As aulas de fitness e manutenção acontecem todos os sábados em vários jardins da cidade. A iniciativa surgiu em resultado do estudo "Porto Ativo" da Faculdade de Desporto da UP, em colaboração com o Município do Porto.
“Porto.ComVida” é um novo programa municipal desportivo que visa incentivar a população a praticar atividade física nos parques e jardins do Porto. O programa começou no último sábado (15) e decorre até 28 de setembro. O projeto surgiu de uma investigação sobre a prática desportiva informal em espaços públicos, levada a cabo pelo Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (UP) e pelo Município do Porto.
“As pessoas simplesmente vestem o seu equipamento desportivo e vão para os espaços públicos, para os jardins, para as marginais das praias, para as ciclovias e fazem a sua prática desportiva”, afirmou ao JPN Luísa Ávila da Costa, docente da faculdade e uma das coordenadoras da investigação.
Na atividade física informal não há registos, inscrições e entradas, como normalmente acontece nos clubes desportivos ou ginásios. “Já há algum tempo” que a ausência de números criava “inquietação” no Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto (CIFI2D) da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP). Os investigadores desejavam conhecer a prática desportiva não formalizada“, afirmou Luísa Ávila da Costa.
De acordo com a docente, os números divulgados sobre a prática de desporto e atividade física em Portugal não são muito animadores. O estudo “Porto Ativo” indicou as principais barreiras e fatores de motivação para a prática de desportos e atividades físicas. Ao JPN, Luísa Ávila da Costa disse que os principais aspetos estão relacionados com a dificuldade dos munícipes para compatibilizar as suas agendas com a disponibilidade dos ginásios, os custos associados, “o medo de fazer coisas erradas” devido à falta de prática e a pouca motivação em praticar atividade física solitária na rua.
Durante a realização do estudo, os cidadãos tiveram a oportunidade de fazer sugestões que pudessem vir a ser implementadas na cidade, de forma a melhorar os números. “Essas sugestões tinham muito a ver com a flexibilidade do horário, redução de custos, segurança, quer dos espaços e dos equipamentos, quer pela presença de monitores profissionais, e sobretudo a questão social e relacional”, explicou. Neste sentido, Luísa Ávila da Costa destaca a importância da investigação para as autarquias, já que “não tinham consciência da realidade”.
Ao JPN, a coordenadora da investigação falou ainda sobre a importância de comunicar os dados numa linguagem acessível aos cidadãos e aos responsáveis políticos, bem como explicar de forma simplificada as conclusões do estudo à população. “A partir disso, eles conseguiram criar projetos que se enquadram num plano de políticas públicas concretas, […] em espaços informais e não necessariamente em infraestruturas diretamente dedicadas à prática desportiva”, disse Luísa Ávila da Costa. “Foi com muita alegria que vimos que os resultados deste estudo depois foram realmente utilizados”, acrescentou.
Luísa Ávila da Costa destacou ainda a dificuldade de se proceder à contabilização dos espaços informais. Este foi o desafio proposto pela Ágora, a empresa municipal responsável pelo pelouro da Cultura e Desporto. O método programado e científico utilizado revelou “dados interessantes” à investigadora, aos colaboradores externos do CIFI2D, Alan Ferreira e Vítor Sobral, e ao Município.
“Porto.ComVida” decorre até 28 de setembro
O Programa de Atividade Física do Município do Porto, que arrancou no último sábado, é gratuito e convida a população a “juntar-se a uma comunidade, que não está inscrita em nenhum clube, em nenhum ginásio, mas que tem gosto em praticar desporto e atividade física no espaço público”. As aulas de fitness e manutenção acontecem todos os sábados entre as 10h00 e as 11h00 da manhã.
O Porto.ComVida percorre as 18 estações multifuncionais do Porto – espécie de ginásios ao ar livre espalhados pelo Porto. Nos dias 8 e 22 de junho, 6 e 20 de julho, 7 e 21 de setembro, as aulas vão decorrer no Castelo do Queijo (zona streetworkout), Jardim do Calém (zona ativação geral), Parque da Pasteleira, Jardins do Palácio de Cristal, Jardim de Sarah Afonso, Avenida da Cidade de Xangai, Jardim de Paulo Valada, Jardim do Conhecimento/Alameda de Eça de Queirós, e Parque Infantil da Areosa.
Já nos dias 15 e 29 de junho, 13 e 27 de julho, 14 e 28 de setembro, as sessões vão acontecer no Castelo do Queijo (zona ativação geral), Jardim do Calém (zona streetworkout), Jardim de Machado de Assis (Foco), Praça dos Alámos, Jardim de Ezequiel Campos, Parque Infantil de Cervantes, Parque do Covelo, Jardim de Belém, Parque de São Roque, e Parque da Corujeira.
As aulas vão ser conduzidas por técnicos especializados e adaptadas às necessidades dos participantes de cada dia.
Editado por Inês Pinto Pereira