membros. A 16 de julho será apresentado o presidente da Comissão Europeia. A presidência do Conselho terá de ser decidida até 1 de dezembro, para que posteriormente nomeie o Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.

Editado por Filipa Silva