Num jogo com golos só na primeira parte, o FC Porto venceu, no Estádio do Dragão, o Al-Nassr por 4-0, no encontro de apresentação aos sócios. Otávio, Alex Telles e Luís Castro regressam ao Dragão e são ovacionados pelos adeptos. Nenhum internacional jogou na partida, marcada pelo domínio portista do início ao fim.
O FC Porto venceu, este domingo (28), por 4-0 o vice-campeão saudita Al-Nassr, no Estádio do Dragão, no jogo de apresentação aos sócios, a uma semana da disputa do primeiro troféu da época.
O bis de Nico Gonzalez, acompanhado dos golos de Iván Jaime e Gonçalo Borges, deram corpo, ainda na primeira parte, à goleada sobre a equipa de Luís Castro e de Cristiano Ronaldo – este último ausente da partida. Foram quatro, ficou a sensação que podiam ter sido mais.
O próximo jogo portista será a contar para a Supertaça Cândido de Oliveira frente ao campeão Sporting, no próximo sábado dia 3, no Estádio Municipal de Aveiro.
Pré-jogo emocionante
O jogo teve início marcado para as 18h30, mas a festa dos adeptos começou horas antes à volta do estádio, com muita animação e as típicas rulotes numa alameda pintada de azul e branco. Uma maré cheia de adeptos que esgotaram os bilhetes para o jogo em poucas horas, garantindo lotação esgotada: 47 316 adeptos encheram as bancadas do Estádio do Dragão.
Ao JPN, Nuno Silva, de 39 anos, sócio com lugar anual, afirmou que esperava “uma grande festa”. “É um jogo para a família, um jogo onde o Porto volta a ter a apresentação individual dos jogadores, que é um ponto positivo desta nova direção. Esperamos um bom regresso a casa e uma vitória”, afirmou. O último jogo de apresentação aos sócios com apresentação individual dos jogadores foi em 2021, numa vitória frente ao Olympique Lyonnais por 5-3.
Quanto às expectativas para a nova época, Júlio Castro, vestido a rigor, afirmou com certeza que o campeonato é o “objetivo principal” e que os azuis e brancos têm potencial para competir com os rivais diretos que “gastam mais dinheiro”. Já Nuno Silva, numa perspetiva que classificou de mais “realista”, afirmou que os dragões são os “outsiders dos três grandes”, mas que com a “raça do dragão, é sempre de acreditar num possível brilharete”.
Ainda no exterior do estádio, o JPN encontrou Sílvia Pereira, de 50 anos, e Dinis Oliveira, de 13, muito alegres e “preparados para o jogo”. Sílvia abordou as saídas de Taremi e Pepe com firmeza: “Temos de sair por cima. Tem que ser, só faz falta quem cá está”, disse. Dinis, mais pensativo, afirmou que a saída de Pepe “é triste”. “Era o nosso capitão, o Porto vai ter que arranjar um substituto”, rematou.
Equipa começa nas bancadas
Cerca de hora e meia antes do arranque do jogo, cumpriu-se a aguardada apresentação individual dos jogadores. Para surpresa dos presentes, os atletas saíram das bancadas, onde estavam entre os adeptos, antes de correrem rumo ao relvado.
O FC Porto tem demonstrado querer uma aproximação aos adeptos desde a entrada de André Villas-Boas na presidência e esta foi uma maneira de o demonstrar.
O mais aplaudido da tarde foi sem dúvida Francisco Conceição, que não jogou este domingo – tal como os restantes internacionais, por só se terem juntado à equipa na última semana. Mas mal o seu nome foi anunciado, já o Dragão o cantava.
Após a entrada da equipa técnica liderada por Vítor Bruno, o Dragão ficou ao rubro, novamente, demonstrando confiança na equipa.
Apesar de alinharem pela equipa adversária, também Otávio e Alex Telles foram recebidos com um grande aplauso pelos adeptos, que se alegram ao vê-los pisar o relvado do Dragão novamente.
Numeração dos jogadores
Com a apresentação, os adeptos ficaram a conhecer a numeração dos jogadores para a próxima temporada. Otávio, David Carmo e Vasco Sousa foram os únicos a mudar face à última temporada.
Guarda-Redes: Diogo Costa (99); Cláudio Ramos (14); Samuel Portugal (94); Gonçalo Ribeiro (91); Diogo Fernandes (51).
