O Sindicato dos Jornalistas esteve reunido com o Governo nesta terça-feira. Luís Filipe Simões disse ao JPN que a reunião "correu muito bem" e que o Governo se comprometeu a manter "uma porta sempre aberta para o diálogo".
O Governo considera “uma prioridade absoluta” comprar as ações da Lusa que são atualmente detidas pela Global Media Group (GMG). A posição foi assumida, esta terça-feira (18), numa reunião do ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, com o Sindicato dos Jornalistas (SJ), para discutir os problemas do setor da comunicação social. O governante garantiu ainda estar a “acompanhar a situação” dos pagamentos em atraso no GMG e deixou promessas de “diálogo” com o SJ.
Sobre a recompra pelo Estado das ações da Lusa, negócio que só não terá ficado fechado em novembro devido à demissão do anterior Governo, Pedro Duarte referiu ao SJ que o Governo quer adquirir as ações, mas acrescentou que o Estado “não pode pagar mais do que o preço justo.”
“Isso pode ser importante para a Global, se esse dinheiro for canalizado para a melhoria das condições de trabalho e para que não aconteça, como hoje, a falta de pagamento aos trabalhadores”, comentou Luís Filipe Simões, presidente do SJ, ao JPN, na sequência da reunião.
Quando o negócio estiver concluído, o Estado, que atualmente detém 50,15% das ações da Lusa, vai aumentar a sua participação na agência de notícias em 45,7%, assegurando assim o controlo total sobre a empresa.
Outro dos aspetos abordados durante a reunião entre o Sindicato dos Jornalistas e o ministro dos Assuntos Parlamentares foi a situação que afeta centenas de trabalhadores da GMG, nomeadamente os atrasos sucessivos no pagamento de salários e subsídios. De acordo com o SJ, o ministro da tutela mostrou-se preocupado com o caso e disse que está a “acompanhar a situação”.
Luís Filipe Simões garantiu que o SJ continua a pressionar a GMG para regularizar os pagamentos em falta. Na última sexta-feira (14), a direção do SJ voltou a escrever uma carta dirigida à administração da GMG para “lembrar que a empresa já está em incumprimento quanto aos pagamentos aos trabalhadores a recibos verdes referentes ao mês de abril”. “Só queremos uma resposta a essa carta, que é o pagamento, e essa resposta ainda não chegou”, afirmou Luís Filipe Simões.
“Porta aberta ao diálogo”
Ao JPN, o sindicalista disse considerar que a audição “correu muito bem”. No encontro, segundo o presidente do SJ, o ministro que tutela a pasta da comunicação social reconheceu a importância do jornalismo, descrevendo-o como “um serviço público que deve ser defendido pelo Estado”, e comprometeu-se a expandir o diálogo com o SJ. “Ficou o compromisso de haver uma porta sempre aberta para o diálogo, para irmos a cada momento expressando as nossas preocupações e apresentando as nossas soluções”, explicou o presidente do sindicato.
O presidente do SJ considera que a postura do Ministério é “muito positiva para os dias que aí vêm”. “Ou se defende o jornalismo de qualidade e isento, esse jornalismo que está consagrado na Constituição, ou então a democracia vai passar por dias muito complicados”, disse.
“É bom sentir que quem governa também tem esta visão, porque é muito evidente, mas às vezes fica só no campo das palavras. Acho que, neste momento, os governantes têm mesmo que agir”, disse Luís Filipe Simões. “Como todos sabemos, o jornalismo e a comunicação social vivem um momento de emergência”, acrescentou.
Durante a reunião, foi discutido o plano de ação para o setor da comunicação social, que tinha sido anunciado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, numa conferência que assinalou o aniversário do “Jornal de Notícias” (JN), no início de junho. O ministro assegurou que o plano está a ser elaborado em conjunto com os organismos do setor, incluindo o SJ, que já está a concluir um conjunto de propostas para o financiamento dos media, “porque tudo se resume a isso”, comentou Luís Filipe Simões. “Ficámos de o fazer muito rapidamente, porque o ministro sublinhou mais do que uma vez que o momento é de urgência”, contou.
Entre as ideias discutidas, estão a disponibilização de vouchers que possam ser utilizados pelos cidadãos para aplicar no consumo de títulos ou assinaturas de media à escolha do eleitor e medidas fiscais, como a redução de impostos e o reforço do porte pago.
Editado por Filipa Silva