Já está a funcionar o novo troço da Linha Amarela, em direção a Vila d’Este e com três novas estações. Viagem inaugural contou com muitos curiosos. Linha Rosa vai ter reforço de 96 milhões e deve abrir em julho de 2025.
Acabou-se a espera: a extensão da Linha Amarela da Metro do Porto, com destino a Vila d’Este, já está a funcionar em pleno. A inauguração aconteceu esta sexta-feira (28) e levou vários dos envolvidos e comunicação social numa viagem pelas três novas estações: Manuel Leão, Hospital Santos Silva e Vila d’Este. A linha já está completamente funcional e preparada para receber os mais curiosos. Quanto à Linha Rosa, que faz parte da mesma fase de expansão do metro, ficou prometida para daqui a um ano.
A viagem inaugural do novo troço do lado de Gaia iniciou-se pelas 10h00 em ponto na estação de Santo Ovídio. No local, estiveram Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, Tiago Braga, presidente do conselho de administração da Metro do Porto, Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, Helena Pinheiro de Azevedo, presidente da Comissão Diretiva do Programa Ação Climática e Sustentabilidade e Vítor Rodrigues, presidente da Câmara de Gaia. Juntaram-se também outros autarcas e figuras ligadas à obra, preenchendo totalmente a composição.
O primeiro ponto de interesse na viagem em direção a Vila d’Este foi o viaduto de Santo Ovídio cuja travessia, de acordo com Tiago Braga, é uma “experiência muito interessante de se ver ao pôr-do-sol”. A estrutura, de 420 metros, acabou por ser mencionada nos discursos que se seguiram à viagem, uma vez que terá sido uma das causas de atraso da obra, dado que parte do metal utilizado foi importado da Ucrânia.
De forma célere, passou-se pelas três novas estações, sem nunca parar – isso ficaria para mais tarde, na estação de Manuel Leão. Ao longo da viagem, ouviram-se comentários de como a zona tinha crescido surpreendentemente desde o anúncio do projeto e dos três anos de obra. A carruagem esvaziou momentaneamente em Vila d’Este, por poucos minutos. Miguel Pinto Luz agradecia ao condutor da carruagem por “ter evitado todos os buracos”, o que provocou alguns risos.
Visto o novo percurso, foi hora de rumar à estação de Manuel Leão, a única estação subterrânea do novo troço, com 23 metros de profundidade. Com direito a uma receção musical e em que o amarelo reinou, os visitantes juntaram-se no anfiteatro da estação para se ouvirem os discursos dos convidados.
O presidente da Câmara de Gaia lembrou várias obras, como a da Ponte Luís I e a da Arrábida, que enfrentaram problemas na altura da sua construção. Tal como elas, também o novo percurso do metro levantou algumas dúvidas: uma delas seria se o troço teria espaço suficiente para a circulação de duas carruagens em simultâneo, problema que foi despistado após vários testes e estudos. Saudou a atuação do novo Governo e o seu compromisso em “melhorar o futuro”, através de investimentos na mobilidade e habitação, principalmente. Eduardo Vítor Rodrigues aproveitou o momento para relembrar algumas das próximas apostas da Metro do Porto, principalmente a expansão para Gondomar, Trofa, Maia e Matosinhos.
Tiago Braga, pela Metro do Porto, também fez referência aos atrasos da obra, que se deveram “à pandemia, à guerra e à inflação”, segundo o presidente do conselho de administração. Tiago Braga sublinhou a importância da extensão da linha, um “projeto com papel preponderante na organização e transformação de Vila d’Este, tal como de toda a cidade”. Prometeu que, até 2026, todas as obras em curso pela cidade estarão concluídas e que brevemente se iniciarão futuros trabalhos. Referiu ainda que um dos grandes objetivos da Metro do Porto é atingir os 150 milhões de clientes até 2030, contribuindo para a diminuição da pegada carbónica urbana.
