Ana Paula Martins, que marcou esta segunda-feira presença na sessão de comemoração dos 128 anos da ESEP, disse que “o Governo de Portugal quer que [os jovens] fiquem”. Durante a sua intervenção, falou ainda sobre a importância de haver uma maior especialização dos enfermeiros nas várias áreas. Já o Bastonário da Ordem dos Enfermeiros revelou que solicitou uma audiência com o atual ministro da Educação, Ciência e Inovação.
Na sessão solene comemorativa dos 128 anos da Escola Superior de Enfermagem do Porto (ESEP), que teve lugar esta segunda-feira (17), a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, dirigiu “palavras de incentivo” aos estudantes de Enfermagem. “O Governo de Portugal quer que fiquem”, afirmou no discurso de abertura.
“Ouvi muito bem aquilo que o Bernardo disse, precisamos de todos vós”, disse a ministra da Saúde, em resposta à intervenção do presidente da Associação de Estudantes, Bernardo Oliveira. “Nós queremos ficar, queremos formar famílias, trabalhar junto dos nossos amigos”, afirmou o jovem.
O presidente da Associação de Estudantes destacou a emigração como o principal desafio da classe profissional, a par da crise da habitação e da baixa remuneração. Bernardo Oliveira relembrou que Portugal tem a maior taxa de emigração jovem da Europa e afirmou que, segundo os dados mais recentes da Ordem dos Enfermeiros, “cerca de 60% dos enfermeiros fizeram pedidos de declaração para exercer no estrangeiro”.
Durante a sua intervenção, Ana Paula Martins relembrou o acidente de viação que sofreu no dia 7 de junho, de forma a enaltecer “a equipa de saúde extraordinária” que a acompanhou no decorrer da situação e a importância dos enfermeiros na “primeira linha” dos cuidados de saúde. “Houve um enfermeiro que me marcou profundamente, porque percebeu a sensibilidade e a precariedade que todos temos naqueles momentos e foi uma pessoa que me acalmou um pouco”, disse.
A ministra da Saúde falou ainda sobre a importância de haver uma maior especialização dos enfermeiros nas várias áreas. Ana Paula Martins referiu que “o papel dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica está realçado”, afirmando que estas são áreas fulcrais e “de destaque”. Neste sentido, lançou “um desafio às Escolas Superiores de Enfermagem”: “O país precisa de mais enfermeiros especialistas e, em particular, especialistas em enfermagem de saúde materna e obstétrica, de modo a garantir que as crianças nasçam em segurança”.
Após revelar que a “rede tem vivido com as maiores dificuldades no último ano e meio”, a ministra da Saúde afirmou, segundo a Lusa, que o enfermeiro coordenador para a Rede de Cuidados Continuados Integrados vai ser nomeado “nas próximas duas semanas“. “Estamos há cerca de um ano sem coordenador”, disse. Ana Paula Martins considera a nomeação “vital e determinante” e revelou que é uma área onde há “imenso a fazer”.
A sessão contou ainda com a presença do Bastonário da Ordem dos Enfermeiros. Luís Filipe Barreira elogiou a ESEP e o seu papel na formação de profissionais qualificados e lembrou que “o ensino de Enfermagem carece de ser olhado de uma outra forma”. Durante a sua intervenção, revelou ainda que solicitou uma audiência com o atual ministro da Educação, Ciência e Inovação. “Chegou a hora de alertar para a urgência da revisão do sistema de ensino de Enfermagem em Portugal”, acrescentou.
O presidente da ESEP, Luís Carvalho, e a presidente do Conselho Geral, Dulce Pinto, também marcaram presença na sessão.
Editado por Inês Pinto Pereira