O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, dissolveu o Parlamento e convocou eleições antecipadas. A decisão terá sido motivada pelas sondagens que atribuem popularidade ao Partido Trabalhista e pela situação económica atual. As eleições antecipadas estão marcadas para 4 de julho.
Os eleitores britânicos vão às urnas a 4 de julho para escolher o novo Parlamento do Reino Unido. Em maio, o primeiro-ministro, Rishi Sunak, surpreendeu o país ao anunciar que tinha pedido a dissolução do Parlamento e marcado eleições gerais antecipadas. A decisão, comunicada sob chuva em frente à residência oficial em Downing Street, em Londres, marca um importante capítulo na política britânica.
Inicialmente, as eleições estavam previstas para janeiro de 2025, mas Sunak, que assumiu o Governo em outubro de 2022, após a demissão de Liz Truss, decidiu antecipá-las. Se os conservadores não ganharem, os eleitores britânicos estão a caminho de conhecer o quarto primeiro-ministro desde 2019.
Sunak estava a ser pressionado para convocar eleições antecipadas dadas as sondagens dos últimos meses que apontavam para uma preferência do eleitorado pelo Partido Trabalhista. Segundo o “The Guardian“, a decisão de convocar eleições antecipadas foi divulgada numa altura em que a economia parece estar numa boa trajetória. O jornal dá conta de que dois ministros de Sunak mostraram estar reticentes em relação à data apontada por Sunak, por temerem que as melhorias da economia não sejam ainda sentidas pelos eleitores.
As sondagens apontam para um vitória do Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer. Caso se confirme essa tendência, os trabalhistas vão colocar fim a 14 anos de hegemonia conservadora. Desde que assumiu a liderança há quatro anos, Starmer, um ex-advogado de 61 anos, tem conduzido o partido para posições mais centristas.
O Governo de Sunak tem sido marcado por esforços para conter a inflação e melhorar a economia pós-Brexit e pós-pandemia e por políticas controversas, como a do acordo para enviar imigrantes ilegais para o Ruanda, legislação que depois de muitas barreiras legais foi aprovada em abril no Parlamento britânico. No discurso em que anunciou a convocação de eleições, Sunak defendeu a necessidade de os conservadores continuarem no poder para garantir a estabilidade e o progresso económicos.
Trabalhistas estão à frente nas sondagens
De acordo com a “BBC“, a sondagem mais recente, realizada pelo British Polling Council e divulgada esta quarta-feira (19), coloca o Partido Trabalhista com uma vantagem significativa sobre os seus concorrentes (41%). Já o Partido Conservador, que está atualmente no poder, surge com 21%.
Este cenário reflete o período conturbado que os conservadores têm enfrentado, especialmente desde a demissão de Liz Truss do cargo de primeira-ministra, em 2022. Desde então, o Partido Trabalhista têm se consolidado na liderança das sondagens e a diferença de 20 pontos percentuais sobre os conservadores parece ser sólida. Também o partido Reform UK, liderado pelo nacionalista Nigel Farage, tem assistido a um crescimento impressionante, alcançando 16% das intenções de voto.
Os Liberais-Democratas, com 11%, e o Partido Verde de Inglaterra e do País de Gales, com 6%, também estão a tentar aproveitar o descontentamento do eleitorado com os partidos tradicionais. O Partido Nacional Escocês (SNP) e o Plaid Cymru, da Irlanda do Norte, apresentam 3% e 1%, respetivamente.
Entre as medidas propostas, os Conservadores prometem, por exemplo, cortar a taxa principal do imposto sobre rendimentos (National Insurance) e aboli-la no caso dos trabalhadores independentes até ao final do mandato e introduzir um limite legal anual para a migração, a ser definido pelo Parlamento. O Partido Trabalhista promete revogar a “Lei do Ruanda” e aplicar IVA às propinas das escolas privadas, reforçando o seu compromisso com as políticas sociais mais equitativas.
Já o Reform UK compromete-se, por exemplo, a congelar a imigração não essencial e aumentar o limite do imposto sobre o rendimento para 20.000 libras (cerca de 23,7 mil euros). Os Liberais Democratas, por outro lado, estão focados em atingir a meta de zero emissões até 2045, reconhecer identidades de género não binárias e eliminar o controverso modelo de deportação para o Ruanda.
Como funcionam as eleições gerais no Reino Unido?
No Reino Unido, o primeiro-ministro é escolhido de forma indireta. Ou seja, os eleitores britânicos elegem os membros do Parlamento (MP) para representar os seus círculos eleitorais locais – existem 650. Note-se que cada distrito elege um deputado para a Câmara dos Comuns.
O partido que conseguir eleger mais de 326 membros – uma maioria simples dos 650 distritos -, ganha o direito de formar Governo. O líder desse partido é então convidado pelo monarca – neste caso, o Rei Carlos III – a formar um Governo e a assumir o cargo de primeiro-ministro. Este processo é apenas uma mera formalidade, já que o rei não interfere nos resultados eleitorais, nem nas decisões do primeiro-ministro.
Se nenhum partido obtiver a maioria absoluta, pode formar-se um Governo minoritário, como foi o caso de Theresa May em 2017, ou uma coligação de partidos, como fez David Cameron, em 2010.
Editado por Inês Pinto Pereira