O Portal Infocursos tem dados atualizados desde 20 de junho. Analisado o panorama nacional, o JPN olha para as licenciaturas e mestrados integrados da Universidade do Porto.
Cursos de Letras registam taxas de abandono mais altas. Foto: Gabriella Garrido/JPN
Entre os 1.624 cursos de licenciatura e mestrado integrado analisados no Infocursos 2024, cerca de meia centena são da Universidade do Porto (UP).
Alguns não têm dados disponíveis na base de dados deste ano, mas está lá a grande maioria, pelo que olhamos aos resultados dos principais indicadores da plataforma. Os dados são referentes ao ano letivo 2022/2023.
No capítulo do abandono, e seguindo a tendência já registada nos últimos anos, sobressaem os cursos ministrados na Faculdade de Letras. Sete dos dez cursos com taxas mais altas de desistência ao fim de um ano são desta área. O facto não é um exclusivo da UP, verificando-se também noutras universidades públicas, como na Clássica de Lisboa ou em Coimbra, por exemplo.
No Porto, a taxa de abandono mais alta é registada no curso de História da Arte (18,5%), mas considerando o número de inscritos foi em Línguas, Literaturas e Culturas que mais pessoas saíram (13,8%). Geografia, Filosofia, Arqueologia e Sociologia são também presenças assíduas nesta tabela.
Sem registo de qualquer abandono aparecem os cursos de Engenharia Física da Faculdade de Ciências e Engenharia de Materiais na Faculdade de Engenharia. Mas considerando os cursos com mais inscritos, o destaque vai para Medicina quer da Faculdade de Medicina quer do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), com taxas próximas do zero, e Gestão da Faculdade de Economia com 1,5% de desistências em 479 inscritos.
Arquitetura tem mais estrangeiros
No plano dos estudantes estrangeiros, o curso de Arquitetura continua a liderar. Um quarto dos estudantes deste mestrado integrado é de outra nacionalidade que não a portuguesa. São 233 em 864 inscritos. Segue-se o curso de Economia (141) e Medicina, com 138 estrangeiros. Neste último, há escassos dois anos, eram apenas 57 os estudantes estrangeiros.
Duas engenharias no pódio das médias mais baixas à saída
Entre os dados divulgados, estão também os que se referem às médias alcançadas pelos estudantes no final dos seus cursos. Neste caso, os dados têm como referência os anos letivos 2020/2021 e 2021/2022.
Entre os cursos que se destacaram pelas suas elevadas médias finais, estão o Mestrado Integrado em Medicina, oferecido pelo ICBAS, com uma média de 15,8 à saída, a Licenciatura em Design de Comunicação da Faculdade de Belas Artes, onde a nota média de saída é de 15,5; e o outro curso de Medicina da UP, ministrado na Faculdade de Medicina, onde os 528 diplomados saíram com uma nota média de 15,4.
Por outro lado, as médias finais mais baixas foram registadas em cursos como Engenharia Civil (12,3) e Engenharia Mecânica (12,8), ambos da Faculdade de Engenharia, e Direito (13,1).
Desemprego sem dados novos
No plano do desemprego, não há novidades este ano no Infocursos, uma vez que os dados não foram atualizados pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI). Ao JPN, o gabinete de imprensa do MECI respondeu que “não foi possível ao IEFP [Instituto do Emprego e da Formação Profissional] reportar dados mais atualizados, pelo que foram utilizados os valores para o mesmo período de referência” de há um ano.
E há um ano, pelo terceiro ano consecutivo, o curso de Arquitetura aparecia como aquele com maior taxa de desemprego (6,5% de inscritos no IEFP). Considerando os cursos com maior número de diplomados, Direito (5,1%) e Ciências da Nutrição (5,9%) surgem logo a seguir.
Por outro lado, cursos como Medicina (Mestrado Integrado) da Faculdade de Medicina e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar destacam-se com as menores taxas de desemprego, registrando apenas 0,3% e 0%, respetivamente.
Existem algumas similaridades entre os dados nacionais sobre desemprego em cursos superiores em Portugal e os dados da Universidade do Porto, sendo disso exemplo a alta empregabilidade em cursos da área da saúde.
Recorde-se que taxa de desemprego média nacional para diplomados pelo ensino público é de 3,1%, abaixo dos 6,5% registados para a população geral.