Defesas: João Mário (23); Fábio Cardoso (2); Otávio (4); Zé Pedro (97); Wendell (18); Zaidu (12); Iván Marcano (5); Martim Fernandes (52); David Carmo (26); Gabriel Brás (73); Martim Cunha (84).
Médios: Nico Gonzalez (16); Grujic (8); Eustáquio (6); Iván Jaime (17); André Franco (20); Alan Varela (22); Romário Baró (28); Rodrigo Mora (86); Vasco Sousa (15).
Avançados: Pepê (11); Galeno (13); Namaso (19); Francisco Conceição (10); Gonçalo Borges (70); Fran Navarro (21); Evanilson (30); Toni Martínez (29); Gonçalo Sousa (49).
Do mesmo modo, o treinador Luís Castro, que já treinou a equipa B do FC Porto, foi também saudado. Em campo, dirigiu-se aos jogadores da equipa portista, cumprimentando-os com abraços e sorrisos. Foi também um “regresso a casa”.
Seguiu-se um vídeo em homenagem aos três, sendo Otávio o nome mais celebrado.
Banho de bola do Dragão e passividade saudita
Com o apito inicial continuou a festa no Dragão, e fizeram-se ouvir os Super Dragões. A maior claque do FC Porto, ferida pelas operações Pretoriano e Bilhete Dourado, continua a marcar presença na bancada habitual, embora em menor número, depois de a chegada de Villas-Boas ter determinado o fim do protocolo que vigorava entre clube e claque. As relações não foram, contudo, cortadas em definitivo, estando atualmente em negociação um novo protocolo entre a comissão interina da claque e a presidência do clube.
Quanto ao jogo, logo ao segundo minuto, houve um cabeceamento de Talisca, do lado do Al Nassr, que passou por cima da barra, na sequência de um canto.
Oito minutos depois, também na sequência de um canto, surge um remate perigoso de Gruijc, que apareceu sozinho ao segundo poste e rematou a rasar o poste esquerdo da equipa saudita.
Aos 18 minutos de jogo, surgiu o primeiro golo da partida. Nico González, após uma jogada bem trabalhada pelos azuis e brancos, cabeceou para o fundo das redes, após cruzamento de João Mário. Os adeptos festejaram bastante o golo do espanhol, no entanto, não tiveram de esperar muito para voltar aos festejos.
Quatro minutos depois, Iván Jaime, não perdoou e fuzilou a baliza de Nawaf, ampliando o marcador para os azuis e brancos, após um passe sublime de calcanhar de Namaso, que alguns minutos depois levou os adeptos ao desespero após uma má decisão numa situação de superioridade numérica.
Após um momento caricato na defesa dos árabes, com uma tentativa falhada de atraso de Otávio, Nico, que estava “esquecido” na pequena área, voltou a encontrar, de cabeça, o caminho para o fundo das redes. Com esta falta de comunicação notória, por parte da equipa de Luís Castro, os dragões encontravam-se a vencer por 3-0 aos 31 minutos.
Só dava FC Porto na partida e, aos 42 minutos, um pontapé de canto para os dragões, quase resultou num autogolo de Ali Lajami.
A equipa azul e branca pressionava cada vez mais e, já nos descontos, após ser chamado pelo VAR, o árbitro João Gonçalves assinalou grande penalidade devido a uma falta no limite da área sobre Iván Jaime. Assim, aos 45+5’, Gonçalo Borges assumiu a responsabilidade e ampliou para quatro golos a vantagem sobre a equipa de Luís Castro, ainda na primeira parte. Após o golo, o árbitro apitou para o intervalo.
Segunda parte calma dominada pelos portistas
Para o início da segunda parte, Luís Castro fez cinco alterações. Saída do notável Sádio Mané, que deu o lugar ao veloz Ghareeb.
O primeiro lance de perigo deu-se aos 62 minutos, após um contra-ataque do Al-Nassr. Talisca ameaçou a baliza de Cláudio Ramos, após cruzamento do Otávio, mas o guardião português fez uma defesa segura.
Dois minutos depois, Vitor Bruno realizou as primeiras substituições dos azuis e brancos. Saíram Cláudio Ramos, Marko Gruijc, Nico González, Ivan Jaime, Gonçalo Borges e Danny Namaso e, para os seus lugares, entraram Samuel Portugal, Anderson Galeno, Vasco Sousa, Rodrigo Mora, André Franco e Toni Martinez, respetivamente.
