Até ao final de setembro pode encontrar em Serralves a exposição “Yayoi Kusama: 1945 - Hoje” da artista japonesa com o mesmo nome. Uma das curadoras da exposição, Filipa Loureiro, assegura que tem sido um sucesso entre visitantes nacionais e estrangeiros.

“Yayoi Kusama: 1945 – Hoje” fica até 29 de setembro em Serralves. Foto: Filipe Braga/Fundação de Serralves

A exposição “Yayoi Kusama: 1945 – Hoje”, patente em Serralves desde março, apresenta uma retrospetiva da carreira de Yayoi Kusama. O olhar sobre todo o percurso da artista plástica japonesa conta com 160 obras que vão desde as suas primeiras pinturas, passando por inúmeras esculturas e termina numa sala interativa.

Aa obras já estiveram expostas em Hong Kong e Bilbau. Agora no Porto, a mostra tem a novidade da extensão ao exterior, onde se pode ver, por exemplo, as Pumpkins de Kusama no seu ambiente natural, enquanto passeamos pelos jardins e espaços exteriores.

“A exposição traz esta relação com o exterior. E isso é único, porque é o espaço de Serralves que assim o proporciona”, afirma Filipa Loureiro, da equipa de curadores da exposição, ao JPN, numa visita guiada.

O percurso expositivo começa com os seus primeiros desenhos e estudos visuais feitos por Kusama durante a adolescência. Materiais que já demonstram o interesse e encantamento da artista pelo infinito e pelo universo. Presente está também nesses trabalhos, à medida que caminhamos pelas salas da exposição, o interesse pela interligação de formas e padrões, que mais tarde se tornam temas recorrentes em toda a sua  obra.

A repetição e a acumulação são outras das características marcantes na obra de Kusama. Esta dimensão é visível, a título de exemplo, na segunda sala ao observarmos obras como um terno de sofás feito da sobreposição de luvas para evocar a ideia de lar e conforto.

A artista tem também criado ao longo da sua carreira obras públicas, de modo a que a arte chegue a todos de forma gratuita. São dessas exemplo as suas Pumpkins, amarelas e pretas com pintas, que estão no exterior do edifício do Museu de Serralves, e que são visíveis do interior, através das janelas do piso inferior.

A propósito, refira-se que a Serpentine, em Londres, vai inaugurar a 9 de julho a maior das abóboras de bronze da artista japonesa até à data nos jardins de Kensington: a escultura terá seis metros de altura e 5,5 metros de diâmetro. 

De volta a Serralves, no Porto, a exposição retrata vários temas que a autora japonesa tem explorado ao longo dos anos : a ideia do eu, do autorretrato, o sub-tema do infinito. Kusama é conhecida pela sua obsessão por pontinhos e por bolas, havendo uma sala dedicada a isso. O uso do circulo ou ponto está sempre presente nos trabalhos da artista e é algo que investiga desde muito cedo. “O seu uso de microorganismos visuais representa a vontade obsessiva e compulsiva por estudar o detalhe dos seres que se movimentam”, observa Filipa Loureiro.

Entre os elementos mais aguardados da exposição em Serralves está a sala de espelhos infinitos, de entrada limitada, e onde os visitantes podem experienciar a sensação de infinito.

A busca pela conexão e interação entre o indivíduo, o espaço e a obra é um dos elementos centrais da obra de Kusama. Daí que o último momento expositivo seja essa instalação imersiva que convida o visitante a entrar numa nova extensão sensorial, ultrapassando as barreiras entre arte e a presença. Através do uso de espelhos e luzes, Kusama cria espaços que se estendem para além dos limites físicos do local, e o visitante entra numa contemplação profunda do espaço e do tempo. Durante 60 segundos, os visitantes podem sentir como se o tempo permanecesse em pausa.

O “Infinity room” é um dos espaços da mostra mais apreciados pelos visitantes. Foto: Gonçalo Barge/JPN

Kusama participou em diversas ações públicas e intervenções com a representação do corpo nu, pintado por bolinhas, mobilizando os orgãos de comunicação social, desde os anos 70. Este conjunto de momentos pode ser observado numa das salas da exposição, que contém uma coleção de vídeos que proporcionam uma visão mais profunda da trajetória de Kusama na sua luta política e por causas.

Kusama nasceu no Japão, em 1929, numa província rural, onde desde muito nova teve presente essa relação com o ciclo da vida, a observação da natureza. Por volta dos dez anos, foi-lhe diagnosticada uma doença mental que causa distúrbios com alucinações. Daqui resulta outro dos temas presentes na sua obra: a importância do debate da saúde mental e de como a arte pode ser uma forma de terapia.

Em todo o seu percurso, a motivação constante para o trabalho, é no fundo, uma forma de combater ou condicionar a doença, com esperança de a ultrapassar.

Ainda que sem poder revelar números, Filipa Loureiro, uma das curadoras da exposição, garante que a mostra tem tido elevado número de visitantes de todas as idades e locais. “A exposição tem tido muita procura, estamos a ter visitas do público escolar com muita frequência. Para além disso, temos tido muito público nacional e internacional”, afirma.

“Yayoi Kusama: 1945 – Hoje” está aberta ao público até ao dia 29 de setembro. Após esse período, vai evoluir para um segundo momento expositivo com um conjunto reduzido de obras.

A retrospetiva pode ser visitada durante todos os dias da semana, das 10h00 às 18h00, sendo para tal necessário escolher o slot horário quando se adquire o bilhete online, devido à alta procura e à capacidade limitada das salas de exposição.

A limitação do número de visitantes em simultâneo deve-se ao facto de as salas acolherem um grande número de obras. O museu pretende que todas sejam vistas com a maior calma e conforto. Outra das razões foi para garantir um maior controlo das salas e proteção das obras expostas.

Os bilhetes para a exposição de Yayoi Kusama podem ser adquiridos na bilheteira do Museu de Serralves ou através do site oficial. O preço varia consoante os descontos aplicáveis, sendo que o preço online do bilhete é de 24 euros e inclui entrada no Museu de Arte Contemporânea, Parque de Serralves, Treetop walk, Casa de Serralves, Casa do Cinema Manoel de Oliveira e exposição Yayoi Kusama. Os bilhetes gratuitos e os bilhetes com desconto, incluindo residentes em Portugal, só podem ser comprados presencialmente na bilheteira do Museu.

O Museu de Serralves oferece entrada gratuita no primeiro domingo de cada mês. 

Editado por Filipa Silva