O festival está de regresso a Vila do Conde de 12 a 21 de julho, com um total de 239 filmes na programação. Para além dos prémios e dos convidados deste ano, destaque para a presença do nomeado aos Óscares João Gonzalez, que vai dar um cine-concerto, e também para um concerto inédito com imagens geradas por Inteligência Artificial.

O programa completo do festival foi revelado esta quarta-feira (26) numa sessão que se realizou no Teatro Municipal de Vila do Conde. Foto: João Jesus/JPN

O Curtas Vila do Conde está de regresso a 12 de julho para comemorar 32 anos de existência. A programação do festival, que decorre até 21 de julho, volta a espalhar-se por três espaços principais: o Teatro Municipal de Vila do Conde, o Auditório Municipal e a Solar – Galeria de Arte Cinemática. Há um total de 239 filmes, com origem em 45 países, para assistir e uma série de atividades para amantes e curiosos da Sétima Arte – e não só.

O diretor do Curtas, Mário Micaelo, referiu esta quarta-feira (26), durante a sessão de apresentação, que a seleção dos filmes a exibir no festival se tem tornado cada vez mais complexa. Só este ano, foram inscritos 6.674 filmes para as várias competições do festival, com origem em 138 países, dos quais a direção artística escolheu 239 filmes. Ainda assim, apreciam a adesão, que tem sido cada vez maior e surpreendente para um “festival com a dimensão do Curtas e que não tem o financiamento de outros festivais”, acrescentou o diretor.

A curadoria foi feita “tendo em conta vários aspetos”, desde indicadores de bilheteira, novos temas e perspetivas, opiniões e, sobretudo, novos trabalhos de artistas emergentes portugueses e europeus. Para além de procurar “perspetivar o futuro”, o festival teve também especial atenção em selecionar filmes que mostrem a “liberdade, diversidade e evolução do cinema”, uma vez que se celebram os 50 anos do 25 de Abril. Aliás, o lema deste ano é “O Vermelho, ao invés de passadeiras, acaba por colorir alguns cravos”.

Como é habitual, são várias as secções competitivas, nomeadamente a Competição Nacional, Competição Internacional, Competição Experimental, Take One!, My Generation, Vídeos-Musicais, Curtinhas e Curtas Pro Prémio Blit. Soma-se assim um total de 83 sessões de cinema, quatro masterclasses, oito conversas e uma apresentação de um livro. “Há coisas para todos os gostos”, não se limitando apenas ao cinema, que se cruza inevitavelmente com outras áreas, como a música e as artes plásticas.

Cinema, música, artes plásticas – com espaço para a Inteligência Artificial

Para além das exibições, o Curtas tem outros espaços na programação que visam a interação entre o público e artistas de estilos “menos comerciais”. No âmbito do programa In Focus, que se centra no trabalho de realizadores com uma carreira já consolidada, o Curtas convidou o realizador francês Bertrand Mandico e a sua atriz-fetiche, Elina Löwensohn.

Para além de serem projetados vários trabalhos do cineasta, de estética mais surrealista e por vezes macabra, o artista teve carta branca para escolher alguns filmes que contextualizassem o seu trabalho e que tenham servido de inspiração para várias criações. Mandico vai estar à conversa com o público e fazer parte de um momento inédito: uma entrevista realizada por si à sua colega e atriz de eleição, Elina Löwensohn. A atriz, de origem romena, tem também um percurso de sucesso no cinema de autor europeu e indie americano, participando em muitos dos filmes de Mandico.

Alberto Vásquez também faz parte do In Focus. O realizador de cinema animado, vencedor de quatro prémios Goya pelas suas animações criativas, vai revisitar a carreira e promete esclarecer as dúvidas do público quanto ao processo criativo de uma animação.

Também da área da animação, João Gonzalez, indicado ao Óscar de Melhor Curta-Metragem Animada por “Ice Merchants” e natural de Vila do Conde, vai marcar presença na 32.ª edição do Curtas Vila do Conde. O jovem realizador vai fazer parte do programa Stereo, que se dedica à ligação do cinema com o mundo da música. João Gonzalez vai dar um cine-concerto, no qual vai tocar ao vivo a banda sonora da curta que o levou à fama internacional, tal como de outros trabalhos, pela primeira vez.

No ano passado, o Curtas recebeu cerca de 25 mil espectadores. Foto: João Jesus/JPN

O programa Stereo parece ser aquele que contém as grandes novidades deste ano. “Mau Sangue”, uma obra audiovisual, vai ser apresentada neste segmento, num concerto irreverente que junta música a visuais criados por Inteligência Artificial (IA). A direção do festival acredita que a conversa sobre a utilização da IA no cinema é “inevitável” e que faz parte do presente e do futuro. Sublinham ainda que não deve ser vista como inimiga, mas sim como uma ferramenta de auxílio, que ainda deve ser limada e analisada com maior cuidado.

Há ainda espaço para o programa New Voices, dedicado a realizadores em ascensão. Laura Ferrès, realizadora espanhola, e Yorgos Zois, da Grécia, são os artistas escolhidos este ano. Morgan Quaintance, artista e escritor inglês, tem também alguns trabalhos projetados, no entanto, vai ter um maior destaque na Solar – Galeria de Arte Cinemática, com uma exposição de arte plástica que relaciona estados mentais a condições ambientais. Para os mais pequenos, há também um espaço de cinema infantil – o Curtinhas –, onde as famílias são bem-vindas.

No ano passado, o Curtas Vila do Conde recebeu cerca de 25 mil espectadores. Os passes gerais ainda estão à venda, pelo valor de 40 euros. Os bilhetes individuais para as sessões de cinema custam cinco euros. A programação e preçário podem ser consultados ao detalhe no site oficial do Curtas Vila do Conde.

Editado por Inês Pinto Pereira