Ao minuto 68, sob um enorme assobio, o ex-benfiquista Anderson Talisca saiu para dar lugar a Mohammed Maran. A 15 minutos dos noventa, nova alteração no FC Porto, troca da dupla de centrais, Otávio e Zé Pedro saíram para a entrada de David Carmo e Fábio Cardoso.
No lance seguinte, depois de aparecer sozinho ao segundo poste, Ghareeb rematou à meia volta, obrigando a uma excelente intervenção de Samuel Portugal.
O volume ofensivo dos azuis e brancos não parava, e ao minuto 82, na sequência de um canto curto, o cruzamento de Martim Fernandes encontrou a cabeça de Vasco Sousa, que cabeceou à barra.
As últimas substituições da partida, aconteceram aos 84 minutos. Saíram João Mário, Martim Fernandes e Alan Varela e entraram Gabriel Brás, Gonçalo Sousa e Fran Navarro.
No último lance da partida, Fran Navarro não conseguiu dar ao FC Porto a mão cheia de golos, devido a um corte milagroso de um defesa saudita.
João Gonçalves apitou para o final do jogo e deu assim por terminada a pré-época 100% vitoriosa do FC Porto, com oito vitórias em oito jogos.
Vítor Bruno preocupado com cansaço dos internacionais
O técnico do FC Porto não compareceu na habitual conferência de imprensa, mas em entrevista à Sporttv, no final do jogo, falou sobre a pré-época e o próximo jogo com o Sporting, para a Supertaça.
A pré-época “foi de muito trabalho, consolidar o que vinha de trás e implementar uma ou outra ideia nova”, referiu, aludindo a um processo construído “passo a passo” até alcançar “um espírito de vício pela vitória”.
Sobre o próximo encontro, já a “doer”, Vítor Bruno mostrou-se cauteloso: “Temos de estar muito alerta, perspetivando o jogo do próximo sábado. Sabemos o perfil de jogo do Sporting e aquilo que nos pode fazer e de que forma nos pode ferir. Não quer dizer que no próximo jogo seja exatamente o que tem visto recentemente, pode não ser. Também chegam os internacionais e há nuances com as quais eu me identifico e que gosto particularmente”, acrescentou.
Internacionais como Diogo Costa, Francisco Conceição, Evanilson, Pepê e Wendell que chegam com muitos minutos jogados e pouco tempo de descanso, sobretudo no que diz respeito aos jogadores portugueses: “É uma preocupação, não só pelo timing [em que chegaram], mas, ainda mais grave, pelas métricas com que vêm da seleção. Jogadores com 40 dias de trabalho em seleção nacional e com um volume muito reduzido, mais 15 dias de ausência de trabalho, no período de transição. Agora, é quase desbravar caminhos para poderem chegar ao nível dos colegas que têm trabalhado muito bem”, concluiu.
Luís Castro: “Estou desiludido com o resultado”
Durante a conferência de imprensa, o treinador português relembrou os tempos passados na cidade Invicta e no Futebol Clube do Porto e agradeceu a receção portista. “É um prazer estar aqui. Vir a uma cidade e a um clube onde estive dez anos. É importante a forma como fomos recebidos. O FC Porto foi muito simpático para comigo e para com os jogadores que passaram cá.”
Sobre o jogo, referiu que a sua equipa esteve mal defensiva e ofensivamente na primeira parte e que o FC Porto “dominou e colocou o ritmo que quis”. Afirmou que o Al Nassr sofreu devido a erros individuais e coletivos, mas que, na segunda parte, a equipa equilibrou o jogo e foi “mais agressiva”. “O resultado é penalizador. Estou desiludido com o resultado, é sempre melhor caminhar sobre vitórias”, concluiu.
Sobre a dinâmica do meio-campo, concretamente a de o Brozovic e Otávio, e o que terá falhado na primeira fase de construção da sua equipa, Luís Castro explicou que a ideia era formar uma linha “uma linha de três, com a projeção do Sultan, o Khaibari a baixar para a posição seis e o “Brozi” a formar um triângulo com o Otávio e com o Sami”, mas sem sucesso: “Não conseguimos isso nunca e na segunda parte tivemos que retificar. Abandonámos por completo essa dinâmica”, disse.
O próximo jogo dos azuis e brancos será no próximo sábado, na disputa pela Supertaça Cândido de Oliveira contra o Sporting Clube de Portugal, às 20h15, em Aveiro.
Editado por Filipa Silva