Helena Pinheiro de Azevedo, presidente da Comissão Diretiva do Programa Ação Climática e Sustentabilidade, também saudou os esforços da Metro do Porto, mencionando que sentiu “sempre um forte compromisso para o cumprimento do projeto”. A responsável aproveitou o momento para falar sobre a injeção de 96 milhões de euros nas obras da Linha Rosa, aliviando assim o esforço do Estado. O anúncio tinha sido feito pelo Ministro das Infraestruturas e Habitação na cerimónia que antecedeu a inauguração do troço, na estação de São Bento, às 09h00. O dinheiro é proveniente do programa Sustentável 2030 e serve para maximizar “a utilização de fundos comunitários na concretização da segunda fase da linha Rosa”, reduzindo o esforço financeiro nacional. O custo total previsto da obra que vai ligar a Estação de São Bento à Casa da Música continuará o mesmo: 304,7 milhões de euros, com financiamento do POSEUR, Fundo Ambiental e Orçamento de Estado.
Já a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, reforçou a ideia de como o investimento na mobilidade representa “qualidade de vida”. Alertou também para a necessidade de rapidez na execução das obras, “para que não se percam fundos europeus de extrema importância”. Aplaudiu ainda o interesse do Governo em apostar em alternativas sustentáveis, uma vez que “37% das emissões de gases, em Portugal, são culpa dos transportes”. A Linha Amarela passa agora a beneficiar mais de 10 mil pessoas e a captação de passageiros prevê uma redução de “quase 2500 toneladas de CO2 por ano”.
Os discursos fecharam com o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz. Sem perder tempo, agradeceu à Área Metropolitana do Porto e à Metro do Porto pelo “trabalho notável”, tal como ao novo Governo, constituído em março. Segundo o mesmo, o grande objetivo é “fazer do Porto o grande pólo de noroeste da Península Ibérica”. Mencionou que obras como a extensão da Linha Amarela e outras como da Linha Rosa, Rubi e Metrobus não podem ser pensadas de “forma compartimentada”, devendo considerar todos os fatores e impactos futuros. Realçou o seu desejo em entregar um país em melhores condições às gerações futuras, sem recorrer a “maniqueísmos” e críticas a governos passados e até futuros.
Linha Rosa deverá estar pronta em julho de 2025
Embora o dia pertencesse à Linha Amarela, no início da manhã falou-se muito sobre as obras na Linha Rosa (Casa da Música-São Bento), cujos atrasos têm sido criticados pela autarquia do Porto e pelos cidadãos. Segundo Tiago Braga, até 31 de maio deste ano, 78% dos túneis foram escavados e já possuem revestimento primário, ficando também concluída a escavação de três poços de ventilação e respetivos túneis de ligação – “o tosco está pronto”, referiu. Falta concluir, segundo o próprio, o revestimento e impermeabilização definitiva, os apoios às infraestruturas e mais alguns detalhes. À comunicação social, prometeu que a Linha Rosa abre ao público em final de julho de 2025.
Questionado sobre a ausência de Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, Tiago Braga acredita que não se tratou de uma posição política, mas de um conflito de agenda. O presidente da Câmara do Porto apontou no mesmo sentido, tendo afirmado nessa manhã à Antena 1 que se tratou “apenas de uma questão de agenda“, dado que tinha uma reunião na Câmara Municipal às 10h00. “Ainda bem que está pronta [a Linha Amarela]. O que eu queria era que a inauguração já fosse da Linha Rosa“, disse o autarca que tem feito críticas à Metro do Porto por causa dos atrasos nas obras.
Sobre estes, Tiago Braga referiu que não se sente pressionado pelos governantes. “Eu sinto-me pressionado pelas pessoas, pelos cidadãos que sentem a necessidade de fazerem uma mudança modal porque têm as suas vidas prejudicadas por não terem acesso fácil àquele que é o seu local de trabalho, de diversão, de estudos… Essa é verdadeiramente a pressão que a Metro do Porto sente”, admitiu.
Miguel Pinto Luz conversou com os jornalistas para apoiar os esforços feitos na mobilidade. “A importância desta obra para a região é absolutamente central. Aquilo que a Metro do Porto tem feito nas últimas décadas é notável. Tornou a região mais coesa, permitiu a transferência modal e temos cada vez menos carros e mais pessoas a utilizar estas infraestruturas”, descreveu. Vincou também que serão anunciados novos projetos em breve e espera “não haver derrapagens das obras”, uma vez que se trabalha com orçamentos e prazos muito limitados.
Os cidadãos puderam fazer o novo percurso gratuitamente durante o fim de semana. A partir de segunda-feira, a linha retoma o funcionamento normal. Segundo Tiago Braga, a linha terá uma frequência de passagem de oito minutos em horas de ponta e dez minutos durante o dia – serão de 6 a 7 composições por hora.
Editado por Filipa Silva