O emblema da Segunda Liga venceu por 2-3, no Bessa. O golo extraordinário de Miro, do meio-campo, deu a vantagem final aos tondelenses.
O Boavista perdeu por 2-3, esta quinta-feira à noite (01), em casa, frente ao Tondela, no dia em que celebrou o seu 121.º aniversário. Os marcadores dos golos foram Bozeník e Miguel Reisinho, por parte do emblema axadrezado, e Roberto, A. Xavier e Miro por parte da equipa tondelense. A equipa boavisteira, que nunca esteve na frente do marcador, revelou dificuldades na construção de jogo e falta de eficácia em situações de contra-ataque.
Ser boavisteiro é “resistir às adversidades”
Em dia de celebração dos 121 anos do Boavista, as imediações do Estádio do Bessa encheram-se com centenas de boavisteiros desejosos de voltar a ver o seu clube a jogar, num encontro em que a entrada era gratuita.
As comemorações do aniversário começaram de manhã, com o tradicional hastear da bandeira na Praça da Pantera e a missa na Igreja do Foco, a uma hora antes do encontro, em honra dos sócios, dirigentes e atletas que já faleceram.
Ao JPN, António Valente, sócio de 65 anos, afirmou que este era um dia “muito importante”. É boavisteiro desde criança e “a maior prenda que podia ter, era o Boavista poder inscrever jogadores, neste início de época.” Recorde-se que o Boavista não pode inscrever jogadores vinculados a clubes estrangeiros, problema que se arrastou com a anterior direção e que a atual se encontra ainda a resolver.
Uma situação complicada que não agrada também a Gonçalo Oliveira, de 19 anos. Tendo em conta os reforços já apresentados, o jovem boavisteiro acha que a época “não vai correr assim muito bem”, mas espera que o clube consiga fazer melhor que a época passada, na qual teve de lutar até ao último minuto para evitar a despromoção.
Ainda no exterior do estádio, Eduardo Lemos, de 57 anos e sócio, deixou ainda um repto para a nova direção, em nome do bom nome do clube: “em termos de publicidade, espero que haja menos escândalos e menos notícias de dívidas e incumprimentos”, afirmou ao JPN.
Sobre a saída de Pedro Malheiro para o Trabzonspor, o sócio considera que “é normal, os jogadores procurarem outros mercados em que possam ganhar mais, pois o Boavista certamente pagará pouco” comparando com clubes da Turquia.
Ainda sobre transferências, Tomás Rocha, de 20 anos, comentou o teste à experiência do central internacional camaronês Sidoine Fogning, proveniente do SC Coimbrões: “Como sou de Coimbrões e assisto aos jogos do Coimbrões, acho que é uma boa aposta. Ele na época passada, a jogar na distrital, mostrou raça e determinação, que é o que o nosso Boavista precisa.”
Questionados sobre “o que é ser boavisteiro”, a resposta é unânime: “É uma amor inexplicável e um sentimento de resistência sobre as adversidades”, afirmaram.
Um começo de loucos
Já no interior do Bessa, o jogo não podia ter começado pior para a equipa da casa. Logo ao minuto seis, depois de um cruzamento rasteiro do lado direito, Roberto recebeu a bola de costas para a baliza, e graças à passividade da defesa axadrezada, rodou e apontou o primeiro golo da partida para o Tondela. O golo ativou o novo treinador do Boavista, Cristiano Bacci, que apareceu junto ao campo sempre a dar instruções aos seus jogadores.
O Boavista apresentava um 4-3-3 muito fluído com movimentações sistemáticas de Salvador Agra em ambos os flancos e com Bozeník, a espaços, a ir buscar a bola mais atrás para soltar o n.º 10 Miguel Reisinho pelas costas da defesa. No entanto, a falta de qualidade no meio-campo foi notória, perdendo muitas vezes a bola ainda na zona defensiva devido a passes falhados ou interceções por parte dos tondelenses.
A primeira oportunidade dos axadrezados chegou apenas perto do minuto 20, com um remate de Bozenik. O avançado acabaria mesmo por marcar, três minutos depois, após um grande lance individual de Salvador Agra pela direita do ataque, sentando um defesa tondelense. Agra cruzou atrasado para o internacional eslovaco que apareceu sozinho para encostar a bola e fazer o empate na partida.
Ao minuto 33, sozinho na área, o ponta de lança Roberto teve a opurtunidade da colocar de novo os tondelenses na frente do marcador, após um cruzamento milimétrico de Bebeto, mas foi impedido por uma dupla defesa de João Gonçalves. Apesar dos esforços, o guardião boavisteiro acabaria mesmo por sofrer o segundo golo, já em cima do intervalo.
Depois de uma jogada bem trabalhada por parte do conjunto comandado por Luís Pinto, um excelente passe a rasgar de J. Costinha isolou António Xavier que, no um para um com o guarda-redes, não vacilou e colocou a sua equipa, novamente, na frente do placar.
Um momento de magia a fechar
Após o tempo de descanso, a equipa da casa regressou ao relvado com novas cores, ao trocar o equipamento principal pelo alternativo laranja.
A primeira oportunidade da segunda parte pertenceu ao Boavista, aos 52 minutos, após o ponta de lança Bozeník aparecer na cara do golo, mas acabou por ser impedido pelo guarda-redes brasileiro Bernardo Fontes, que fez uma grande intervenção para segurar o resultado, que se mantinha no 1-2 favorável aos visitantes.
A partir desse momento, as coisas complicaram-se para o Tondela. O Boavista começou a jogar com uma pressão mais alta, criando muitas dificuldades ao adversário para sair a jogar.
Após vários minutos por cima do jogo, o Boavista viu Reisinho a ser carregado em falta dentro da grande área. O árbitro assinalou grande penalidade. O próprio Reisinho assumiu a responsabilidade e empatou a partida, correndo depois para a bola, com o intuito de ainda vencer a partida.
Porém, ao minuto 83, um golo monumental do angolano Miro voltou a colocar o Tondela a vencer. Ainda do meio-campo, o avançado apanhou o guarda-redes João Gonçalves adiantado, e com um remate em chapéu gelou por completo o Estádio do Bessa.
A fechar o encontro, o Tondela teve a oportunidade de dilatar a vantagem, depois de um cabeceamento do recém-entrado Tray Fuller, que ainda tirou tinta ao poste da baliza dos anfitriões.
Apesar da derrota, as claques do Boavista não deixaram de demonstrar apoio aos seus jogadores, que agradeceram com vénias.
Após um jogo de várias emoções, deu para perceber um pouco o que esperar da época dos axadrezados. Muitas dificuldades na construção de jogo a partir do meio-campo, com Salvador Agra, Bozenik e Reisinho a “carregarem” a equipa para a frente quase sozinhos. As dificuldades defensivas e a falta de comunicação podem levar a males maiores contra equipas com avançados possantes e rápidos.
No caso do Tondela, o sistema de Luís Pinto parece ter funcionado bem e a equipa parece ser forte candidata à subida para a primeira liga se jogar da mesma forma que jogou no Estádio do Bessa XXI.
O Boavista tem o seu primeiro jogo a contar para a Liga no dia 10 de agosto (sábado), frente ao Casa Pia AC, mas antes ainda vai defrontar o Penafiel num jogo à porta fechada.
Editado por Filipa Silva