A falta de condições financeiras do FC Porto foi o motivo pelo qual o clube abdicou da construção da Academia na Maia. Presidente da autarquia maiata garante que município não vai devolver o sinal de 680 mil euros já pagos.
O projeto da construção de uma nova academia de formação do FC Porto na Maia, proposto pela antiga direção do clube, foi descontinuado, devido a falta de “possibilidades financeiras” para adquirir os terrenos em causa, informou o clube em comunicado esta terça-feira..
A administração da SAD do FC Porto informa que “o clube não teria nesta fase possibilidades financeiras de dar continuidade ao processo tendente à aquisição dos terrenos em causa” e que já transmitiu essa informação à Câmara Municipal da Maia.
Na mesma nota, o clube recorda que o atual presidente do FC Porto, André Villas-Boas, já tinha demonstrado durante a campanha eleitoral preocupação pela maneira “precipitada e pouco ponderada” com que a anterior administração da SAD do clube decidiu investir numa academia de formação e treino de atletas.
A nova Administração do clube, após ter iniciado funções a 28 de maio, analisou a dimensão projeto em termos de “utilidade, timings de conclusão de obra e custo”, concluindo que “não existia qualquer plano concreto de viabilidade financeira” para continuar a construção do centro de treinos.
Mais ainda, o clube assegura que estava em falta “o pagamento da segunda prestação relativa ao procedimento de hasta pública para a compra dos terrenos ao Município da Maia.”
Dois projetos de academia
Foi um dos assuntos que dominou a campanha eleitoral que precedeu as eleições de abril, das quais André Villas-Boas saiu vencedor.
De um lado, a academia da Maia há muito falada pela direção de Jorge Nuno Pinto da Costa e que foi finalmente apresentada em março deste ano. Em 23 hectares de terreno, iriam nascer dez campos de futebol, um dos quais um mini-estádio com bancadas com 2.500 lugares, com capacidade para receber os jogos da Segunda Liga Portuguesa. Aos recintos desportivos juntar-se-ia um edifício com residência para atletas, escritórios e gabinetes de trabalho, além de zona médica, ginásio, cantina, auditórios e espaços administrativos. Um dos arquitetos que assinava o projeto era Manuel Salgado, que desenhou o Estádio do Dragão, e o valor estimado para a globalidade da obra era 40 milhões de euros.
Do outro lado, o Centro de Alto Rendimento (CAR) de Gaia, pensado por André Villas-Boas para funcionar como extensão do Centro de Treinos do Olival. De acordo com a apresentação do projeto, decorrida em abril, estão em causa 31 hectares de terreno, nos quais seriam construídos cinco campos de futebol, uma residência para atletas, um auditório, um pavilhão polivalente, uma bancada com 2 mil lugares e outras infraestruturas de apoio. A estimativa do investimento neste CAR, para o conjunto das três fases do projeto, era de 30 a 35 milhões de euros.
Depois da vitória de André Villas-Boas em abril, o novo presidente do FC Porto assumiu na tomada de posse que a academia era um dos dossiês em que tinha de tomar decisões. Um dos primeiros atos como presidente foi reunir-se com os autarcas de Gaia e da Maia sobre estes projetos.
Agora, a FC Porto SAD garante agora estar à procura de alternativas “dentro dos constrangimentos que o Porto tem” para construir as infraestruturas de que necessita para entrar na modernidade”.
Maia não devolve sinal de 680 mil euros
Quem também já reagiu à decisão do FC Porto de não avançar com a academia da Maia foi o presidente da autarquia, António Silva Tiago. Em declarações aos jornalistas, esta quarta-feira, o social-democrata garantiu que o município não vai devolver os 680 mil euros que a SAD do FC Porto pagou em fevereiro como sinal para a aquisição de uma parcela dos terrenos que a CMM vendeu ao clube em hasta pública por um total de 3,4 milhões de euros. Além disso, Silva Tiago confirmou também que o cheque que foi entregue à autarquia para o pagamento de uma segunda tranche, não tinha cobertura: “Recebemos o primeiro sinal no ato da adjudicação, 680 mil euros, e depois havia um prazo para entregar um reforço de 510 mil. Na altura, a SAD anterior entregou o cheque, o cheque não teve provimento, esperou-se um bocado, depois houve as eleições para a SAD [do FC Porto] e esperamos uns dias. Foi-nos dito, já com a nova direção, que iam criar condições para que o cheque tivesse provimento, nós aguardámos, o banco aguardou, mas isso não veio a acontecer”, explicou o autarca em declarações reproduzidas pela Agência Lusa.
O autarca assumiu ainda ter ficado “triste” com a decisão do clube, mas garante que o projeto que a Maia tem para aqueles terrenos – o futuro Parque Metropolitano da Maia, numa área de 350 hectares – “não está em causa”.
Editado por Filipa Silva